Desde Julho de 2019, a empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) vende, num hangar em Nairobi (Quénia), dois aviões “Embraer 190”. Passam quase três anos e o comprador não aparece, pois, abundam aparelhos semelhantes no mercado aeronáutico.
Sem comprador, a Direcção da empresa vem admitindo vender as aeronaves às peças. Mesmo assim, o cliente não aparece. O facto, porém, é que, enquanto o comprador não chega, a LAM vai acumulando prejuízos com o hangar (que até finais de 2019 cobrava 40 mil USD pelo parqueamento) e pelo facto de, contabilisticamente, não se considerar o valor das aeronaves.
Dados constantes do Relatório e Contas da LAM referente a 2020 apontam que, dos 4.6 biliões de Meticais de prejuízos que a empresa registou naquele ano, 329.7 milhões de Meticais são referentes à perda de imparidade de vários activos com antiguidade significativa. Desses activos antigos, o destaque vai para as aeronaves com mais de 12 anos de existência.
Até ao ano em análise, a LAM defendia que o parqueamento seria pago com o valor da venda das aeronaves. Ora, se até 2021 ainda não havia comprador, o negócio continua um fardo para a empresa de aviação de bandeira.
A venda das aeronaves é fundamentada pela empresa com a necessidade de uniformização da frota. Com o mesmo desiderato, a companhia vendeu, em Dezembro de 2018, um Boeing 737-500 Classic à companhia afegã Ariana por 2.5 milhões de USD.
O “NewsAvia” lembra que os aviões “Embraer E190” chegaram novos à LAM em 2009. Os que estão no Quénia a aguardar destino têm as matrículas C9-EMA (msn301) e C9-EMB (msn309). Tiveram 10 anos de serviço. Um terceiro avião do mesmo tipo, recebido no mesmo ano (C9-EMC) sofreu um acidente em Novembro de 2013, na Namíbia, com perda total. Mais tarde veio a comprovar-se a tese de suicídio do comandante.
Até ao início de 2020, a LAM operava dois Boeing 737-700, um Boeing 737-300, um Dash-8 Q400, um Dash Q300 e um Embraer E120. A subsidiária MEX está a operar com dois Embraer ERJ145. (Evaristo Chilingue)