“Os beneficiários do Fundo de Emergência para a Recuperação e Expansão de Negócios (FEREN) estão a cumprir satisfatoriamente com os pagamentos dos créditos que receberam poucas semanas após os ciclones Idai e Kenneth, que em 2019 fustigaram algumas províncias das regiões Centro e Norte. A taxa de reembolso do capital está em cerca de 92%.” – lê-se no mais recente relatório de monitoria à gestão desta facilidade financeira apoiada pelo Governo da Dinamarca em parceria com a Gapi. O desempenho desta facilidade financeira concebida pela Gapi para acudir a pequenos negócios e recuperar postos de trabalho afectados por calamidades está a inspirar a criação de instrumentos para melhorar a resiliência de pequenas empresas.
“É pena que este FEREN tenha sido apenas de um milhão de dólares e, em contraste, é muito triste e revoltante que os cerca de 15 milhões de dólares doados pelo Banco Mundial ao governo para o mesmo fim tenham ficado parados num banco comercial e sem qualquer aplicação” – comentou um empresário da região centro no âmbito de um debate organizado pelo Conselho Empresarial de Sofala.
“Através dos nossos oito escritórios localizados nas áreas afectadas foram prontamente identificados nove mercados periurbanos onde operam quase 10 mil vendedores, bem como um total de cerca de 100 pequenas empresas”. – Explicou Amiro Abdula, director na Gapi, acrescentando que, “no capítulo de financiamento, criámos três linhas, uma de Expansão, outra de Recuperação e uma outra para a Juventude, com taxas de juros que não excediam os 10 por cento. Com os cerca de um milhão de dólares conseguimos servir prontamente alguns mercados periurbanos numa base de donativo e as primeiras 22 empresas num sistema de crédito bonificado.”.
O primeiro dos mercados beneficiados e parcialmente reconstruído em parceria com a Fundação Leite Couto foi o Maquinino na Beira, o que foi descrito na altura pelo então Presidente do Município como “um gesto de grande humanismo e compreensão pelo sofrimento dos afectados e sem meios próprios para recomeçarem as suas vidas”
“Reconhecemos o papel desempenhado pela Gapi, mas lamentamos a exiguidade dos fundos. Fez-se publicidade do FEREN, mas quando nos aproximámos, já não dispunham de mais dinheiro” – lamentou o representante do Conselho Empresarial de Sofala, uma agremiação que vem lamentando a exiguidade ou gestão duvidosa dos fundos prometidos às vítimas dos ciclones: “Depois ouvimos falar de fundos do Banco Mundial e outras organizações internacionais, mas, infelizmente, não beneficiámos deles nem vimos o seu impacto”.
A Direção da Gapi fez recentemente uma reflexão sobre as experiências que desenvolveu com as intervenções feitas em várias situações de emergência, começando pelas devastadoras cheias de 2000 e ao longo dos anos em vários outros ciclones, incluindo o Idai e Kenneth de 2019. “Temos lições destas experiências. Aprendemos que nestas situações é importante saber identificar os empresários e os negócios que, de facto, têm capacidade e condições para serem recuperados e, de seguida, nós próprios, termos capacidade para monitorar a recuperação dessas empresas” – esclareceu Adolfo Muholove, PCE da Gapi.
“Como instituição financeira de desenvolvimento concluímos que podemos ter mais impacto na recuperação de negócios e postos de trabalho afectados por calamidades que, indubitavelmente, vão continuar a ocorrer e, provavelmente, com mais frequência” – acrescentou o PCE da Gapi. - “Estamos por isso a tentar estruturar um instrumento especializado na gestão de fundos para apoiar a resiliência das pequenas empresas face aos crescentes riscos de calamidades naturais e outras situações de emergência”. (Carta)