Moçambique comemorou, no passado sábado, 25 de Junho de 2022, 47 anos da independência nacional, uma conquista alcançada em 1975, no mítico e velhinho Estádio da Machava. Contudo, o Chefe de Estado, Filipe Jacinto Nyusi, entende que esta conquista só fará sentido se a paz prevalecer em todo o território nacional, facto que não se verifica neste momento, devido aos ataques terroristas na província de Cabo Delgado.
Falando à nação por ocasião da efeméride, momento depois de depositar uma coroa de flores na Praça da Independência, Nyusi afirmou que as acções terroristas, que se verificam em Cabo Delgado desde Outubro de 2017, constituem uma ameaça real à soberania e à independência nacional, pelo que “a consolidação da nossa independência é um processo inacabado e contínuo”.
Segundo o Presidente da República, os ataques terroristas comprometem o desempenho social e económico não só da província de Cabo Delgado, mas também do país, pois, “implicam a redefinição de prioridades nos programas estruturais de desenvolvimento de toda a nação”.
“Com muita preocupação, vivemos nos últimos dias um movimento de terroristas que, fugindo o cerco das nossas Forças de Defesa e Segurança e dos parceiros, protagonizam ataques em zonas a sul de Macomia e Ancuabe, praticando actos horrorosos e saqueando bens da população. Os terroristas procuram provocar mais pavor e terror nas populações e, através da mediatização, lançar a mensagem de que estão reorganizados e revigorados”, defende Nyusi, sublinhando que nenhum ponto da província de Cabo Delgado está sob domínio dos terroristas.
Entretanto, o Chefe de Estado reconheceu que o grupo tem estado a intensificar as suas acções de recrutamento nas províncias vizinhas de Cabo Delgado, nomeadamente Nampula e Niassa. “Reiteramos o apelo à vigilância popular para desarticularmos a rede de informadores e logísticos dos terroristas e, deste modo, estaremos a apoiar os nossos compatriotas que estão nas fileiras das Forças de Defesa e Segurança”, disse.
No seu discurso de quase 20 minutos, o Presidente da República voltou a abordar a eleição de Moçambique a Membro Não Permanente do Conselho de Segurança da ONU. Afirmou que a posição que o país passa a ocupar faz com que tenha responsabilidades acrescidas na gestão de conflitos a nível local, regional e internacional.
Por isso garante que “Moçambique não será mais um membro”. “Procurará apoiar a cooperação reforçada entre as Nações Unidas e organizações regionais e sub-regionais, como a SADC [Comunidade de Desenvolvimento da África Austral] e União Africana”, defendeu, assegurando que o país vai aliar o diálogo à sua experiência como Estado pós-conflito, prestando especial atenção na luta contra o terrorismo.
Refira-se que os ataques terroristas já causaram perto de 900 mil deslocados e mais de 3.000 mortos. Nos últimos dias, o grupo tem feito incursões nos distritos próximos à cidade de Pemba, causando pânico e receio de prováveis ataques à terceira maior baía do mundo. (Carta)