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Actualizado de Segunda a Sexta

terça-feira, 17 dezembro 2019 06:31

Banco de Moçambique prevê crescimento económico de 4% em 2020

A actividade económica do país tem estado a decrescer nos últimos três anos, prevendo-se que este ano o Produto Interno Bruto (PIB) ronde nos 2.1%, contra os 4.7% previstos, devido principalmente a efeitos dos ciclones Idai e Kenneth.

 

No entanto, num balanço preliminar relativo ao ano, havido ontem em Maputo, o Banco de Moçambique (BM) disse perspectivar que o PIB acelere para cerca de 4%.

 

“Esta previsão é fundamentada pelas acções de reconstrução pós-ciclones, pela regularização das dívidas aos fornecedores de bens e serviços ao Estado, pelo incremento do crédito ao sector privado e pelo impulso do investimento no sector do petróleo e gás”, explicou o Governador do BM, Rogério Zandamela.

 

Perante gestores da banca comercial, administradores e funcionários da instituição e não só, Zandamela renovou para 2020 o compromisso de combater a inflação, que em Novembro passado situou-se nos 2.58%, contra 4.27% registados em igual mês no ano passado.

 

“As nossas perspectivas apontam para a continuidade da estabilidade de preços, consubstanciada numa inflação estável, em níveis de um dígito, dentro da banda de convergência da SADC, embora relativamente acima do nível deste ano”, acrescentou.

 

Ainda em 2020, o Banco Central espera continuar comprometido com o regime de câmbio flexível, com vista a absorver os choques exógenos e consolidar as reformas no mercado cambial, de modo que a taxa de câmbio reflicta a procura e oferta de divisas, no mercado doméstico.

 

A trabalhar nesse quadro, o BM perspectiva que as reservas internacionais permaneçam em níveis confortáveis, podendo cobrir acima de cinco meses de importações de bens e serviços, excluindo as transacções dos grandes projectos.

 

Em relação a 2019, Zandamela disse que a avaliação preliminar dos impactos das medidas e reformas implementadas é bastante positiva, a avaliar pelo bom desempenho dos indicadores sob a alçada do BM.

 

“A inflação manteve-se baixa e estável, em torno de 2 por cento, em linha com o nosso objectivo de médio prazo, de um dígito, e substancialmente abaixo da meta de convergência da SADC, de 3 a 7%. As reservas internacionais incrementaram para cerca de sete meses de cobertura das importações, nível confortavelmente acima dos padrões mínimos aceitáveis, de três meses”, destacou o Governador.

 

Na sua locução, aquele gestor sublinhou também que a taxa de câmbio manteve-se relativamente estável, tendo, no contexto actual de regime cambial flexível, flutuado na banda entre 60 e 65 meticais por dólar, bem como o rácio de solvabilidade do sistema bancário que continuou robusto, em torno de 25%, bem acima do mínimo de 12% estabelecido, num contexto de redução do crédito mal parado.

 

O gestor máximo do BM anotou inclusive que o crédito ao sector privado expandiu, depois da contracção verificada em 2018, tendo (o crédito total) crescido, em termos acumulados até Outubro, em 6% e o crédito em moeda nacional aumentado em torno de 11%.

 

No âmbito da implementação de reformas visando o reforço da estabilidade macroeconómica e do sistema financeiro, o Governador do Banco Central recordou ainda que, em face da melhoria significativa das projecções de inflação para o médio prazo, a instituição que dirige baixou a taxa de juro de política monetária por duas vezes, passando de 14,25%, no início do ano, para os actuais 12,75%.

 

“Adicionalmente, reduzimos a proporção dos depósitos em moeda nacional que os bancos comerciais são obrigados a manter no Banco de Moçambique por motivos precaucionais, de 14 para 13 por cento”, apontou.

 

Entretanto, lembrou Zandamela, perante o agravamento dos riscos externos e visando conferir maior peso ao Metical, incrementámos a proporção dos depósitos em moeda estrangeira que os bancos são obrigados a manter no BM, de 27 para 36 por cento. (Evaristo Chilingue)

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