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quarta-feira, 05 fevereiro 2025 07:10

Carta ao Leitor: O dilema de Daniel Chapo

Escrito por

ChapoBandeira

 

O dilema de Daniel Chapo é a sombra de VM7 sobre a acção presidencial. Se VM7 mandava parar o país através de uma "live" expelida de lugar incerto, com todo o seu perverso subproduto dessa repugnável violência, agora que ele regressou ao país e Chapo inaugurou a Presidência parece que sua acção também está a afectar o curso normal da Governação em Moçambique.

 

Na passada sexta-feira, isso foi visível, sem batota. Chapo foi à Zambézia para lançar o ano lectivo de 2025. Venâncio escalou Tete, onde mais uma vez mostrou sua enorme popularidade. Venâncio lamentou a falta de contacto do Governo para um verdadeiro diálogo político e isso é aguardado pelos moçambicanos.

 

Quando fez o discurso da sua inauguração em Janeiro passado, Chapo rasgou o cinzento e desconexo Manifesto Eleitoral com que se fizera a campanha e introduziu medidas de cariz venancista, levando a opinião pública a considerar que, depois dessa “inclusão programática”, Chapo iria partir para uma “inclusão de lugares”, oferecendo pastas de governação a VM7 e a outros elementos da oposição. Isso não se verificou. 

 

E na sequência, o PR iniciou um “diálogo político” com os partidos políticos representados na Assembleia da República mais a Nova Democracia, de Salomão Muchanga, tendo nesta semana o grupo chegado a um “acordo” visando reformas do pacote eleitoral, deixando para trás VM7 sozinho e isolado, como se este fosse um pária que devia ser expurgado do sistema.

 

Esta perspectiva de uma Governação (acordos e quejandos) sem VM7 parece demasiado perigosa para a estabilidade do país. Não cola. VM7 é incontornável e não assumir isto é um tremendo erro.

 

Depois desse acordo entre Chapo e a oposição não parlamentar, VM7 foi ter a Bobole, um populoso centro suburbano localizado a poucos km de Maputo, por onde passa a Estrada Nacional Número 1, e a multidão que saiu para recebê-lo mostrou mais uma vez quão indesmentível era a força da sua legitimidade popular.

 

Dias depois, isso voltou a acontecer no calor infernal do Vale do Nhartanda, onde VM7 exigiu novamente a adopção das suas medidas, algumas delas inexequíveis, como aquela de 3 milhões de casas para jovens.

 

Seja como for, a legitimidade popular de VM7, repetimos, está incólume. Nesta semana, Moçambique viveu sinais pungentes de ingovernabilidade, com populares predispostos a desafiarem a ordem pública, no meio de uma rejeição ostensiva do Governo de Chapo, como se viu no bloqueio da Portagem de Maputo. E depois a sombra de VM7 sobre a figura de Chapo, que foi recebido em Quelimane por meia dúzia de funcionários públicos, numa jornada presidencial insossa.

 

Para além da sombra de VM7 ofuscando Chapo e dos sinais da ingovernabilidade patentes, Moçambique vive momentos de tensão política continuada e o risco da violência está sempre latente. Ninguém pode desmentir a presença de uma predisposição dos apoiantes de VM7 para o bloqueio da governação. E VM7 sabe que tem esse trunfo e está predisposto a ir até às últimas consequências para fazer valer seus intentos.

 

Ou seja, as possibilidades de um bloqueio da governação são muito fortes, a não ser que Chapo comece desde já a conversar com VM7. Sim, conversar. Depois veremos para onde isso descamba. Moçambique precisa desta ponte de diálogo entre o PR e o segundo candidato mais votado. Chapo deve começar a lutar internamente contra as forças que o bloqueiam na Frelimo e abraçar VM7 em prol da estabilidade e da reconstrução do país. Vamos a isso! 

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