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quinta-feira, 17 junho 2021 18:25

Comiche, Cecil Rhodes ligou-me!

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Foi esta manhã. A chamada, com toque do além, foi breve e a propósito do “FUTRAN”, a nova aposta das acácias para resolver – desta vez pelo ar – o crónico problema de mobilidade urbana na Região do Grande Maputo, em particular no Município de Maputo. O Cecil Rhodes (1853 – 1902), temido colonizador britânico com vasta participação na edificação do sistema ferroviário da África Austral, denunciando, na sua voz, uma certa e arrogante autoridade na matéria, disse: “Olha, diga ao seu edil (Eneas Comiche) que a solução da mobilidade, na então Lourenço Marques e ligações afins (incluindo com a sua amada África do Sul), está, desde os finais do século IXX, à vista de todos e bem firme na terra”. Mal eu acabara de ouvir as últimas palavras, o sinal do além retorna e a chamada cai, mas, felizmente, a mensagem fica: a solução da mobilidade na Região do Grande Maputo passa pela capitalização do sistema ferroviário instalado faz perto de uma centena e meia de anos. Aliás, o projecto “metrobus”, operacional há pouco mais de dois anos, é disso um indicador inquestionável. 
 
Pois. Também, quanto o leitor, não tenho dúvidas de que o modo de transporte ferroviário é a chave para a melhoria da mobilidade urbana na Região do Grande Maputo e não só. As razões são óbvias, sendo duas delas, (1) a infra-estrutura instalada, e (2) o meio de transporte é de massa. Por outro lado, e disto tenho sérias dúvidas, uma perguntinha: porquê a ferrovia não é a aposta para a solução do caos no transporte urbano em Maputo? 
 
Enquanto aguardo quem responda, estou num café, sito na outrora Av. Filipe Samuel Magaia, hoje Felipe (sim com “e”) Samuel Magaia, segundo as novas placas de endereçamento da capital. É grave! Encontro-me na companhia de um amigo e contei-o a inusitada chamada. A reacção (igualmente inusitada): “A prioridade já não são os acessos ao centro da cidade (assunto do “FUTRAN”), mas sim a de evitar que os munícipes e os visitantes não se percam pela cidade”. É justo, mas espero, para terminar, que eu , ou o mesmo o estimado leitor, não tenha que receber uma  chamada matinal, do além ou não, e desta a chamar a nossa atenção para o necessário cuidado com a História nos projectos que se adoptam, sobretudo os de âmbito e interesse público.    
 
PS: A propósito das novas placas de endereçamento da cidade: justifica-se quatro postes por esquina? Não será este um novo obstáculo (físico) na mobilidade urbana em Maputo?

Sir Motors

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