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quinta-feira, 10 setembro 2020 07:52

O valor da(s) ideia(s)

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Eu acredito inabalavelmente que as ideias possuem uma origem divina (com exclusão, obviamente, daquelas ideias macabras, maliciosas e imorais, cuja fonte é, indubitavelmente, diabólica ou, no mínimo, fruto da incapacidade da razão em sobrestar as maldosamente tentadoras sensações do nosso instinto selvagem).

 

Na tríplice classificação celebrizada por Sigmund Freud, o nosso intelecto é estruturado pelo inconsciente, subconsciente e consciente. A ideia pode brotar em qualquer um destes três compartimentos cerebrais.

 

Na minha mundividência, a partir do momento que ela se cria (quando induzida) ou surge (quando acidental), destina-se a cumprir um propósito. Um propósito divino pelo qual a pessoa proprietária do intelecto onde surgiu ou se criou a ideia foi chamada a executar. Isto significa que ela é singularizada; é fulanizada; é individualizada. Foi intencionalmente atribuída a determinada pessoa.

 

Nem sempre nos apercebemos da magnitude desta missão. Aliás, vezes há em que sequer imaginamos que se trata de uma missão. É por isso que as ideias, uma vez surgidas/criadas, são ignoradas, objecto de desinvestimento e evanescentemente abandonadas à sua sorte, chegando a falecer e se sepultar no intelecto de onde brotam, sem que tenham sido devidamente exploradas.

 

As pessoas não fazem ideia de que, se ela surgiu num determinado cérebro (e não noutros), é porque aquele determinado cérebro foi “escolhido” para desempenhar a missão de materializá-la, tornando-a real, palpável e de apreensão mundana, à merce, ou do próprio proprietário do cérebro pensante e/ou da comunidade onde que ele está inserido.

 

Atribui-se ao visionário Walt Disney a lapidar frase (sic) “se tu podes sonhar, tu podes fazer”, transformada em aforismo que se casa em perfeita comunhão geral de bens com a frase “primeiro o homem sonha e depois a obra nasce”, sendo ambas as frases demonstrativas do carácter poderoso que as ideias possuem.

 

A ideia não surge por acaso. Ela não pertence à ocasionalidade, mas sim à causalidade. É como se ela tivesse escolhido a pessoa detentora do cérebro onde ela se vai alojar, para que aquela pessoa lhe dê vida. A ideia suplica: “por favor, transforma-me em algo real”, todavia, aquele sujeito muitas vezes está longe de possuir a perspicácia necessária para intuir o que se passa no seu próprio cérebro, não fazendo, por isso, a mais diminuta “ideia” da bênção que se acometera sobre ele com a escolha e visita realizada pela “ideia”.

 

Isso torna-o ingrato (ainda que inconscientemente) pois aquela ideia poderia escolher outro cérebro apto a satisfazer-lhe o desígnio de se metamorfosear em “projecto” que, posteriormente, transmutar-se-ia em realidade visível e geradora de múltiplas utilidades. Não só é ingrato, como também chega a ser uma clamorosa injustiça ter consigo a ideia e não a transformar em realidade. É pecaminoso asfixiar e assassinar a ideia dentro de si, proibindo-a de florescer e fazer a diferença “cá fora”.

 

As ideias não nos surgem por acaso. Se a tens, possuis o dever de investir nela. Uma vez semeada, cabe-te cultivá-la e adubá-la. Na maior parte das vezes, ela não nos surge como produto acabado; aparece como um embrião carente de alimentação para que se forme e se substancie até se tornar consistente. E esta incumbência é tua. Por isso, traduz-se numa ingratidão incomensurável promoveres um aborto sobre a ideia – matando-a mesmo antes da nascença –, pois, ela, no fundo, não é tua; apenas surgiu no teu intelecto para que cumprisses a missão de a vivificar, de tal sorte que, através de ti, o mundo se beneficiasse das vantagens que ela, uma vez concretizada, proporcionaria.

 

Tu até podes morrer; mas a tua ideia deve perdurar para além da tua morte... imortalizando-te perenemente.

Sir Motors

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