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segunda-feira, 31 maio 2021 10:27

Dívidas ocultas: As galinhas do mastermind e os coleman's de dinheiro

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Era uma vez…num país situado no sudeste de África, banhado pelo oceano Índico, vizinho da Tanzânia, África do Sul, Malawi, Zâmbia e Zimbabué, chamado Moçambique.

 

Certa vez, neste país, um grupo de homens, vestidos de fato e gravata, e com poderes ilimitados de manusear as finanças públicas e fazer negócios em nome do Estado, decidiram contrair um empréstimo bilionário em nome de todos pobres, abastados e ricos do país.

 

A mola era tanta. Tanta que os banqueiros locais ficavam atônitos. Os computadores avariaram de tantos números registados diariamente. A massa era tanta, algo tinha que ser feito para descongestionar a massa que era avultada. Inspirado! O grande chefão. O "mastermind" decide contratar uma empreitada para construir umas mansões. Na procura por bons serviços, encontraram um jovem empreiteiro que até àquela data era um homem que prestava um trabalho de qualidade, mas tinha poucos ganhos.

 

A obra arrancou com um orçamento devidamente organizado e definido. O tempo correu, e a obra terminou. Chegou a hora do pagamento! Contactado o "chefão", eis que diz que não há problema, aguarde! Dias passaram…num dia inesperado, o empreiteiro, no seu sofá, assistindo televisão com a família e um "whisky barato" na mão, e repentinamente entra uma mensagem no telemóvel – pela concentração e o espírito pensativo do jovem empreiteiro, eis que o homem repara o telemóvel e vê que a mensagem era do banco, e o homem não acreditou – os zeros eram demasiados!

 

O homem ficou paraplégico – what? É isso mesmo, este todo dinheiro…meu Deus, como é muito! – Dizia o homem. Questionou-se, isto tudo é meu? Não, não…não pode ser, tenho que perguntar ao "boss" se não terá falhado na transacção – admirado! Decidiu entrar em contacto. Foi o que ele fez em seguida, ligou para o "chefão" - 'Boss, estou a ver uns valores aqui na conta, mas não era isso que tínhamos combinados' – eis que o chefe respondeu - 'calma, meu homem! Pegue seu carro e venha aqui em casa conversarmos, e assim foi'.

 

Chegando em casa do chefão, a orientação foi que compra-se mais de 50 coleman's (caixas térmicas) e anda-se com elas no carro, assim fez o homem!

 

No banco, os gestores da conta não dormiam durante aqueles dias – era tanta pressão e trabalho porque tinham que atender aquele expediente – afinal, "o dono das galinhas" não era qualquer – tinha "poderes ilimitados no governo moçambicano e no partido Frelimo".

 

As "galinhas" já depenadas e tratadas saíam diariamente em coleman's do banco para a casa do chefe – como se de um frigorífico trata-se. Foram dias e noites, o jovem empreiteiro transportando coleman's de dinheiro como se fosse peixe/carne ou bebidas, mas não era dinheiro – e o jovem empreiteiro realizando maratonas olímpicas e épicas de casa ao banco e de lá para a mansão do chefe!

 

Durante aqueles dias a agência só tinha único cliente! O dinheiro era requisitado da agência central e chegava directamente para os coleman's e levado para a casa do chefe – na rua do chefe, os vizinhos só viam a viatura a chegar e a sair, em voltas constantes durante o dia e até anoitecer, durante dias – em casa o empreiteiro já não sentava – saía pela manhã regressava na calada da noite todo cansado. A família já andava preocupada. No trabalho, os colaboradores já não colocavam os pés por lá – só dava ordens ao telemóvel!

 

Dias passaram, os coleman's tinham que ser acrescentados por que os que haviam sido adquiridos eram poucos. Foram durante vários dias, transportando "os pedaços de carne de galinha congelados" que saíam do banco para a casa do chefe.

 

Finalmente, o chefe disse chega, as galinhas que restaram na capoeira (no banco) ficam para ti pelos bons préstimos! O homem não acreditava – a massa era tanta – nunca havia visto e nem imaginava que um dia teria tanto dinheiro assim…! Que a vida mudaria num "acordar e piscar dos olhos" – foi assim que aconteceu com um empreiteiro que anos depois viriam a descobrir que estava envolvido no maior golpe financeiro já registado na Pérola do Índico e por que não do continente africano – as famigeradas "dívidas ocultas…"    

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