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terça-feira, 16 agosto 2022 10:16

Como? Um novo MATAMA?

Escrito por

MoisesMabundaNova3333

  • Como? Um novo MATAMA?

 

  • Parece que sim. Tudo indica que sim!

 

Em Junho do não muito distante ano de 2016, inaugurava-se na nossa Manhiça, na província de Maputo, um empreendimento a que se apelidava de “um dos grandes matadouros industriais de África". Muitas personalidades usaram estes termos precisos - e a imprensa, não só a nacional, mas alguma internacional também reproduziu: uma grande indústria de processamento de carnes!

 

De facto, até se propunha ser! Na sua construção, foram gastos 450 milhões de meticais, qualquer coisa como sete milhões de dólares norte-americanos. Equipada com uma tecnologia de ponta adquirida na Alemanha e empregando 80 funcionários, a fábrica tinha a capacidade de processar 13 toneladas de carne bovina por dia! Isto é, de abater 60 animais por dia, com um sistema de frio para acondicionar 150 toneladas de carne!

 

Era, de facto, uma grande aposta! Mas foi uma aposta sem alicerces, sem fundações. Em dois anos de funcionamento, não foi capaz de ultrapassar os 20 por cento da sua capacidade, sendo por isso que não conseguiu honrar compromissos com a banca e… esta caiu-lhe em cima! Ainda tentou contrair outros empréstimos, que não conseguiu, e foi parar à bolsa de valores… mas lá também não honrou com os compromissos e… foi posta a andar!

 

O que é que falhou? Coisa simples: não se baseou em nenhum estudo realístico, sério, de qualidade, feito por uma instituição séria, credível e profissional. Arrisco até a dizer que não houve nenhum estudo de viabilidade ali… tudo foi na base do empirismo. Gostaria de estar errado.

 

Um estudo sério teria questionado aos mentores do MATAMO dois aspectos básicos fundamentais para quem pretende construir uma fábrica/indústria ou iniciar um negócio: (i) a disponibilidade das matérias primas e (ii) o mercado. Onde pensam ou pensaram que iriam encontrar 60 (sessenta) animais por dia? Onde? Como? Temos muitos criadores capazes de proporcionar esses animais? Estamos a falar de 1800 animais por mês, 21600 bovinos por ano… E a resposta, impiedosa, veio naturalmente! UM NÃO REDONDO.

 

Onde pensaram os mentores que iam escoar essa produção toda? 13 (treze) toneladas de carne por dia? Onde? NENHUM SÍTIO, como a resposta se revelou.

 

E onde pensam/pensaram que há estrada e condições de escoamento de animais para a fábrica? Há? Houve? Zero. Mas também, que criador é esse que levaria os seus animais para ir pagar oito mil meticais pelo abate de cada bovino?…

 

Hoje, o Matadouro da Manhiça oxida ali na berma da EN1 onde está incrustada aos olhos dos transeuntes.

 

Estranhamente, com esta experiência bem viva nos nossos olhos, fomos, hoje, erguer… um segundo MATAMA… neste caso MATETE - Matadouro de Tete! A Unidade de Abate e Processamento de Carnes, CANEFOOD!... E inauguramos com toda aquela pompa e circunstância, nosso apanágio!

 

Como não deixaria de ser, convocamos todo aquele vocabulário que nos é peculiar e que ouvimos na Manhiça: "despendidos seis (6) milhões de dólares"; “maior unidade de processamento de carnes no país e uma das mais modernas de África”; “equipado com tecnologia de ponta”; com capacidade de abater 200 (duzentos) bovinos e (500) quinhentos pequenos ruminantes, em 8 horas - ou seja, por dia”; “vai atender a cerca de cinco mil criadores de gado bovino, caprino e suíno dos distritos de Tete…” blá, blá, blá!…

 

Houve estudo de viabilidade ali? Temos onde ir buscar 200 bovinos e 500 pequenos ruminantes para abater por dia? 6000 bovinos e 15000 pequenos ruminantes por mês? Ir buscar ou os criadores trazerem a unidade - está claro isto? E temos onde ir vender? E onde mesmo?... Temos mesmo?

 

Gostaria de estar bastante equivocado. Mas, se Deus quiser, daqui a dois anos estaremos aqui para ver… se mais um elefante branco ou não.

 

Muita tristeza e pena envolver o chefe de Estado nestas… brincadeiras!

 

ME Mabunda

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