O Banco de Moçambique enalteceu esta quarta-feira (01) a importância e os ganhos para o país decorrentes do acordo extrajudicial alcançado entre o Governo de Moçambique e os credores no âmbito do “dossier” das dívidas não declaradas. De entre vários ganhos, o Governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, apontou o reforço da estabilidade do sector bancário nacional.
“A anulação das dívidas contribui para melhorar a sustentabilidade dos indicadores macroeconómicos, com realce para o perfil da dívida comercial que, consequentemente, exercerá uma menor pressão sobre as Reservas Internacionais, para além de abrir espaço para a restauração da confiança dos investidores estrangeiros em relação ao país e o reforço da estabilidade do sector bancário nacional”, disse Zandamela, durante a abertura do 48º Conselho Coordenador da instituição, a decorrer na cidade de Inhambane.
Falando do balanço das actividades levadas a cabo pelo Banco de Moçambique durante os últimos 10 meses, Zandamela reportou que a actividade económica manteve a tendência de recuperação iniciada em 2021, após o choque da Covid-19, tendo o Produto Interno Bruto (PIB) real registado uma expansão anual de 4,4 por cento no primeiro semestre do presente ano, maioritariamente, explicado pelo crescimento da indústria extractiva.
Quanto à subida generalizada de preços, disse que a inflação anual tem vindo a desacelerar desde o início do presente ano, tendo-se fixado em 4,6 por cento em Setembro último, após ter atingido o pico de 12,9 por cento em Agosto de 2022.
O Governador do Banco Central reportou ainda que o sector bancário nacional continua sólido e bem capitalizado, tendo o rácio de solvabilidade fixado em 24,0 por cento em Setembro do corrente ano, correspondente a 12,0 pontos percentuais acima do mínimo regulamentar.
Contudo, Zandamela revelou que o rácio de crédito em incumprimento continua em níveis relativamente elevados, tendo-se situado em 9,1 por cento em Setembro de 2023, após 9,3 por cento em igual período do ano passado.
“O desempenho macroeconómico e financeiro que acabei de descrever é encorajador e enaltece a resiliência da economia aos choques adversos e aos acentuados riscos, incertezas e vulnerabilidades que incidem sobre a economia global e doméstica”, afirmou Zandamela.
Perspectivas para 2024
Em relação à actividade económica, o Banco Central espera que o padrão actual, dominado pela indústria extractiva, em particular a execução dos projectos do Gás Natural Liquefeito na bacia do Rovuma, continue a ser o maior impulsionador do crescimento do PIB.
A instituição espera ainda que seja criado o Fundo Soberano que, para além de ajudar a suavizar a despesa pública, servirá para estabilizar os preços e acumular poupanças com vista a responder a choques futuros. Para o Governador do Banco Central, o Fundo Soberano é um mecanismo importante para acelerar a diversificação da economia, estimulando o crescimento de alguns sectores tradicionais.
Relativamente à posição externa, o Banco de Moçambique perspectiva que o saldo das Reservas Internacionais Líquidas do país se mantenha em níveis confortáveis, para a cobertura das nossas necessidades de importação, e a taxa de câmbio do Metical em relação às moedas dos principais parceiros permaneça estável.
“Por seu turno, apesar dos elevados riscos e incertezas que mencionei ao longo da minha intervenção, permanecem as perspectivas de uma inflação de um dígito no curto e médio prazos, reflectindo, em grande medida, o impacto das medidas que vêm sendo tomadas pelo Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique”, afirmou Zandamela.
Para além de discutir sobre assuntos internos da instituição, o 48º Conselho Coordenador irá discutir sobre os “Desafios e Oportunidades para a Maximização do Potencial Turístico de Moçambique: O caso da Província de Inhambane”. (Evaristo Chilingue)