Ignorando o ambiente de tensão instalado no país, desde a realização das VI Eleições Autárquicas, o Governo defende que a situação política, em Moçambique, está estável e que as instituições do Estado funcionam na maior normalidade. A tese foi defendida ontem pelo Primeiro-Ministro, a partir do pódio da Assembleia da República, onde o Governo foi chamado a prestar informações sobre a situação do país.
Segundo Adriano Maleiane, a estabilidade do país é atestada pela realização, no passado dia 11 de Outubro, das VI Eleições Autárquicas, que deram vitória ao seu partido (Frelimo) em 64, dos 65 municípios do país, de acordo com os dados divulgados pela Comissão Nacional de Eleições.
“A situação política do nosso país é estável, como atesta o normal funcionamento das instituições do Estado. Consubstancia ainda este facto a realização das VI Eleições Autárquicas, no dia 11 de Outubro, num ambiente tranquilo e ordeiro, o que demonstra o interesse dos moçambicanos em continuar a aprofundar e a consolidar o processo democrático e a descentralização”, afirma.
A tese do Primeiro-Ministro chega cinco dias depois de as cidades de Maputo, Quelimane, Gurué, Nampula e Nacala-Porto terem registado tumultos, em resultado dos protestos aos resultados eleitorais que, na contagem paralela, dão vitória à Renamo em pelo menos quatro municípios: Chiúre, Quelimane, Maputo e Matola. Os confrontos registados na sexta-feira entre a Polícia e os manifestantes resultaram em dois óbitos, mais de uma dezena de feridos e mais de uma centena de detidos.
Aliás, devido ao ambiente de tensão instalado no país após as eleições, os dois principais partidos da oposição (Renamo e Movimento Democrático de Moçambique) voltaram a boicotar a Sessão Plenária da Assembleia da República, depois de terem faltado à Sessão de abertura da VIII Sessão Ordinária do Parlamento, na sua IX Legislatura. O Chefe de Estado também voltou a ser visto em público esta quarta-feira, depois de mais de duas semanas de “acantonamento”.
Para além do funcionamento das instituições e da realização das eleições autárquicas, o Primeiro-Ministro defende que a estabilidade do país é atestada também pela conclusão do processo de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração dos homens residuais da Renamo (DDR) e com o regresso gradual das populações e a retoma das actividades económicas e sociais nas regiões anteriormente afectadas pelos ataques terroristas, na província de Cabo Delgado.
“A prevalência deste ambiente de estabilidade abre boas perspectivas para que, nos próximos tempos, haja decisão definitiva da retoma dos grandes projectos [de gás natural] que estavam a ser implementados naquela região [da província de Cabo Delgado], o que irá dinamizar cada vez mais a actividade económica do nosso país”, enfatizou Adriano Maleiane. (A. Maolela)