O ataque ocorreu na noite de sábado (15) na aldeia de Miangalewa, posto administrativo de Chitunda, no distrito nortenho de Muidumbe, em Cabo Delgado. Além de mortos, também foram queimadas duas viaturas.
Das vítimas mortais, incluem-se dois membros das Forças Locais que lideraram o processo de retorno da população das outras aldeias de Muidumbe para Miangalewa e dois civis.
Este é o primeiro ataque mortal no mês de Abril, mas trata-se do terceiro em menos de uma semana no distrito de Muidumbe, sendo que outros dois ocorreram nas aldeias Litapata e Mandava na quinta-feira e sexta-feira passadas.
Sobreviventes do ataque a Miangalewa detalharam à "Carta" que mais de dez homens armados entraram na aldeia numa tentativa para assaltar a posição das forças moçambicanas, localizada próximo do centro de saúde local e acabaram sendo repelidos.
Ao recuar confrontaram-se com as forças locais, que se dirigiam àquela zona depois de acompanhar um forte tiroteio e foi nesta incursão que os dois homens da força local foram atingidos mortalmente.
As famílias tiveram que recorrer às matas para se esconder durante a noite e ao amanhecer algumas decidiram caminhar até à aldeia Chitunda.
Estima-se que mais de 1000 pessoas que tinham sido acolhidas nas sedes distritais de Macomia e Muidumbe regressaram a Miangalewa, conhecida pelo seu potencial agrícola. "Carta” soube que o regresso da população se deveu não só à fraca resposta das autoridades e organizações humanitárias em termos de alimentação, mas também a uma suposta garantia de instalação de uma força do Ruanda, considerada mais proactiva na resposta a ataques terroristas.
A aldeia Miangalewa está localizada ao longo da Estrada Nacional N380, que liga as localidades Sunate em Ancuabe a Oasse em Mocímboa da Praia, onde nos últimos meses foi introduzida uma escolta militar comandada por membros das FADM e da Unidade de Intervenção Rápida-UIR com pouca intervenção das forças estrangeiras e da Força Local.
As autoridades na província de Cabo Delgado ainda não se pronunciaram sobre o ataque a Miangalewa, mas o Secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, na sua recente digressão pelos distritos severamente afectados pelos ataques terroristas, considerou a situação como sendo melhor, comparativamente aos anos anteriores, devido à restauração dos serviços públicos.
Na semana passada, o governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, falando numa das aldeias do distrito de Metuge, apontou que, por questões de segurança, as pessoas devem informar às autoridades, antes de abandonar os locais de acolhimento para as suas zonas de origem.
No seu discurso, o governador reiterou que não é obrigatório o regresso às zonas de origem, podendo os deslocados viver onde quisessem ao nível da província, desenvolvendo as várias actividades para seu sustento. (Carta)