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quinta-feira, 18 novembro 2021 08:36

A promoção do pó, erva e do fumo às quintas-feiras

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Nos últimos anos, em Moçambique aumentaram os grupos do narcotráfico, daí que todos os dias são apreendidas quantidades elevadas de drogas diversas e detidos os respectivos traficantes, embora maior parte seja apenas Pombos-correios e não os mandantes. 

 

Em quase todas as províncias do país, o tráfico de drogas ocorre de vento e pompa. A situação demonstra estarmos a caminhar para uma situação descontrolada. Vídeos de adolescentes, alunas uniformizadas “viralizam” nas redes sociais. Todos os dias filhos e pais são internados por perturbações ligadas ao consumo abusivo de substâncias psicotrópicas. Socialmente, alguns mentecaptos vêem a coisa como normal, mas não é! Se queres perceber, circule por Mafalala, Zona Militar (Cidade de Maputo), Namicopo, Muhavire-Expansão (Cidade de Nampula), Paquitequete, Natite (Pemba), são apenas alguns exemplos dos vários. 

 

Hoje, facilmente, as pessoas se tornam milionárias num zás! Entretanto, quando se vai mais a fundo na origem da riqueza percebe-se que tudo foi adquirido na base de caminhos sinuosos, maior parte deles ligados ao mundo do crime organizado. Foi o que ficou patente no dia 10 de Novembro do presente ano, na capital do Norte, Cidade de Nampula, quando as autoridades anunciaram a maior apreensão de drogas e a detenção de um dos "big dealers in town", muita coisa veio à tona.

 

Afinal, o homem não é qualquer. Movimentava as substâncias químicas em corredores devidamente protegidos, como aeroportos e transportes aéreos que levavam a mercadoria como se de roupa, peixe ou mesmo ovos de um canto para o outro se tratasse, para a Cidade do “cota” Vahanle. O pior é que como o negócio tinha parceiros policiais estratégicos, o homem chegava a fazer promoção dos estupefacientes todas as quintas-feiras, com trabalhadores espalhados um pouco pela cidade vendendo e distribuindo as bolas e os bolinhos de chocolate.

 

Em Nampula, os consumidores e os pequenos traficantes rezavam para que todos dias da semana fossem quinta-feira. Dia em que compravam a muamba (drogas), a um preço de rebuçado. A praga já estava espalhada, o homem já vivia sem medo, de tal sorte que, na hora da detenção, foi enganado com uma chamada em sinal aberto, como se de um negócio normal se tratasse. As más línguas contam que a árvore plantada pelo tipo que produz pó e fumo já tem raízes robustas, sementes e encontram-se a germinar em outras partes da província e do país, onde os turistas gostam de estar e ficar.

 

A par das outras regiões do país, em que a praga se espalhou, onde a swazi gold é vendida em qualquer esquina, a capital do Norte tornou-se, actualmente, Skid Row, Downtown, Los Angeles, nos Estados Unidos da América (EUA), onde há anos as ruas estavam infestadas de consumidores de crack e cocaína, outros andando pelas ruas e avenidas rotos e rasgados, com caras de zumbi em plena madrugada. 

 

Sobre o Escobar de Nampula, dentro do circuito das más línguas, há quem diga que, na cadeia, o homem será substituído por uma mula, que assumirá o papel principal da telenovela que está a ser montada, uma vez que, na vida real, o homem representa vários chefes devidamente posicionados e que não aceitaram que o homem coloque a boca no trombone e o negócio milionário vá à falência.

 

Precisamos de repensar neste novo inimigo que invadiu a nossa sociedade e começou a colonizar a mesma com recurso a substâncias químicas e o fumo mágico. Temos de encontrar um caminho diferente e que melhore a nossa vida. A droga não pode capturar e subverter a juventude, o motor do desenvolvimento e da transformação de qualquer pátria. É importante que tenhamos pessoas a promoverem o acesso aos livros, comida nutritiva, ao emprego e o que temos de belo e bom em tudo que é canto, e não drogas pesadas que aos poucos tornam a nossa Pérola do Índico num Narco-Estado e falhado!!!

Sir Motors

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