O fim-de-semana ainda não havia terminado e o candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciava, na sua página oficial do Facebook, a chegada, a partir de amanhã, de novos “dias duros e muito difíceis”, depois dos vividos na semana finda, em todo o território nacional.
O candidato presidencial suportado pelo PODEMOS (formado por dissidentes da Frelimo), e que reivindica a vitória nas eleições de 09 de Outubro, agendou para esta segunda-feira o anúncio das medidas da terceira fase das manifestações populares, cujo início terá lugar amanhã, mas ainda sem previsão do seu término.
“Meu povo! Usem o dia de hoje [ontem], domingo, de amanhã [hoje], segunda-feira, para se organizarem, porque a partir da terça-feira [amanhã] virão dias duros e muito difíceis”, declarou Mondlane, numa curta publicação na sua rede social.
As novas medidas de protesto aos resultados eleitorais da dupla CNE/STAE (agudizadas pelo assassinato do advogado Elvino Dias e do mandatário do PODEMOS Paulo Guambe), que dão vitória à Frelimo e seu candidato, já causam expectativas, depois do terror vivido na semana finda, nas cidades de Maputo, Matola, Nampula e Nacala-Porto.
Lembre-se que as cidades de Maputo e Matola, por exemplo, estiveram paralisadas e em chamas durante a semana finda (em particular na segunda, quinta e sexta-feira), fruto das manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, em protesto contra os resultados eleitorais, assassinato de Elvino Dias e Paulo Guambe, sequestros, raptos e contra a violência policial.
Estradas bloqueadas, comércio paralisado, sons de balas, cheiro de gás lacrimogéneo, saque e pilhagem de bens e confrontos entre a Polícia e manifestantes são alguns dos momentos vividos nas manhãs, tardes e noites de segunda, quinta e sexta-feira, que resultaram em 11 mortos, mais de uma centena de feridos e mais de 450 detidos e milhares de meticais perdidos pela pobre e obsoleta economia moçambicana. Só na greve da segunda-feira, a CTA estimou em 1.4 mil milhões de Meticais, o dinheiro perdido pelos empresários.
Em geral, Venâncio Mondlane promete 25 dias de terror ao Governo de Filipe Nyusi, em homenagem a Elvino Dias e Paulo Guambe, crivados com 25 balas. Até ao momento, o país esteve literalmente parado três dias, com as “sequelas” a se fazerem sentir durante os sete dias da semana.
Em comunicações virtuais feitas na quinta-feira e sábado passados, Venâncio António Bila Mondlane disse estar aberto ao diálogo com o partido no poder (Frelimo), virtual vencedor das eleições de 09 de Outubro, mas defendeu haver linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, com destaque para a verdade eleitoral.
Mondlane disse que, tal como ele, Daniel Chapo e a Frelimo devem apresentar as actas das mesas de votação, que indicam a vitória expressiva do antigo Governador de Inhambane. Defende que o voto não se negoceia. Exigiu ainda funerais condignos e indemnização aos manifestantes mortos pela Polícia nos três dias manifestações.
Na sua última comunicação, feita no sábado, Mondlane prometeu envolver quatro milhões de moçambicanos na terceira fase das manifestações. Os detalhes da reivindicação serão conhecidos hoje. (Carta)