O Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, nomeou ontem a nova direcção do Serviço de Informações e Segurança do Estado (SISE), a secreta moçambicana. Para o cargo de Director-Geral foi indicado Bernardo Lidimba, em substituição de Júlio dos Santos Jane, e o cargo de Director-Geral Adjunto foi confiado à Joia Haquirene, o primeiro declarante do julgamento do caso das “dívidas ocultas”.
A nomeação de Haquirene é vista como uma “premiação” aos préstimos daquele agente secreto durante o julgamento do caso das “dívidas ocultas”, na tenda da B.O., casa emprestada à Sexta Secção Criminal do Tribunal Judicial da Cidade de Maputo.
Haquirene foi o fundador da GIPS, a principal empresa (veículo operativo) do SISE e um dos accionistas das três empresas caloteiras, tendo desempenhado as funções de Administrador até ao ano de 2012. O novo adjunto da secreta tinha uma quota de 30%, mas ao Tribunal disse que a participação pertencia ao SISE, pelo que, não ganhou um sequer um centavo pelas acções.
Ao Tribunal, Haquirene disse ainda que não tinha funções específicas na empresa, porém, assinou três lotes de chefes para o pagamento de diversos serviços, na ausência de um dos colegas, tendo feito cópias do segundo e terceiro lote para questões de garantia. Um dos cheques era de 10 milhões de Meticais e foi autorizado por Gregório Leão, então Director da secreta.
“Recebi os cheques e a primeira coisa que fiz foi ligar ao director-geral por uma questão de cautela…assinei os cheques, admito que o primeiro lote não tirei cópias, mas teve um segundo lote e eu vi que já estava a ser frequente, mas, porque o último cheque tinha um valor elevado de 10 milhões, liguei ao director-geral e respondeu que eu podia assinar, mas, dessa vez, tirei cópias a todos os cheques… um era para a PROÍNDICUS e outro para EMATUM”, revelou.
Garantiu ao Tribunal que, enquanto Administrador da GIPS não tomou conhecimento de que a sua empresa seria accionista das empresas PROÍNDICUS, MAM e EMATUM, porém, “alguns nomes até ouvi e só agora é que estou ter noções das coisas”.
Referir que até à data da sua nomeação, Bernardo Lidimba exercia o cargo de Alto-comissário da República de Moçambique no Quénia. (Carta)