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sexta-feira, 28 junho 2019 06:09

Conta corrente regista défice de 68 por cento em 2018

Dados de transacções entre entidades residentes na economia moçambicana e o resto do mundo, resumidas na Balança de Pagamentos (BoP), compilado pelo Banco de Moçambique (BM), indicam que, no exercício económico de 2018, registou-se um défice da conta corrente na ordem de 4,347.5 milhões de USD, uma deterioração de 68.1 por cento, que corresponde a cerca de 32 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), em comparação com o desempenho do sector externo referente ao exercício de 2017.

 

A BoP diz que o agravamento do défice da conta corrente é justificado pelo efeito combinado da deterioração dos défices das contas parciais de bens, em 95.5 por cento (para 973.1 milhões de USD) e serviços, em 47.2 por cento (para 3,431.3 milhões de USD), num ano em que se manteve o corte de financiamento externo para programas.

 

O documento explica que, na subcomponente das exportações e importações de bens, o défice da conta de bens foi de USD 973.1 milhões, cerca de 7 por cento do PIB, contra USD 497.8 milhões (3.9 por cento do PIB), em 2017.

 

“Este resultado deveu-se ao incremento das exportações em 10 por cento, para 5,195.6 milhões de USD, contra um acréscimo mais expressivo das importações (18.1 por cento) para 6,168.7 milhões, traduzindo o aumento das facturas de importação de bens de capital (35 por cento), bens de consumo (28.1 por cento) e bens intermédios (14.2 por cento)”, lê-se no documento.

 

Em relação às receitas e despesas de serviços, a BoP explica que o comércio externo de serviços manteve a tendência deficitária, com um saldo negativo de 3,431.3 milhões de USD (24.9 por cento do PIB), correspondente a um agravamento de 47.2 por cento.

 

De acordo com a fonte, a tendência deficitária, em comércio externo de serviços, é explicada, em grande medida, pelo incremento das despesas líquidas de assistência técnica e outros serviços relacionados com os Grandes Projectos (GP), cujo défice se situou em 2,969.5 milhões de USD, bem como pela contratação líquida de serviços de gestão de consultoria, que aumentou em 55 por cento, para 124.4 milhões de USD.

 

Contudo, no que concerne à subcomponente de rendimentos primários, a fonte observou que o seu fluxo líquido registou uma melhoria do saldo negativo em 71.4 por cento, para 280.9 milhões de USD, cerca de 2 por cento do PIB.

 

A melhoria naquele subsector é “justificada pela redução do défice nas categorias de rendimentos de outro investimento e do investimento de carteira, derivada do incremento dos ganhos obtidos nas aplicações no exterior contra a desaceleração do valor de juros pagos nos financiamentos obtidos por parte do sistema financeiro nacional, bem como do serviço da dívida externa, tanto pública como privada”, explica a BoP.

 

Outra melhoria reportada pelo documento é referente aos rendimentos secundários, cujo saldo das transacções registou um superavit na ordem de USD 337.9 milhões, equivalente a uma contracção de 47 por cento, comparativamente ao período precedente, justificado sobremaneira pela redução de transferências para a Administração Central.

 

No cômputo geral, a BoP afirma que o país gerou um total de receitas correntes na ordem de USD 6,684 milhões, montante que cobre cerca de 61 por cento do total das despesas correntes realizadas no período (USD 11,031.5 milhões), contra uma cobertura de 71 por cento, em 2017. (Evaristo Chilingue)

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