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segunda-feira, 05 setembro 2022 06:42

Tribalismo na Frelimo: “Os macuas são falsos” – acusa Eduardo Nihia

Trinta dias depois de Alberto Chipande ter denunciado a existência de tribalismo nas instituições do Estado, agora é a vez de Eduardo da Silva Nihia, membro sénior do partido Frelimo, acusar o povo macua, da província de Nampula, de ser falso.

A acusação foi feita na passada sexta-feira durante a XI Conferência Distrital da Frelimo em Nampula, que visava a eleição dos delegados distritais do partido ao XII Congresso, a ter lugar entre os dias 23 e 28 de Setembro de 2022, na cidade da Matola. Nihia é chefe da brigada provincial da Frelimo de assistência ao distrito de Nampula.

 

Em causa está o facto de cinco, dos sete municípios da província mais populosa do país, estarem na gestão da Renamo, facto que, para Nihia, revela falsidade por parte do povo macua. Na província de Nampula, lembre-se, a Renamo gere os municípios de Angoche, Malema, Ilha de Moçambique, Nacala-Porto e cidade de Nampula, enquanto a Frelimo governa os municípios de Ribáuè e Monapo.

 

“Os de Cabo Delgado perguntam a mim, Nihia, o que se passa em Nampula? Não tenho resposta. Quando vou a Niassa, Nihia, o que se passa em Nampula? Quando vou a Tete ou Manica, o que se passa em Nampula? Todas as províncias estão indignadas com a província de Nampula”, começou por dizer o antigo combatente, antes de disparar contra pessoas da sua etnia.

 

“Porque é que Inhambane não fica com a Renamo? Perguntam, vocês próprios sabem. Porque é que Manica, Chimoio, não fica com a Renamo? Porque é que Tete não fica com a Renamo? Porque é que Pemba não fica com a Renamo? A resposta, quero vos dar: os macuas são falsos. A resposta é esta: os macuas são falsos. Os macuas não têm direcção. Não tenho como, não posso esconder isso. Quando eu digo que tenho vergonha, é porque sou do grupo macua”, afirmou o deputado mais velho da Assembleia da República (80 anos de idade).

 

As declarações foram reproduzidas pela Rádio e Televisão Encontro, no seu serviço noticioso de sexta-feira. A referida estação de rádio e televisão pertence à Igreja Católica e está sedeada na cidade de Nampula.

 

Sem detalhar em que reside a falsidade do povo macua, Nihia virou os canos também para os membros da Frelimo. “Eu já vi aqui as forças vivas da OMM [Organização da Mulher Moçambicana], OJM [Organização da Juventude Moçambicana], ACLIN [Associação de Antigos Combatentes de Luta de Libertação Nacional] e eu perguntava-me, quando perdemos as eleições, perdemos a cidade, essa força estava aonde? Essa força que eu assisti aqui, quando perdemos a cidade, estava aonde? A resposta não tenho, a resposta é vossa”.

 

Para o veterano da luta de libertação nacional, a Frelimo deve assumir a responsabilidade de “resgatar” a cidade de Nampula, que está nas mãos da oposição desde 2013. “Devemos assumir a responsabilidade de resgatarmos a cidade de Nampula. Toda a nossa força, a partir desta conferência, temos de sair aqui com uma missão clara, resgatar a cidade de Nampula”, afirmou.

 

Refira-se que o tribalismo continua sendo um tabu no partido Frelimo, apesar de ser uma realidade. Aliás, na luta pela sucessão de Filipe Nyusi na liderança do partido, os mais ousados defendem que o novo Presidente do partido deve ser oriundo da zona centro do país, facto que revela a existência de guerras étnicas dentro daquela formação política. (Carta)

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