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quarta-feira, 19 abril 2023 06:45

Beatriz Buchili apresenta hoje seu penúltimo Informe Anual

biatriz buchili parlamento mza min

Tal como está previsto na agenda da Sétima Sessão Ordinária da Assembleia da República, nesta sua IX Legislatura, a Procuradora-Geral da República (PGR), Beatriz da Consolação Mateus Buchili, vai hoje ao Parlamento apresentar mais um Informe Anual das suas actividades, o penúltimo do seu reinado, que termina em Julho de 2024.



A Informação a ser prestada hoje e amanhã, a partir do pódio da Assembleia da República, é referente ao ano de 2022 e deverá, segundo o comunicado da PGR, versar sobre questões de controlo da legalidade, criminalidade e de prevenção e combate à criminalidade organizada e transnacional e corrupção. Também deverá versar sobre a recuperação de activos, desempenho processual, bem como matérias atinentes à cooperação jurídica e judiciária internacional.



O ano de 2022 foi, mais uma vez, caracterizado por diversos casos criminais, com destaque para o crime dos raptos, que voltou a fazer vítimas, sendo que algumas acabaram perdendo a vida nas mãos dos raptores, como é o caso do empresário Hayyum Ali Mamade, encontrado morto a 27 de Dezembro de 2022, depois de ter ficado 13 dias em cativeiro.



No Informe apresentado em 2022, Beatriz Buchili denunciou o envolvimento não só de agentes do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e da Polícia da República de Moçambique (PRM) na indústria de raptos, mas também de advogados e magistrados (judiciais e do Ministério Público).



No entanto, desde o surgimento do crime de raptos em Moçambique, a PGR nunca conseguiu apresentar à sociedade os autores morais dos raptos, pelo que continua sendo expectativa dos moçambicanos a apresentação desta informação.



Igualmente, constitui expectativa dos moçambicanos saber quanto a PGR já conseguiu recuperar do mundo crime, sobretudo os bens materiais e monetários domiciliados no estrangeiro, com destaque para os do caso das “dívidas ocultas”, cuja sentença foi lida em Novembro de 2022.



Até Abril de 2022, refira-se, o Gabinete Central de Recuperação de Activos (GCRA), que iniciou as funções em 2020, tinha recuperado apenas 1.349.503.317,07 Meticais do mundo do crime, fruto da apreensão de viaturas, imóveis, dinheiro e diversos bens adquiridos ilicitamente.



O combate à corrupção, que continua a flagelar as contas públicas, constitui outro tema de fundo, sobretudo depois das revelações feitas pelo Tribunal Administrativo em torno da má gestão dos fundos da Covid-19 e da existência de “dívidas ocultas” nos Conselhos Municipais de Pemba (Cabo Delgado) e Nacala-Porto (Nampula). Em 2021, por exemplo, a corrupção lesou o país em mais de 300 milhões de Meticais.



No entanto, dados avançados à “Carta” indicam que Beatriz Buchili poderá prestar informações sobre o estágio da investigação de empresas registadas em nome de cidadãos nacionais suspeitos de financiar o terrorismo em Cabo Delgado, que terão realizado transferências bancárias para indivíduos residentes nos distritos de Mocímboa da Praia, Palma, Nangade, Muidumbe, Macomia e Quissanga.



Igualmente, vai debruçar-se sobre a criação de empresas de fachada, registadas em nome de cidadãos moçambicanos, cujo investimento é feito por estrangeiros, com finalidade de repatriar divisas, numa clara situação de branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo.



Refira-se que, diferentemente do Informe do Chefe de Estado sobre a Situação Geral da Nação que não é alvo de debate pelos deputados, o Informe da Procuradora-Geral da República é debatido, pelo que Beatriz Buchili poderá ser solicitada a esclarecer algumas questões. (Carta)

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