Agentes da Unidade de Protecção de Altas Individualidades (UPAI), um ramo da Polícia da República de Moçambique (PRM), denunciam actos de corrupção nas nomeações dos cargos de comando e chefia, protagonizados pelo Comandante daquela unidade, João Nhanombe, pela Chefe dos Recursos Humanos, Elina Mambo, e pelo Chefe da Logística e Finanças, António Chavane.
De acordo com uma carta dirigida à Ministra do Interior e ao Comandante-Geral da PRM, a que o nosso Jornal teve acesso, os membros desta unidade pedem a quem de direito, ao nível do Ministério do Interior e do Comando Geral da PRM, a anulação das nomeações resultantes da corrupção e responsabilização criminal dos autores por abuso de confiança.
“Este desastre ocorre numa altura em que o Comandante-Geral da PRM apelou aos comandantes provinciais para nomearem membros com qualificações superiores, mas nesta corporação não é o que se verifica. Neste ramo, os agentes com formação superior estão a guarnecer ou estão na sentinela e os que não têm qualificações são os que têm o privilégio de ser nomeados”, lê-se no documento.
“Por exemplo, em Julho do ano passado, o Comandante da UPAI enviou para ESAPOL 50 membros para a formação de Comandantes de Pelotões. Destes, 47 eram licenciados, entretanto, terminado o curso, foram abandonados à própria sorte em detrimento de alguns colegas de outras unidades e outros ramos que foram nomeados para os cargos de chefia”.
O documento relata ainda que, para garantir uma nomeação na UPAI, o membro desta corporação deve fazer parte de pequenos grupos dos chefes e pagar algumas quantias em dinheiro. Como consequência, os que deviam ascender aos cargos de chefia foram reorientados para as áreas não prioritárias e aqueles que não tiveram essa sorte acabaram sendo destituídos dos cargos de chefia.
No documento, os denunciantes apresentam uma lista de nove agentes da UPAI, que formaram uma associação para delinquir naquela unidade policial, todos com ligações com o Comandante da UPAI e com os chefes dos Recursos Humanos e da Logística e Finanças.
“Carta” contactou o Ministério do Interior, através do Assessor de Imprensa, Teófilo Nhampossa, e o Comando-Geral da PRM, através do seu porta-voz, Orlando Mudumane, mas todos afirmaram que o documento não deu entrada naquelas instituições. (Marta Afonso)