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quinta-feira, 20 junho 2024 07:21

Eleições 2024: Alfredo Magumisse denuncia exclusão e vingança na composição das listas da Renamo ao Parlamento

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Um mês depois da realização do VII Congresso, continua turvo o ambiente na Renamo, o maior partido da oposição no xadrez político moçambicano. Desta vez, está em causa a composição das listas concorrentes à Assembleia da República e às Assembleias Provinciais, nas eleições gerais (presidenciais e legislativas) e provinciais, que se realizam no dia 09 de Outubro próximo.

 

Em conferência de imprensa concedida aos jornalistas, esta quarta-feira, em Maputo, Alfredo Magumisse, deputado e ex-membro da Comissão Política da Renamo, tornou-se no novo rosto da indignação e contestação à gestão de Ossufo Momade, após a saída de Venâncio Mondlane.

 

Segundo Alfredo Magumisse, a composição das listas dos candidatos da Renamo a deputados e membros das Assembleias Provinciais foi marcada por uma dose de “exclusão e de vingança” por parte de Ossufo Momade, Presidente daquela formação política, reeleito para mais um mandato de cinco anos a 16 de Maio último.

 

“Queremos lamentar a forma como a composição das listas para diferentes órgãos do Estado foi conduzida. Houve muita exclusão e uma dose de vingança”, defendeu a fonte, sublinhando que as mesmas estão sendo aceites “em nome da democracia interna e coesão” partidária.

 

Aliás, Magumisse, um dos candidatos derrotados nas eleições à presidência do partido, em Maio, defende que a dose de exclusão, vingança, amiguismo e de nepotismo foi testemunhada durante a composição dos órgãos da “perdiz”, com destaque para o Conselho Nacional, onde aparecem, por exemplo, os nomes da esposa, filho e irmã de Ossufo Momade. Sublinhou que o VII Congresso da Renamo foi atípico e que o processo eleitoral não foi transparente e muito menos justo.

 

Refira-se que as listas submetidas à Comissão Nacional de Eleições (CNE) pela Renamo mostram a presença de altos quadros daquele partido em posições pouco confortáveis para uma batalha que se advinha renhida. Parte dos candidatos em situação “sensível” enfrentaram Ossufo Momade nas eleições presidenciais do partido.

 

Por exemplo, Elias Dhlakama, irmão do falecido líder da Renamo, Afonso Dhlakama, e opositor de Ossufo Momade nas eleições de 2019 e 2024, aparece na 15ª posição na lista da província de Sofala, num círculo eleitoral com 19 mandatos, tendo companhia do seu irmão Óscar Dhlakama, que está na última posição. Igualmente, destacam-se as situações de Alfredo Magumisse e Alberto Ferreira, que integram a lista de Manica, sendo que Magumisse é o oitavo e Ferreira ocupa o 14º lugar, numa província com 16 mandatos.

 

Lembre-se que a crise no maior partido da oposição está instalada desde Janeiro último, quando Venâncio Mondlane, ex-membro do partido, opôs-se à candidatura natural de Ossufo Momade à Presidência da República, na altura anunciada por José Manteigas sem qualquer decisão dos órgãos colegiais do partido.

 

Aliás, para além de se opor à candidatura “natural” de Ossufo Momade, Mondlane exigiu ainda a realização do Congresso do partido, uma exigência que levou o político a recorrer aos Tribunais, por entender que Ossufo Momade tomava decisões nevrálgicas fora do mandato.

 

Refira-se que, para além da vingança, nepotismo, amiguismo e exclusão verificada na composição das listas da Renamo, Alfredo Magumisse manifestou, igualmente, a preocupação dos membros da “perdiz” com o desaparecimento do seu Presidente desde a sua reeleição.

 

“A nossa expectativa era que tanto o Presidente, como a direcção, começassem o seu trabalho de campo para divulgação dos membros dos órgãos eleitos e das decisões do Congresso. Isso ajudaria o partido a fazer a sua pré-campanha. Infelizmente, há um silêncio ensurdecedor, que torna o partido amorfo, acanhado e frágil”, defendeu a fonte, sublinhando que não ser necessário movimentar milhões de meticais para visitar algumas povoações, como são os casos dos bairros suburbanos de Maputo, Beira, Chimoio e Nampula.

 

“Este silêncio preocupa para quem quer tomar o poder. Desde que foi eleito nunca voltou a fazer um «viva» em público”, atirou Magumisse, para quem o abandono massivo do partido revela a falta de diálogo na “perdiz”. “A direcção do partido deve dialogar, deve ultrapassar as questões umbilicais para questões político-partidárias. O presidente do partido deve ser capaz de construir consensos mesmo com as diferentes formas de pensar”. (Carta)

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