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quinta-feira, 15 setembro 2022 06:11

Nyusi pressiona TotalEnergies e parceiros a regressarem a Palma

Pode ter sido o último sprint de Filipe Nyusi, na tentativa de convencer as concessionárias da Área 1 da bacia do Rovuma, encabeçadas pela gigante francesa TotalEnergies, a retomarem o projecto de construção da fábrica de liquefacção do gás natural, abandonado em Março de 2021, na sequência dos ataques terroristas à vila de Palma, que dista a pouco mais de 25 Km da área onde decorrem as actividades.

Esta quarta-feira, o Chefe de Estado voltou a defender haver condições de segurança para a TotalEnergies e parceiros retomarem as suas actividades na Península de Afungi, no distrito de Palma, depois de a petroquímica francesa ter retirado todo o seu pessoal e declarado “Força Maior”, após os ataques terroristas ocorridos a 24 de Março de 2021.

 

Falando na abertura da sétima edição da Cimeira de Gás e Energia de Moçambique, evento que junta diversos intervenientes da indústria do oil&gas, Filipe Nyusi assegurou, novamente, que o distrito de Palma está mais seguro que no período anterior aos ataques terroristas. Tais garantias já tinham sido dadas em meados de Agosto último, durante uma visita de trabalho à província de Cabo Delgado.

 

“O sucesso no combate aos terroristas, no eixo Mocímboa da Praia-Palma, que contempla as vias rodoviárias e o acesso ao porto, confere uma situação de estabilidade mais elevada que os ataques anteriores à vila de Palma. Antes do ataque à vila de Palma, havia ainda actos de terrorismo na zona de Mocímboa, Macomia, Quissanga, mas a actividade nunca parou. Parou, exactamente, quando se atacou a vila de Palma, o que significa que a realidade que se vive agora pode ser melhor ou igual àquela que se vivia antes da interrupção”, atirou Nyusi, que se mostra inconformado com o silêncio das concessionárias.

 

Segundo o Presidente da República, as Forças de Defesa e Segurança (FDS), com apoio das tropas ruandesas e da SAMIM, expulsaram os terroristas dos distritos de Mocímboa da Praia, Quissanga e Nangade, sendo que, agora, o grupo encontra-se “em fuga permanente, com actuações esporádicas em zonas do interior e mais para o sul da província de Cabo Delgado”.

 

“Assim, tendo por base os níveis de segurança e linhas de defesa no perímetro que se estende de Palma a Mocímboa da Praia, consideramos pertinente que sejam ponderadas as possibilidades de retoma do desenvolvimento dos trabalhos de construção em terra para as primeiras unidades de liquefacção da Área 1 e para as infra-estruturas partilhadas com a Área 4, nomeadamente, o cais de recebimento de material pesado e o cais de exportação do gás natural liquefeito”, defendeu.

 

Para ilustrar que a segurança está garantida em Palma, o Chefe de Estado voltou a dizer que a população continua a regressar em massa àquela vila, sendo que, até semana finda, mais de 10 mil pessoas já tinham regressado às suas casas. Já em Mocímboa da Praia, pelo menos 20% da população já tinha retornado àquela vila municipal.

 

“Em paralelo, ocorrem programas de desenvolvimento específicos sob alçada da Agência do Desenvolvimento Integrado do Norte (ADIN). As FDS continuam empenhadas na manutenção da tranquilidade e protecção dos cidadãos e investimentos”, sublinhou.

 

O regresso da população às suas casas e a retoma dos serviços públicos nas vilas afectadas pelos ataques terroristas, sublinhe-se, foram algumas das condições colocadas pelo CEO da TotalEnergies em Janeiro último, durante a assinatura de um acordo para formação de 2.500 jovens de Cabo Delgado, com vista à criação de oportunidades de trabalho decorrentes dos investimentos em curso.

 

Patrick Pouyanné disse, na altura, que na sua próxima visita a Moçambique quer ir a Palma, Mocímboa da Praia e Mueda ver se a vida está de volta ao normal, com serviços do Estado a funcionar e a população a residir.

 

ExxonMobil e parceiros devem tomar sua Decisão Final de Investimento

 

Para além da retoma dos projectos da Área 1, Filipe Nyusi espera que os parceiros do projecto onshore (em terra) da Área 4, liderados pela petroquímica norte-americana ExxonMobil, tomem a sua Decisão Final de Investimento.

 

Tal ultimato deriva das expectativas que o Governo moçambicano tem de aproveitar a actual crise energética mundial – causada pela guerra entre a Rússia e Ucrânia e que levou os países ocidentais a sancionarem o gás e petróleo russos – e tornar-se um dos maiores produtores e exportadores do gás natural no mundo.

 

“A nossa oferta deverá ir para além dos volumes produzidos pela Mozambique FLNG [liderado pela italiana ENI e que começa as exportações este ano] e os que já tinham sido projectados aquando da Decisão Final de Investimento da Área 1, em Junho de 2019. Neste contexto, é nossa expectativa que, primeiro, sejam retomadas as actividades de desenvolvimento pelos concessionários da Área 1 e, segundo, tão depressa os concessionários da Área 4, para os empreendimentos em terra, procedam à revisão do Plano de Desenvolvimento e que alcancem as decisões finais de investimento, tendo em atenção o modelo adoptado na venda do gás natural liquefeito, que preconiza a adopção de afiliadas como o comprador, cujo grau de absorção é 100% da capacidade e um prazo adequado para o respectivo financiamento”.

 

Refira-se que a vila de Mocímboa da Praia está sob controlo das tropas moçambicanas e ruandesas desde Agosto de 2021, depois de os terroristas terem habitado nela durante 12 meses. (A. Maolela)

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