Moçambique e o mundo testemunham amanhã, 20 de Abril de 2023, o arranque do julgamento do caso de tentativa de assassinato de Momade Assif Abdul Satar, mais conhecido por Nini Satar, ocorrido em Fevereiro do ano passado, no Estabelecimento Penitenciário Especial de Máxima Segurança, vulgo B.O., local onde o alvo se encontra detido em cumprimento de uma pena de 24 anos pelo seu envolvimento no assassinato do jornalista Carlos Cardoso.
De acordo com a Televisão de Moçambique (TVM), o julgamento vai decorrer nas instalações da Cadeia da B.O., mesmo local onde decorreram os julgamentos das dívidas ocultas e do assassinato de Carlos Cardoso. O julgamento está sob comando da 1ª Secção Criminal do Tribunal Judicial da Machava, Município da Matola, província de Maputo.
No banco dos réus, diz a TVM, estarão sentados quatro arguidos, com destaque para Leão Wilson, indivíduo detido na B.O. e que fora contratado para executar o macabro plano. Também contará com a presença de Edson Muianga, agente da Polícia que integra o grupo que engendrou o plano de eliminar Nini Satar. Damião Mula e António Chicuamba completam a lista de réus, sendo que o quinto arguido continua foragido. “Carta” apurou, em Maio do ano passado, tratar-se de Lenine Macamo, agente da Polícia tido como cabecilha do plano.
Ao que “Carta” apurou, o esquema foi desenhado por três agentes da Polícia, dos quais dois afectos à PRM (Polícia da República de Moçambique) e um ao SERNIC (Serviço Nacional de Investigação Criminal). O trio terá “contratado” um recluso da B.O., de nome Leão Wilson, para “executar o trabalho”.
Nas conversas a que Carta teve acesso, percebe-se que Nini Satar só não foi abatido por causa da chuva. A “operação” devia acontecer por ocasião de um banho de sol dos reclusos, mas houve dias de chuva ininterrupta, que impediram a aparição do sol.
Nas negociações, Lenine e parceiros tentaram convencer Leão Wilson de que a “encomenda” tinha a chancela da Procuradora Geral da República, Beatriz Buchili, e do Comandante-Geral da Polícia, Bernardino Rafael, uma versão prontamente desmentida pela PGR.
O caso, sublinhe-se, acabou chegando aos ouvidos da inteligência penitenciária, depois de Wilson ter comentado com outro recluso, o que desencadeou uma investigação com vista a localizar os implicados. Lenine nunca foi detido e, até hoje, não se sabe do seu paradeiro. (Carta)
Os canais locais, internacionais, infantis, desportivos e noticiosos da plataforma GOtv estarão organizados, de hoje em diante, 19 de Abril, em blocos temáticos. A renumeração de canais irá permitir que os subscritores naveguem nos canais com facilidade, descubram novos conteúdos e desfrutem de um mundo de pura emoção que inclui suas telenovelas favoritas, séries dramáticas, filmes, documentários e muito mais.
A nova grelha de canais vai proporcionar melhor experiência de visualização e entretenimento de alto nível às famílias moçambicanas.
“Ao longo dos anos fomos adicionando mais conteúdo na plataforma GOtv e a grelha de canais cresceu, chegámos a ponto de ter blocos superlotados. Por consequência, alguns canais estavam difíceis de encontrar. Constatámos ainda que os canais específicos de idiomas em português e inglês estão misturados, tornando complicado para os nossos valiosos subscritores encontrarem o que procuram”, explicou Agnelo Laice, Director Geral da MultiChoice Moçambique.
A optimização desta numeração, em última instância, permite que os subscritores naveguem nos canais sem se deslocarem muito na plataforma, tornando a experiência de visualização mais suave em localizar os canais mais recentes na GOtv. Com a nova e melhorada forma de numeração, os subscritores podem acompanhar as mudanças e adicionar novos canais sem complicações.
O Governo dos Estados Unidos, através da sua Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID), anunciou um novo fundo para ajudar as pequenas empresas do Centro e Norte de Moçambique a ultrapassar os choques resultantes dos recentes ciclones e da pandemia de COVID-19.
Este fundo, num total de 4,5 milhões de dólares, proporcionará crédito acessível, adaptado às necessidades das pequenas empresas do sector agrícola e alimentar, dando prioridade às empresas pertencentes a mulheres e a jovens. O Gabinete de Apoio e Consultoria a Pequenas Indústrias (GAPI), um banco moçambicano de desenvolvimento público-privado, contribui com 500.000 dólares do total e concederá crédito acessível combinado com assistência técnica a micro, pequenas e médias empresas em Cabo Delgado, Nampula e Sofala. A USAID irá contribuir com os restantes 4 milhões de dólares através do programa SPEED.
Justamente, quando as pequenas empresas em Moçambique começavam a recuperar dos ciclones Idai e Kenneth, a pandemia da COVID-19 instalou-se e forçou o encerramento de muitas pequenas empresas. Com os peritos climáticos a preverem eventos climáticos extremos mais frequentes nos próximos anos, o Governo dos Estados Unidos tem estado a trabalhar com o Governo de Moçambique no sentido de apoiar os moçambicanos que enfrentam choques económicos.
Esta intervenção foi concebida para abranger 3.000 empresas locais durante os próximos dois anos, permitindo o acesso a fundos para continuar ou reiniciar o negócio após um choque inesperado. Estes fundos permitirão uma recuperação mais rápida às pequenas empresas nas províncias tais como Sofala, Zambézia e Inhambane, face aos danos causados pelo ciclone Freddy.
A Directora da Missão da USAID, Helen Pataki, disse: "A USAID está entusiasmada por celebrar uma parceria com o GAPI para estabelecer um fundo rotativo sustentável que disponibilizará financiamento acessível às empresas em futuras épocas de crise. Esta disponibilidade de crédito pode fazer a diferença para uma pequena empresa permanecer aberta após um choque e fornecer serviços aos moçambicanos ou fechar”.
O apoio às pequenas empresas locais é uma componente importante da assistência mais ampla do Governo dos Estados Unidos em Moçambique. Em estreita colaboração com o Governo da República de Moçambique, o Governo dos E.U.A. fornece mais de 700 milhões de dólares em assistência anual para melhorar o crescimento económico diversificado e inclusivo, promover a prosperidade económica, e apoiar o desenvolvimento global da nação. (Carta)
A Sociedade de Desenvlvimento do Porto de Maputo e o Governo Provincial de Maputo, assinaram hoje um acordo para a cessão de um terreno com 20 hectares no posto administrativo de Pessene, distrito de Moamba.
O acordo surge na sequência de um encontro de trabalho realizado no dia 6 de Março entre o Ministro dos Transportes e Comunicações, Dr. Mateus Magala, o Governador da Província de Maputo, Júlio Parruque, e o Director Exceutivo da MPDC, Osório Lucas, com o objectivo de dar uma resposta célere aos desafios de congestionamento de tráfego na N4.
“Esperamos, com este acto, contribuir na resposta para o problema da N4 e de outras vias de acesso, trazendo maior mobilidade de pessoas e bens e acelerar o desenvolvimento económico”, afirmou o Gorvernador da Província de Maputo. O Governador acrescentou, no entanto, que “o problema não é exclusivamente causado pelo camiões, mas sim pelo número expressivo de viaturas que circula no maior corredor de trânsito do país”, que duplicou de 250 mil para cerca de 450 mil, segundo o mesmo avançou durante a assinatura do acordo.
Nos 20 hectares agora cedidos à MPDC será construído um parque de gestão de tráfego de camiões, com serviços comerciais incluídos, e onde se irão desenvolver algumas actividades de tramitação portuária que permitirão obter mais eficiência. “Este é um casamento feliz mas é, sobretudo, uma forma diferente de olhar para a logística no nosso país”, disse Osório Lucas. “É preciso encontrar mecanismos que promovam o crescimento do Porto, mas também é preciso pensar na dinâmica e sustentabilidade das comunidades circunvizinhas e no bem-estar dos cidadãos que habitam nesta província”, continuou.
“Nós queremos e precisamos deste movimento de camiões. Como província industrial, eles são essenciais para a promoção do desenvolvimento económico e para a geração de emprego”, salientou o Governador. “Este acordo resolve o problema da sociedade, dinamiza a economia e permite o envolvimento dos players locais. Estamos muito confortáveis em assinar este acordo com a MPDC pelo seu propósito, e pela gestão exemplar que sabemos que a empresa irá dar ao projecto”, concluiu.
A primeira fase da obra terá uma duração de cerca de 3 meses (para limpeza, terraplanagem, vedação e inclusão de serviços básicos de água e energia) e terá um custo aproximado de 3 milhões de dólares norte-americanos.
“Mano Azagaia, Povo no Poder” já é uma marca legalmente registada, sendo detida pela família do músico Edson Da Luz, conhecido por Azagaia, tornando-se, desde já, proibido o seu uso sem conhecimento e autorização desta.
A informação foi avançada esta semana pela família do cantor, num comunicado de imprensa, no qual agradece a todos que, de forma directa e/ou indirecta, se dignaram a prestar o seu apoio durante as exéquias fúnebres do músico, falecido no passado dia 09 de Março, vítima de doença.
De acordo com o documento, a família do músico Azagaia tomou a iniciativa de registar, nas entidades competentes, a marca “Mano Azagaia, Povo no Poder”, pelo que “todos os assuntos relacionados com a utilização desta, sejam espectáculos, produção de materiais de visibilidade, incluindo cartazes, camisetas, bonés, panfletos e quaisquer outras formas de produção ou reprodução de bens associados devem ser autorizados pela família”.
“Apelamos a todos os promotores de eventos e actividades relacionadas e aos interessados na produção e reprodução de artigos com a marca Mano Azagaia que se aproximem à família para solicitar a respectiva autorização por escrito e com assinatura dos responsáveis legais da marca”, sublinha a família.
A marca “Mano Azagaia, Povo no Poder” tornou-se “febre nacional”, desde que o cantor perdeu a vida no passado dia 09 de Março. Centenas de artigos, como camisetas, bonés e cartazes, foram produzidos e comercializados em todo o país em homenagem ao músico que, com as suas letras, conquistou a admiração e o respeito da maioria dos moçambicanos, tendo sido declarado herói nacional pelo povo.
Refira-se que o Chefe de Estado e o partido no poder (Frelimo) nunca chegaram a endereçar mensagem de condolências à família do músico, enquanto a Polícia da República de Moçambique chegou a inviabilizar o cortejo fúnebre do cantor, lançando gás lacrimogéneo à família do artista. (Carta)
A 1 de abril, a Johnnie Walker juntou três mulheres com histórias de vida e percursos diferentes para partilharem suas vidas e falarem das existentes (con)tradições na busca pela liberdade, pela igualdade de género, o empreendedorismo e todas as dicotomias ao género inerentes. Taússy Daniel, Wacy Zacarias e Jeckcy – e acompanhadas, nas misturas musicais, pela DJ Filipa Mondlane – inspiraram mulheres de todas as idades, procurando igualmente descortinar o sentido de “lugar” desta na sociedade versus o de direito, de liberdade, da conquista e da concretização.
No Restaurante Botânica, onde o glamour condizia com a tónica do momento, liberdade e empoderamento feminino, organizado para celebrar o Mês Internacional da Mulher e o Dia da Mulher Moçambicana, a Johnnie Walker quebrou, igualmente, outras (con)tradições: “o Whisky não foi feito só para homens. Já não faz nenhum sentido isso. Hoje em dia, nós decidimos ter outro conceito desta regra. Nós, mulheres, também conseguimos confraternizar com um bom whisky”, defendeu Jeckcy.
A empreendedora, directora criativa e cantora moçambicana, abriu o brunch de networking falando de si e das dificuldades que enfrentou no mercado de trabalho, após a conclusão de licenciatura. “Muitas vezes quando se fala de empreendedorismo, muitos olham para expressão como clichê e não procuram perceber o verdadeiro propósito do empreendedorismo”, explicou Jecky para quem “para tirar toda a revolta, a mágoa que carregava comigo por não ter emprego, fui para o empreendedorismo. É lá [aqui] onde encontrei o meu propósito. Mesmo tendo começado de baixo”.
Aos 30 anos de idade, a empresária emprega actualmente 35 pessoas, das quais 90 por cento são mulheres. E as razões da preferência por outras mulheres são, pelo menos, justas: “quando falo de empreendedorismo feminino, do empoderamento, olho sempre para a minha vida. Depois que me tornei mãe, comecei a perceber muito mais as mulheres. O que consigo viver hoje, a tranquilidade, a paz de espírito e o facto de estar a trabalhar numa coisa que eu gosto, faz com que eu perceba que mais mulheres precisam de ter a mesma paz que eu tenho. Não que os homens não precisem e que sejam menos importantes. Mas, numa sociedade machista como a nossa, levantar outra mulher não tem preço”.
Esta visão, segundo disse, deve fazer parte de todas. Ou seja, em 2023, “quero que mais mulheres não tenham medo. Se 10 mulheres, de um bairro, decidem não terem medo, decidem que devem começar a empreender, com certeza que vão precisar de mais 10 ou 20 para auxiliarem na projecção desse sonho. Temos que começar a pensar em criar oportunidades entre nós mesmas”, afirmou.
Entre desafios, projecções e sucessos, Jeckcy não se esquece da equação do sucesso. Persistência, dedicação, organização, estudo – a cima de qualquer coisa – pesquisa e troca de experiências são, para ela, ferramentas que valem a pena ter na bagagem. Reiterou ainda a necessidade de as mulheres começarem a caminharem longe da vergonha. “Não é vergonhoso ser empreendedor. A gente tem vergonha., a gente não se aceita. A gente quer ser para mostrar. Portanto, não vim aqui para mostrar ser alguma coisa, mas inspirar para que caminhemos juntos”, concluiu.
Más experiências com modistas ditaram a revalidação de um sonho
Do imaginário ao real é como se define a trajectória de Taússy Daniel, estilista moçambicana. É formada em Arquitectura Urbanista, área que lhe transfere o imaginário para a realidade. Desenha desde os 13 anos, retratos, desenhos de casas e vestidos, uma simbiose há muito desconhecida. Tarde, descobriu que era apaixonada pelas duas áreas, arquitectura e moda, facto que a condicionou a ter que fazer uma escolha. Hoje, dedica-se à moda. Mas como, então, a artista materializa as linhas arquitectónicas nas suas peças?
“É a partir do conceito. Para criar é preciso que se tenha um conceito, tanto na arquitectura, como na moda. É a partir do conceito que tudo surge e se materializa. A arquitectura, por exemplo, é a arte do belo e do útil. Então, uso o mesmo raciocínio nas minhas colecções. Todas as minhas colecções têm uma história. Seja de mulheres, de sofrimento, de lutas, de guerra. Não mudei, continuo a mesma idealista. Agora, em vez de vestir prédios, visto pessoas”, explicou a artista.
Actualmente, Taússy Daniel ocupa algum lugar nas lides da moda moçambicana. Mas, segundo contou, deve-se à sua persistência e trabalho abnegados. Após decidir seguir a carreira como estilista, aos 18 anos, inscreveu-se no Mozambique Fashion Week, onde se destacou pela criatividade e ganhou o prémio de melhor “Young Designer”. “Foi o concretizar de um sonho. Tive que começar a pensar na moda de forma muito séria. Tudo aconteceu porque, por causa de más experiências com modistas – que não faziam exactamente o que eu lhes pedia para as minhas roupas – fiz um curso de corte e costura para coser pessoalmente”.
A ousadia, tida, na altura como rebeldia, fez com que Taússy investisse mais o seu tempo em técnicas de corte e costura, às vezes escondida do seu pai. No mesmo ano do prémio, isto em 2009, teve que conciliar o trabalho com os estudos, tendo várias vezes dormido muito tarde e alimentando-se mal. Em 2011, dois anos após a primeira experiência, voltou a concorrer e a ganhar o melhor do “Young Designer” Mozambique Fashion Week.
Aos 32 anos, hoje Taússy colecciona histórias e desafios da vida; viagens e prémios, dentro e fora de Moçambique. Participou de apresentações na Itália, África do Sul, EUA, Angola entre outros. Recentemente, esteve New York Fashion Week, a maior plataforma de moda do Mundo, em representação de Moçambique e da África. Para as mulheres, Taússy inspira a sonhar e a quebrar a “síndrome da pequenez” que se carateriza em muitas em fases de experimentação profissional.
A moda africana não é só a capulana
Quando se fala da moda africana e/ou moçambicana, não raras vezes, associámo-la à capulana. É o que muitos pensam, embora seja de todo desagrado para Wacy Zacarias. É designer de Moda Sustentável de formação e actualmente opera no ramo de acessórios. A sua história não difere da de Taússy: afirmou-se como estilista no Mozambique Fashion Week, primeiro em 2009 e, depois, em 2010, ano em que ganhou o prémio de melhor “Young Designer”.
Falar de Wacy é ter em mente um currículo de uma mulher cujas dificuldades o catapultam para o sucesso. É poliglota, formada, antes, em Psicologia e Desenvolvimento Humano e tem uma forma diferente de ver o mundo e avaliar as oportunidades para as mulheres. Muitos chamariam de contradições, mas ela insiste em chamar de liberdade criativa. E problematiza: “há uma tendência de se estampar a capulana à moda africana ou moçambicana. Isso me irrita profundamente, porque mostramos que não somos nada além da capulana e limita a nossa criatividade”.
Outro problema que inquieta a estilista tem de ver com a dominação da indústria (sobretudo feminina) por homens. Para ela, mesmo que admita os desafios que se colocam para as mulheres no mercado, não faz sentido que uma capulana (para mulheres) seja desenhada por homens. “O que entendem os homens sobre saltos, sobre os pensos higiénicos? Talvez seja por isso que são tão desconfortáveis”, terminou em risos Wacy para quem “o desafio para as mulheres devia ser esse: olhar para os produtos, a nível macro e estarmos dentro das indústrias nesse sentido. Eu fiquei muito zangado quando descobri que a maioria dos pensos são feitos por homens”.
Autor: Reinaldo Luís / Jornalista e Editor de Cultura