As Forças Armadas do Ruanda estenderam a ação para a zona sul da província de Cabo Delgado, alargando o apoio a Moçambique no combate ao terrorismo além da área dos projetos de gás, segundo informação divulgada pelas tropas.
Os projetos de gás, suspensos devido a ataques, estão no distrito de Palma, na ponta nordeste da província, mas as forças ruandesas “têm em curso uma operação lançada desde 21 de dezembro” no distrito de Ancuabe, a sul, anunciaram em comunicado.
“O ministro da Defesa de Moçambique, major-general Cristóvão Chume, juntamente com o vice-comandante das forças armadas moçambicanas, tenente-general Bertolino Capetine, visitaram as forças do Ruanda no distrito de Ancuabe”, lê-se no documento publicado no domingo.
Os dirigentes moçambicanos receberam informação sobre o ponto de situação pelo brigadeiro-general Frank Mutembe, comandante do grupo de combate designado.
“Receberam um ‘briefing’ sobre as operações em curso” e o ministro moçambicano “mostrou apreço pelo trabalho que tem sido feito no terreno até agora”, conclui o comunicado ruandês.
O distrito acolhe minas de grafite, recurso valorizado nos últimos anos devido à procura para fabrico de baterias dos novos automóveis elétricos.
No entanto, houve minas que suspenderam a atividade durante algum tempo em meados de 2022, devido a ataques de insurgentes que se presume estejam em debandada do nordeste da província, onde viram as bases clandestinas destruídas.
Os mesmos grupos dispersos são suspeitos de protagonizar os mais recentes ataques contra civis noutros distritos das proximidades.
A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.(Lusa)