O governo do Ruanda destacou recentemente tropas adicionais para a província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, onde as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas e ruandesas lutam contra terroristas desde Julho de 2021, disse o Presidente Paul Kagame.

A pedido do governo moçambicano, Kigali destacou inicialmente 1000 soldados da Força de Defesa do Ruanda (RDF) e da Polícia Nacional do Ruanda (RNP) para Moçambique em 9 de Julho de 2021, para combater grupos terroristas que operam desde 2017 em Cabo Delgado. As tropas aumentaram para quase 2.000 até ao fim do ano de 2021.

Falando esta quarta-feira (30 em Kigali, na cerimónia de tomada de posse de novos ministros, Kagame disse que as tropas ruandesas em Cabo Delgado chegaram a ultrapassar 2.500 e que outro contingente chegou a Moçambique no início desta semana. Referiu ainda que a operação inicial foi um sucesso e agora Ruanda e Moçambique concordaram em perseguir os terroristas para onde eles se mudaram desde o início da ofensiva.

Antes do início das operações conjuntas entre Ruanda e Moçambique, Cabo Delgado, uma região costeira com reservas de gás natural, foi alvo de ataques terroristas, que mataram mais de 4.000 civis e desalojaram dezenas de milhares.

“Aumentámos as tropas porque desde a nossa chegada a Moçambique muitos problemas foram resolvidos, em colaboração com os moçambicanos. Nas áreas em que operamos, o problema foi completamente resolvido. Mas porque os terroristas fugiram para outras áreas de Cabo Delgado, não conseguimos chegar a todas as regiões”, disse Paul Kagame.

A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) também destacou tropas para Cabo Delgado.

Kagame acrescentou: “aparentemente, os terroristas fugiram para outras áreas, fora da nossa zona operacional. Acordámos com o governo moçambicano em perseguir os terroristas onde eles estão agora. É isso que vamos fazer.”

Ruanda paga a conta

O Presidente Kagame disse que todas as operações das tropas ruandesas em Cabo Delgado são integralmente financiadas pelo orçamento do Ruanda.

“Para deixar claro, estamos a aumentar as tropas desde a nossa chegada. Não há um único país ou organização que nos tenha dado uma única moeda para usar nessas operações. É o dinheiro do nosso país que usamos”, afirmou Kagame.

“Com os poucos recursos que temos, dividimos com os outros. Algumas pessoas disseram que nos vão apoiar e nós estamos à espera. Se eles nos ajudarem, nós agradeceremos. Deveria ter acontecido ontem, mas nunca é tarde para ajudar. Eu queria esclarecer isso porque algumas pessoas acham que alguém pode nos ter enviado dinheiro secretamente. Contribuímos com os poucos meios que temos e sacrificamos a vida dos nossos filhos e dos moçambicanos”, disse o Presidente Kagame. (Carta)