O Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) efectuou, na manhã desta quinta-feira, uma operação de busca e apreensão na Trans Nangy, uma sociedade da família Nangy (integra Esmael Nangy e filhos), localizada no bairro Mumemo, no distrito de Marracuene, província de Maputo.
A operação, refira-se, está inserida nas investigações em curso sobre o alegado envolvimento de Esmael Nangy no crime de raptos, que tem abalado o país desde 2011. Nangy, recorde-se, está detido na África do Sul desde o passado dia 8 de Janeiro, em cumprimento de um mandado de captura internacional, emitido em Julho do ano passado, pelas autoridades moçambicanas devido ao seu suposto envolvimento neste tipo de crime.
No entanto, ao que “Carta” apurou, a operação desta quinta-feira ocorreu de forma secreta e ilegal, visto que foi realizada sem a presença dos proprietários da empresa e muito menos do seu representante legal, o advogado Lourenço Malia.
Ao nosso jornal, Lourenço Malia disse ter tomado conhecimento da operação através dos funcionários da Trans Nangy, que se encontravam no local no momento das buscas. O advogado da família Nangy explica que o mandado de busca e apreensão executado esta quinta-feira foi exarado no dia 10 de Agosto de 2022 (visando a residência de Nangy e suas propriedades), um documento que devia ter sido executado até ao dia 13 daquele mês, encontrando-se, deste modo, fora do prazo.
Aliás, sublinha que, através do mesmo documento, que ordena a apreensão de armas de fogo, telemóveis, computadores, documentos e quaisquer bens ou instrumentos relacionados com o crime de raptos, o SERNIC deslocou-se à casa de Esmael Nangy há três meses para realizar as referidas buscas. Isto é, também fora do prazo.
Após tomar conhecimento da ocorrência, Lourenço Malia deslocou-se ao Posto Policial do bairro Mumemo para se inteirar das condições em que a operação foi realizada, porém, foi informado que os agentes daquela unidade policial não foram envolvidos nas buscas, que apenas foram acompanhadas pela Comandante Distrital da PRM (Polícia da República de Moçambique) em Marracuene. “Carta” apurou ainda que o SERNIC, a nível da província de Maputo, também não foi informado da operação.
Na sua deslocação ao bairro Mumemo, o advogado da família Nangy foi impedido de aceder às instalações da Trans Nangy, que se encontravam “trancadas” e vigiadas por um agente da Polícia de Protecção para evitar a entrada de “terceiros”.
Na Trans Nangy, o SERNIC apreendeu cinco camiões basculantes, duas chaves de carros, livrete e dois atrelados. Também apreendeu telemóveis dos funcionários que estavam em serviço. Pelo que “Carta” apurou, um dos agentes do SERNIC destacados para a operação levou uma máquina do portão automático, novinha em folha, que não foi registada no termo de apreensão.
Lembre-se que, na próxima segunda-feira, Esmael Nangy será presente ao Tribunal de Thembisa, na vizinha África do Sul, para a discussão do seu processo de extradição para Moçambique, cuja decisão está dependente do envio de provas do seu envolvimento na milionária indústria dos raptos por parte das autoridades moçambicanas. (Carta)