Que o país precisa de reconciliação é um dado adquirido e também, é um dado adquirido de que existe uma gama de perspectivas sobre a reconciliação, em particular sobre o ponto de partida para o efeito. De onde partir? Eis a questão. Isto a propósito de uma intervenção recente do presidente da Renamo na qual defende a criação de uma comissão para a reconciliação nacional como instrumento crucial para uma paz efectiva.
Na fala do presidente da Renamo subentende-se que ele circunscreve a reconciliação na esfera dos 16 anos de guerra travados entre o seu partido, então movimento de guerrilha, e o então regime marxista-leninista dirigido pelo partido Frelimo. A priori, um ponto de partida para a reconciliação, e também (mais) um assunto exclusivo entre os dois protagonistas-mor da história recente na decisão sobre os destinos da governação do país: a dupla Frelimo/Governo-Renamo. Por outro lado, há quem defenda um outro ponto de partida que - embora fora dos “direitos de exclusividade” da dupla citada - é bem anterior e com várias nuances, incluindo a dos 16 anos, e que decorre, por coincidência, de outros (e genuínos) “direitos de exclusividade” na governação de Moçambique independente e ao que parece, a sina da governação na Pérola do Índico.
A meu ver, é por aqui (“direitos de exclusividade”), um outro ponto (e prévio) de partida para a reconciliação nacional: o da guerra contra os “direitos de exclusividade” na governação do país. E aqui tomo, para fechar, a proposta do presidente da Renamo como parte, e que urge, de um debate sobre a reconciliação nacional. De toda a maneira: Alea jacta est!