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terça-feira, 24 março 2020 08:15

Para realmente “tornar-se” Cidade: Vilanculos desafia-se a melhorar urbanização, dinamizar turismo e comércio

O Município de Vilanculos deixou de ser vila, passando a cidade, conforme comunicou o Governo, no passado dia 25 de Fevereiro, depois de mais uma sessão de Conselho de Ministros. Olhando para o actual estágio do desenvolvimento de Vilanculos, a priori, depreende-se estar-se perante uma vila que só em potência é que verdadeiramente tornar-se-á cidade. E, de facto, vários serão os desafios a ultrapassar a fim de realmente orgulhar-se de ser cidade.

 

De entre tantos, salta à vista o melhoramento da postura urbana municipal, vias de acesso, fornecimento de água, para não falar da saúde e educação cujas condições ainda estão aquém de satisfazer as necessidades dos munícipes. Antes de pormenores, importa lembrar o nosso leitor que Vilanculos é um distrito nortenho da província de Inhambane. A Este, faz fronteira com o Oceano Índico, a Oeste delimita-se com o distrito de Mabote. A Norte faz fronteira com o distrito de Inhassoro e, por fim, a Sul com Massinga, todos distritos da mesma província (Inhambane).

 

Vilanculos é vila desde 1964, município a partir de 1998. Dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que, até 2017, o município era habitado por 76 mil pessoas, contra 38 mil registadas no Censo de 2007 e que vivem numa área de 78.8 km2. A agricultura, pesca, comércio, são alguns das actividades que caracterizam a população daquele município.

 

Após 56 anos a chamar-se vila, Vilanculos passou, no dia 25 de Fevereiro último, ao estatuto de cidade. Em entrevista à “Carta”, o Presidente daquele município, Wiliam Tuzine, disse que um dos grandes desafios é melhorar a postura urbana de Vilanculos.

 

“Temos de melhorar a postura da nossa vila e, tratando-se de cidade, há novas vias que devemos abrir, algumas por melhorar. Dentro da vila, temos uma rede viária de cerca de 30 km, dos quais perto de 5 km de asfalto, 7 km de ruas em pavês e quase 18 km de estradas terraplanadas. Precisamos alargar este raio. Por exemplo, no que toca às vias asfaltadas, a meta é sair dos actuais para 17 km dentro deste quinquénio”, disse o Presidente daquele município, mesmo sem fundo para o efeito.

 

A falta de investimento para a materialização daquele desiderato é outro imbróglio para o desenvolvimento daquela vila. Todavia, ciente disso, Tuzine diz que é necessário ir à busca. “Sempre os fundos não foram suficientes. Mas estão aí. É preciso ir buscar”, desafiou-se o Edil.

 

Ao longo da conversa telefónica, Tuzine apontou, sem delongas, os desafios que aquela vila deverá enfrentar para melhorar a imagem no sector do turismo, uma das principais características do território. O nosso interlocutor afirmou que Vilanculos é um dos principais locais turísticos, onde também se pratica parte considerável do turismo de toda a província de Inhambane, que ao nível nacional, é responsável pela maior percentagem. Explicou que, anualmente, o município recebe cerca de 2.000 turistas. Temos 1700 camas, na área municipal e 85 estâncias turísticas.

 

“Nesse contexto, temos o desafio de melhorar a nossa atracção turística, incorporando mais actividades culturais, animação turística, carnavais, gastronomia, turismo do sol e praia. Também há a necessidade de reavivar os nossos locais históricos que vão servir de pontes essências para a visita dos turistas. Desafiamo-nos a buscar mais investidores no sector, pois, é o turismo que vai catapultar a nova designação do município”, acrescentou a fonte.

 

Do turismo, o Presidente do Município de Vilanculos falou de desafios no abastecimento do precioso líquido: água. Neste contexto, Tuzine explicou que o actual sistema de abastecimento encontra-se deveras obsoleto. Entretanto, garantiu que trabalhos de reabilitação e expansão, orçados em 1.6 milhão de Euros (financiados pelo KfW, banco Alemão) decorrem com previsão fim, no final deste ano. Em funcionamento, o Edil de Vilanculos disse esperar elevar o nível de abastecimento de água à população, dos actuais 30% para 90%.

 

“Dos desafios, temos também a componente de energia eléctrica. O consumo desse bem por parte da população está na ordem dos 60%. Entretanto, queremos que todos os munícipes tenham energia. Para o efeito, queremos expandir a energia em coordenação com a Electricidade de Moçambique. Há um projecto que vai iniciar daqui a dois ou três meses. Prevê-se que, em fase de operação, o consumo do bem pela população atinja 95%”, explicou o edil de Vilanculos.

 

Ainda sobre os entraves que apoquentam a autarquia que dirige, Tuzine elencou a questão do comércio, visto que parte considerável da população de Vilanculos dedica-se a este sector. Aquele governante disse que Vilanculos tem actualmente 12 mercados. Neste âmbito, a aspiração do edil é construir mais dois mercados neste quinquénio, desenvolver os comerciantes para que consigam alimentar devidamente o território.

 

Ainda neste sector, Tuzine fez saber que operam, em Vilanculos, 85 unidades industriais, sendo 12 médias, 73 pequenas indústrias. Dos diferentes ramos, há as de processamento de carne, mariscos, produção de ração, padarias, cerração entre outras áreas.

 

“Além disso, não nos podemos esquecer da rede sanitária que é muito importante. Com um hospital rural de referência, três centros de saúde, queremos expandir, construindo mais dois centros de tipo dois, com vista a diminuir a distância que a população percorre para ter acessos a serviços sanitários. Por outro lado, isto permite aproximar os nossos médicos a nossa população”, disse Tuzine.

 

No que tange à educação, o Edil de Vilanculos falou da existência de 23 instituições de ensino, das quais uma de nível superior, um instituto médio profissional, uma escola técnica de ensino básico, uma escola de professores, quatro escolas secundárias e 11 do ensino primário.

 

“Neste contexto, queremos apostar muito no ensino técnico que proporciona o saber fazer principalmente a jovens. Para o efeito, buscamos uma parceria com um município Alemão e, provavelmente, este ano vamos começar com a construção de uma escola de formação em metalomecânica. Vamos também melhorar as salas de aula. Há escolas que necessitam de salas condignas, carteiras. A ideia é que, findo este quinquénio, nenhuma criança estude fora da sala de aulas ou sem carteira”, acrescentou o nosso interlocutor.

 

No concernente ao sector económico-financeiro, continuou Tuzine, o município cobrou entre 15 a 18 milhões de Meticais em receitas. Todavia, segundo o edil, essas quantias mostram-se insuficientes, daí que sempre que pode o município faz campanhas de sensibilização, com vista a alargar a base de receitas e, por consequência, maior investimento.

 

O Edil do município em questão desafia-se, igualmente, a reforçar o processo de recolha de resíduos sólidos. Embora os meios escasseiem, Tuzine disse pretender transformar Vilanculos numa cidade mais limpa. “E, vai ser”, assegurou. 

 

Fora dos desafios, o nosso entrevistado mostrou-se satisfeito com a elevação do município à categoria de cidade, devido aos vários benefícios à autarquia.

 

“Terá sim ganhos. O nome em si, já é um ganho. Além disso, aquela que era contribuição do Estado para os municípios, no nosso caso a cota vai aumentar. Por exemplo, em termos de fundo de investimento, nós recebíamos 15 milhões de Meticais por ano. Entretanto, enquanto cidade, isto passa para quase o dobro. E, politicamente o cenário muda. Se por exemplo existia um Comité de Zona, passa a ser Comité de Cidade, o Comado, passa de distrital para Comando da cidade…há muita coisa que vai mudar, até os impostos. Portanto é isto que vai ajudar a catapultar o desenvolvimento do nosso município”, explicou Tuzine tendo reafirmado que a elevação de Vilanculos a cidade constitui para ele como, Presidente do município, um grande desafio e responsabilidade.

Sublinhar que com a elevação para a categoria de cidade, Vilanculos salta da “categoria E” para a “categoria D” dos municípios da República de Moçambique. Lembre-se que a “categoria A” é ocupada pela capital do país (Cidade de Maputo) e a “categoria B” foi atribuída as segundas maiores cidades do país (Matola, Beira e Nampula). As restantes capitais provinciais pertencem a “categoria C”, enquanto as restantes cidades do país fazem parte do “categoria D”. As vilas municipais pertencem a “categoria E”. (Evaristo Chilingue)

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