A avaria momentânea na tarde de ontem, na Beira, da segunda aeronave da Ethiopian Airlines Mozambique (EMA) começa a levantar dúvidas sobre o grau da sua preparação para iniciar operações em Moçambique. A avaria de ontem foi confirmada à “Carta” por Redi Yusuf, o CEO da EMA. Ele disse que a aeronave, um Bombardier Q 400, ficou paralisada por cerca de 3 horas na placa do Aeroporto Internacional da Beira. “Queríamos assegurar que está tudo bem em termos de segurança”, disse Redi. Ele estava visivelmente transtornado e não quis detalhar as causas da avaria, mas acrescentou que se tratava de algo semelhante ao que aconteceu em Tete: a danificação de uma válvula do sistema hidráulico.
Ontem, na Beira, os passageiros da EMA estavam agastados. Não esperavam que a subsidiária de uma gigante africana da aviação, a Ethiopian Airlines, entrasse em Moçambique com o pé esquerdo. Muitos utentes haviam respirado de alívio. Mas agora começam a torcer o nariz. A avaria da Beira foi resolvida em poucas horas. Não teve a mesma dimensão que aquela que se verificou na segunda aeronave da EMA em Tete, também um Bombardier. Em Tete, a reparação da aeronave foi conseguida no fim do dia seguinte, na quarta-feira da semana passada. Porquê? Porque a peça relevante, um switch electrónico, componente do sistema hidráulico, teve de ser trazida da Etiópia. Chegou a Maputo num voo ET e foi levada à Tete pela Solenta, que opera a FastJet.
A avaria de Tete foi, para alguns especialistas do sector, reveladora do nível de “improvisação” da EMA nas suas operações em Moçambique, não por causa da avaria em si mas pelo tipo de resposta que a companhia deu. De acordo com testemunhos colhidos pela “Carta”, os passageiros estiveram durante horas à fio no aeroporto de Chingodzi à espera de serem acomodados num hotel; a EMA não tinha um autocarro para transportá-los nem sequer acordos prévios com hotéis da cidade para acomodarem seus passageiros em casos similares; para o hotel de recurso, encontrado à última hora, os passageiros viajaram num autocarro da LAM; no aeroporto de Chingodzi, quando a avaria se deu viram-se o comandante e a tripulação a carregarem malas.
Estes factos confirmam aquilo que “Carta” apurou de fontes fidedignas. Que a EMA começou a operar em Moçambique sem uma estrutura condizente com os requisitos exigidos pelos MozCars, o conjunto de regras para licenciamento de operador de linha área de acordo com a legislação nacional, inspirada nas normas da ICAO. A EMA, disse uma fonte, ainda não tem em Moçambique diretores para Manutenção, Operações, Segurança e Qualidade. O improviso que se verificou em Tete decorre dessas lacunas.
Na semana passada, a avaria de Tete causou um profundo mal-estar nos círculos mais restritos do Ministério da Defesa Nacional. No voo, que seguiria depois para Nampula, estavam 7 altas patentes do Comando do Exército, que viajavam para a capital nortenha de Moçambique. Os generais iam participar nos preparativos da cerimónia de encerramento do Décimo Curso de Oficiais na Academia Samora Machel, que seria presidida pelo PR. Os generais acabaram sendo transportados num Antonov das Forças Armadas. Os passageiros que pernoitaram em Tete fizeram-no porque a EMA terá recusado uma oferta da LAM de transportá-los no mesmo dia para Maputo.
A colaboração entre as duas empresas é tida como não sendo das melhores. A EMA parece estar a rejeitar colaborar com a LAM naquelas áreas onde ela tem alternativas, como no “handling” fora de Maputo, nomeadamente em Tete e em Quelimane, onde trabalha com a Moz Jet. "O handling" em Maputo é feito pela MHS (uma parceria entre a LAM, os Aeroportos e a Rogers Aviation). Para resolver a avaria de Tete, a EMA teve de mandar vir um óleo com a classificação de “dangerous good”, o qual poderia ter sido adquirido localmente. “Carta” espera uma entrevista com o CEO da EMA prometida para os próximos dias.
Uma das questões colocadas por escrito é por que é que a EMA não tem um hangar próprio em Maputo, para usar nas suas operações de manutenção. Uma fonte disse-nos que a EMA tenciona usar os hangares da LAM mas as duas ainda não chegaram a acordo porque, alegadamente, a LAM está a exigir prova de que os aviões estão segurados em nome da EMA. O nível de improviso da EMA está a levantar suspeitas sobre a sua estratégia: deixar cair a FastJet e ficar preparada para agarrar o enorme mercado que aí vem depois de Final Investment Decision dos projetos do gás do Rovuma. E também a aparente noção de que eles vieram para cá prestar um favor a Moçambique. (M.M.)
Um corte no fornecimento de energia elétrica a estação de tratamento de água do Umbeluzi agravou a restrição no abastecimento deste líquido nas Cidades de Maputo, Matola e Vila de Boane, durante o fim-de-semana. O porta-voz da Empresa Águas da Região de Maputo, Afonso Mahumane, disse à “Carta” que o corte ocorreu por volta das 13 horas de sexta-feira tendo sido restabelecido à meio da noite do mesmo dia. “Ficamos praticamente meio-dia sem energia.
Foram precisas mais quase 12 horas para a reposição gradual do sistema de produção de água”, afirmou Mahumana. Os efeitos da situação ainda se vão fazer sentir, mas o sistema já foi reposto. Durante o corte, 87 mil metros cúbicos não foram produzidos, afetando os cerca de 250 mil clientes da empresa. A restrição registada afetou o quotidiano dos cidadãos que tiveram que procurar alternativas em busca do precioso líquido.
A nossa fonte disse que a empresa não tem ainda um horizonte sobre quando, em definitivo, as restrições no fornecimento de água serão ultrapassadas. Afonso Mahumane recorda que o fornecimento de água às populações das Cidades de Maputo, Matola e Vila de Boane vem observando restrições desde o ano passado devido à escassez de chuva, o que diminuiu drasticamente o o caudal do Rio Umbeluzi.(Carta)
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(11 de Dezembro, às 18:30 min no Centro Cultural Brasil-Moçambique)
Venha passar o dia no orfanato Calor Fraterno, onde iremos juntos montar Hortas Solidárias. Ajude-nos a recolher garrafas plásticas e latas de alumínio para a montagem das hortas orgânicas. Para fazer parte deste evento inscreva-se na Moz Mbilo. A horta orgânica consiste no cultivo de hortaliças, temperos e ervas medicinais sem o uso de agrotóxicos e de maneira ecologicamente correta. Ou seja, é uma maneira de plantar e cuidar das hortaliças com técnicas que não poluem a terra e a água, não contaminam as plantas, nem os plantadores e consumidores. São usados adubos orgânicos e não há uso de produtos químicos. Podemos dizer que é uma maneira de cultivar imitando a natureza, mas com o uso de tecnologias modernas. A horta além de ser uma fonte alimentar é um importante local de relaxamento que proporciona contato com a terra e a natureza e o prazer de produzir algo, sem falar da economia que podemos conseguir quando cultivamos nossos próprios alimentos, ao invés de comprá-los, com possibilidades de vendê-los, ajudando na renda da família.
(11 de Dezembro, em Maputo)
A UCCLA (União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa) vai encerrar a exposição “Frente. Verso. Inverso - Arte Contemporânea dos Países de Língua Portuguesa nas Coleções em Portugal”. Com curadoria de Adelaide Ginga (MNAC - Museu Nacional de Arte Contemporânea), a mostra reúne 60 obras pertencentes a 54 artistas plásticos contemporâneos dos países da nossa língua comum (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor) em coleções existentes em Portugal. A exposição poderá, ainda, ser visitada de 2.ª a 6.ª feira.
(11 de Dezembro, às 18:30 min em Portugal)
A promoção de emprego não é um desafio reservado exclusivamente ao Governo. A dinâmica socioeconómica, influenciada pelas políticas governamentais, abrem espaço para que o sector privado e parceiros de cooperação proporcionem mais empregos, trazendo renda e o acesso ao trabalho rentável, que é a face mais visível da distribuição da riqueza no País.
A inflação, em Moçambique, em Novembro, foi de apenas 0,27%, segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), compilados a partir dos índices de preços ao consumidor das três maiores cidades (Maputo, Nampula e Beira). A inflação de Janeiro até o final de Novembro foi de 3,14%. De 1 de Dezembro de 2017 a 30 de Novembro de 2018 foi de 4,27%. Houve alguns aumentos de preços em Novembro, nomeadamente tomate (8,5%), coco (7,3%), arroz (1,4%), peixe fresco (1,9%) e camisas e blusas femininas (6,2%).
Compensando estes aumentos, contudo, houve quedas nos preços do óleo de cozinha (queda de 1,9%), ovos (3,9%), farinha de mandioca (8,6%), camarões frescos (9,9%) e peixe seco ( 0,5 %). Olhando para as tendências desde Janeiro, o INE conclui que as áreas com os maiores aumentos de preços foram os transportes urbanos de passageiros, combustíveis (gasolina e gasóleo), carvão, refeições em restaurantes e carros em segunda mão. A decomposição da inflação por cidade mostra que, em Novembro, Nampula teve a maior inflação (0,62 por cento), seguida pela Beira (0,52 por cento). A inflação em Maputo foi insignificante, em 0,01 por cento. (AIM)
O Instituto de Cereais de Moçambique (ICM) e a Gapi assinaram, ontem, um acordo que cria a Linha de Crédito especial de apoio à Comercialização Agrícola. Este evento contou com a presença do Ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, membros do Conselho Consultivo do MIC e dos Conselhos de Direcção do ICM e da Gapi. Trata-se de uma linha de crédito que irá priorizar o financiamento das campanhas de comercialização agrícola, bem como algumas actividades de agroprocessamento, com prioridade para as regiões já identificadas como estratégicas pelo ICM. Após a consolidação desta fase inicial, prevê-se a possibilidade de se promoverem investimentos com vista à ampliação e modernização da capacidade de armazenamento dos bens comercializados e contribuir para uma maior e melhor utilização de infra-estruturas de armazenagem e processamento.
O empreendimento de areias pesadas da empresa moçambicana Ding Sheng Minerais, SA no Chibuto, província de Gaza, está a produzir resultados considerados positivos, que correspondem ao projecto inicialmente elaborado pelos seus accionistas, o Grupo AFFEC (China), com 85 por cento do capital, e a EMEM – Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, SA, com os restantes 15 por cento. O Conselho de Administração da EMEM – Empresa Moçambicana de Exploração Mineira, SA visitou na quinta-feira, dia 6 de Dezembro de 2018, este empreendimento de areias pesadas de Chibuto. As sessões de trabalho realizadas tiveram como principal objectivo aproximar as partes interessadas para um melhor conhecimento mútuo no desenvolvimento deste empreendimento e para a criação de uma estratégia de actuação coordenada e integrada nas estruturas sociais e públicas do distrito do Chibuto. Liderada pelo Presidente do Conselho de Administração da EMEM, SA, Dr. Celestino Pedro Sitoe, a delegação desta empresa moçambicana era composta pelo Administrador Executivo para o Pelouro de Administração e Finanças, Daniel Frazão Chale, e pelo Administrador Executivo para o Pelouro Técnico-Operacional, Eduardo Alexandre, fazendo dela parte uma equipa de técnicos jurídicos e de comunicação.
Cerca de 120 milhões de raparigas em todo o mundo - mais de uma em cada dez - sofreram violência sexual ao longo da sua vida, segundo dados da UNICEF. Em Moçambique, quatro de cada dez mulheres já foi vítima de violência sexual desde os 15 anos; seis em cada 20 revelou já ter sido violada. A nível mundial, uma de cada 14 já sofreu algum tipo de agressão sexual - abusos com e sem penetração, por exemplo - por parte de alguém que não é seu parceiro, como aponta um estudo da OMS, o maior informe global feito até agora. Uma maré abrumadora de cifras que, apesar de tudo, segundo os experts, não oferece a radiografia real do que se considera uma epidemia silenciosa.
No contexto moçambicano, a violação sexual é a sexta maior causa de admissão nos serviços de urgência de ginecologia. A mulher, como sempre, é uma vítima: primeiro da nossa discriminação; segundo da sua condição e; terceiro da desconfiança generalizada que recai sobre o designado sexo fraco. Portanto, sempre que se dá um caso de violação sexual ou de acusação a mulher é que tem de provar e nunca o agressor.
Após o anúncio da reabertura da investigação do caso Kathryn Mayorga meio mundo desdobrou-se a julgar a senhora com um contentor de nomes espúrios, colocando em causa o seu bom nome e fazendo, por tabela, troça dum episódio que devia ser tratado sem a mínima leviandade. Ignoram, esses defensores de agressões daquele jaez, que os abusos sexuais são uma epidemia silenciosa e com um alto custo social. As vítimas, essas, calam por culpa, pelo estigma e pelo medo. Um depoimento aterrador, que ouvi enquanto jornalista foi com uma mulher aos prantos, contando uma violação sexual. Deixei, no artigo que nunca terminei, assim o registo:
A primeira vez que ele irrompeu pelo seu quarto estava a dormir. Fazia frio e estava completamente coberta. Passam 21 anos, mas Ana (nome fictício) volta a essa noite e outras muitas. Pode ver a cor dos sapatos, recordar-se que ele estava vestido. Com o passar dos anos essa recordação, difusa ao princípio, é cada vez mais clara. Ela tinha sete anos e se sentia muito feliz. Hoje tem 28 é uma jovem dedicada ao próximo. Custou-lhe muito falar dos abusos sexuais que sofreu por parte de um familiar muito próximo ainda criança. Abusos esses que duraram até aos 17 anos quando ela decidiu falar pela primeira vez. “Nunca contei por causa da minha mãe”, revela com uma tranquilidade que assusta.
Outro depoimento é de Luísa que conta que aos 15 anos foi violada por oito homens. “As pessoas próximas e a minha comunidade julgaram-me como culpada e não como a vítima de um crime. Isolaram-me. Consideravam-me uma prostituta”. Como no caso de Ana e Luísa, mas de 80% dos abusadores são conhecidos: familiares, amigos e inclusive o próprio parceiro. Esse é um dos factores que contribui para perpetuar o silêncio. O papel atribuído ao homem é igualmente responsável pelo número de casos. O que se diz, em defesa de Ronaldo, é que se ela não queria não devia ter aceite o convite para visitar o apartamento do jovem. Um enorme equívoco esse que julga que aceitar um copo por cortesia significa abertura total ao desejo do homem provedor. É a mesma lógica que se usávamos, no contexto da nossa juventude, quando uma mulher irrompia pelo nosso quarto.
O caso de Ronaldo não é diferente. No primeiro momento o português afirmou que se tratavam de notícias falsas que visavam gerar promoção graças à dimensão do seu nome. “Querem fama através do meu nome (…) nego firmemente as acusações contra mim. A violação é um crime abominável que contra tudo que creio. Por muito claro que possa ser para limpar o meu nome, recuso-me a alimentar o espectáculo mediático criado por pessoas que procuram promover-se a si mesmas às minhas expensas.
É bom que Cristiano diga estar tranquilo, mas tal só é bom até descobrirmos o acordo firmado por ele em 2009, no qual reconhece o acto e paga pelo silêncio. Não se trata, como se pode pensar, duma campanha contra Cristiano, mas do exemplo que se deve dar ao contentor de homens que ultrapassa a barreira da decência e respeito pelo corpo feminino, ao exército de animais que julga que o poderia económico dá direito ao exercício de abusos sem penalização. Curiosamente, quem mais defende Cristiano depois da publicação do acordo que revela a culpa do português é mulher. É gente que foi gerado no ventre duma mulher; são homens que têm filhas e que não querem que um acto daquela dimensão lhes bata a porta.
O facto de o caso ter se dado em 2009 não é atenuante suficiente para desculpabilizar o astro português e nem o facto de ter pago pelo silêncio reúne suficiente força. Cristiano deve servir de exemplo. A única coisa que me parece negativa em tudo isso é que ainda assim subsiste um exército de acéfalos que continuar a violar coberto pelo anonimato. Por um mundo livre de violações sexuais Ronaldo deve ser julgado com toda justiça possível. Responsabilização aos violadores sexuais e se Ronaldo for, como os dados indicam, um deles está na hora de manifestarmos o nosso total repúdio e toda falta de respeito que lhe podemos lhe podemos votar.