Cerca de quatro mil trabalhadores da Açucareira de Xinavane, província de Maputo, encontravam-se em greve desde 31 de Janeiro último. Os funcionários reivindicavam o reajuste salarial e o pagamento de bónus referentes aos últimos dois anos. Entretanto, na última sexta-feira (11), os trabalhadores comprometeram-se a dar trégua de 10 dias a contar da data da celebração do acordo.
Além disso, os açucareiros comprometem-se a regressar aos seus postos de trabalho com efeitos imediatos. Esses compromissos vêm vertidos num acordo assinado entre a Direcção da Tongaat Hulett em Xinavane, Comité Sindical dos Trabalhadores da Açucareira (representados por Orlando Chume), o Governo (representado pelo Inspector-geral do Trabalho, Domingos Sambo) e a Administradora do Distrito da Manhiça, Cristina de Jesus.
“Carta” soube que essas entidades se reuniram, na última sexta-feira, na Açucareira de Xinavane para resolver a crise provocada pela massa laboral que consistia em boicotar o trabalho para reivindicar os referidos direitos.
Para além dos aspectos aludidos, consta do acordo que, “em virtude das negociações entre a empresa e o Comité Sindical e o Governo, acordou-se que, nos dias de paralisação das actividades por parte dos trabalhadores, a empresa compromete-se a proceder ao pagamento dos sete dos 11 dias de greve”.
Relativamente aos bónus de produção e reajustamento salarial, consta do documento que a Direcção da Tongaat Hulett de Xinavane submeterá à apreciação ao Comité Executivo do Grupo na África Sul e a respectiva resposta no prazo de sete dias, a contar da data da celebração do acordo.
“Quanto aos pontos do caderno reivindicativo, as comissões continuarão a trabalhar em conformidade com o calendário previamente estabelecido”, lê-se no documento.
Em contacto com o Jornal, o Secretário do Comité Sindical disse que estas decisões não agradaram alguma minoria, que continua a resmungar, pois, como é notório no acordo, a Tongaat Hulett em nenhum momento declara que vai reajustar o salário, bem como pagar o bónus. Além disso, a fonte afirmou que a empresa deveria pagar por todos os 11 dias de greve, em vez de sete, pois, é de lei que, em caso de manifestação e, por consequência, paralisação de trabalho, o empregador deve mesmo assim pagar pelos dias em que o trabalhador não se fez ao posto de trabalho.
Como consequência, apontou a fonte, notou-se, no sábado último, falta de alguns trabalhadores nos postos de trabalho. “Entretanto, como pode perceber era fim-de-semana, então iremos tirar as devidas conclusões nesta segunda-feira. Mas é na terça-feira que saberemos que decisão a Direcção do Grupo, na África do Sul, tomou”, afirmou o Secretário Sindical na Tongaat Hulett em Xinavane.
Refira-se que desde Agosto do ano passado que os trabalhadores exigem a mudança de categoria, o que irá permitir o aumento salarial dos actuais 4.500 Meticais para 7.000 Meticais. Entretanto, a Tongaat Hulett não satisfez e, como consequência, a 31 de Janeiro de 2022, os trabalhadores começaram a manifestar-se. Mesmo durante as manifestações, a empresa continuava a “ignorar” as preocupações dos trabalhadores, mas volvidos 11 dias e com a presença do Governo, é que se chega a esse acordo. (Evaristo Chilingue)