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quinta-feira, 18 agosto 2022 08:34

Baixa testagem pode estar a iludir as autoridades em relação à real situação da COVID-19 – alerta Director Regional da Family Health International (FHI360)

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A fraca testagem nos últimos dias pode estar a iludir as autoridades em relação à real situação da Covid-19 em Moçambique. O alerta foi lançado, há dias, pelo Director Regional da Family Health International, Otto Chabikuli, na qualidade de orador, numa sessão científica do Instituto Nacional de Saúde (INS).

 

Sob orientação do Director-Geral Adjunto do INS, Eduardo Samo Gudo, a sessão teve como tema “O passado, presente e futuro da resposta à Covid-19: implicações para os fazedores de políticas e outros profissionais em países de média e baixa renda”.

 

Segundo Otto ChabiKuli, até ao dia 04 do mês em curso, o cumulativo de casos positivos confirmados do novo Coronavírus a nível mundial rondava em 581 milhões, dos quais 6.4 milhões resultaram em óbitos, um número extremamente alto de mortes num período de oito meses. 

 

No caso particular de Moçambique, as estatísticas mostram que o número de casos positivos confirmados ronda apenas nos 229 mil, com 2.219 mortes confirmadas.

 

Durante a sua intervenção, ChabiKuli deixou ficar a dúvida sobre o que está por detrás daquilo que se considera “estatísticas fabulosas”, chamando atenção para a possibilidade de se tratar de um falso sucesso e desafiando os participantes a reflectirem sobre o assunto.

 

ChabiKuli revelou que a testagem de casos suspeitos de Covid-19 decresceu de forma significativa no mundo, incluindo em Moçambique, o que pode estar a dar a falsa ideia de sucesso na gestão da pandemia. 

 

“Infelizmente, a realidade actual mostra que o mundo, literalmente, parou de testar. Não sei se parou de testar pelo facto de o número de mortes e hospitalizações estar a decrescer, mas a relevância da testagem, igualmente, reduziu. Desde Janeiro de 2022, a testagem declinou entre 70 e 90 por cento. Portanto, as pessoas não estão a testar. Se não se faz o teste, as estatísticas que o país está a publicar podem ser apenas uma ponta do iceberg. Estamos a voar de olhos vendados, não sabemos o que está a acontecer nas comunidades”, realçou.

 

A referência estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como boa taxa de testagem aponta para 10 testes por cada 10 mil pessoas por semana e, desde Janeiro deste ano, apenas 27 por cento dos países é que alcançaram esta taxa. No ano passado, segundo o orador, 40 por cento dos países foram capazes de alcançar a meta estabelecida pela organização.

 

“Este é o problema silencioso a que me referia, quando questionava se as estatísticas de Moçambique são baixas por causa do baixo nível de testagem ou por conta da realidade”, afirmou.

 

Durante a sua intervenção sobre o tema em debate, Samo Gudo disse que o INS é uma instituição de base científica e, nisso, privilegia a experiência dos outros actores. Ele destacou que Otto ChabiKuli tem um profundo conhecimento em sistemas de saúde e gestão.

 

A Family Health International é uma organização sem fins lucrativos dedicada a abordar questões sociais e de saúde fundamentais para melhorar o bem-estar das pessoas. (Marta Afonso)

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