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quinta-feira, 30 janeiro 2025 07:19

Tensão pós-eleitoral afecta comércio entre Moçambique e outros países

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O comércio externo entre Moçambique e o resto do mundo foi consideravelmente afectado pela tensão pós-eleitoral que levou ao bloqueio rodoviário, principalmente no corredor de Maputo, incluindo o encerramento da fronteira de Ressano Garcia, na província de Maputo, durante vários dias e ao condicionamento das operações fronteiriças e rodoviárias.

 

A afirmação foi feita por Kekobad Patel, membro do Conselho de Administração da Mozambique Community Network (Mcnet), empresa público-privada que implementa a Janela Única Electrónica (JUE), um sistema electrónico de facilitação do comércio que inclui o desembaraço aduaneiro de mercadoria e sua monitorização.

 

“O impacto das manifestações pós-eleitorais nas exportações e importações foi negativo. Podemos afirmar que a queda foi de cerca de 50% nas importações principalmente de bens”, afirmou Patel que também é da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), afecto ao pelouro de Política Fiscal Aduaneira e Comércio Internacional.

 

Por consequência da crise pós-eleitoral, a nossa fonte acrescentou que o número de declarações processadas pela JUE para importação e exportação de bens e serviços registou queda assinalável, principalmente nos meses de Novembro e Dezembro, apesar de serem meses de pico. Precisou que, naqueles meses, o número de declarações processadas, em 2023, foi de 33.9 mil e 35 mil respectivamente, mas em 2024, nos mesmos meses, os números caíram para 30 mil e 26 mil declarações, respectivamente.

 

Para além das manifestações, Patel disse que a falta de divisas (moeda externa) no mercado interbancário nacional também contribuiu negativamente para o comércio externo. “Sem o dólar e, num clima de insegurança, os agentes económicos tiveram muitas dificuldades para fazer importações”, lamentou Patel. Devido à falta de divisas, as empresas têm vindo a acumular necessidades de divisas para importação não satisfeitas no mercado. Em Junho de 2024, a CTA tinha estimado estas necessidades não satisfeitas numa média de 410 milhões de USD.

 

Actualmente, a Confederação diz que tem no mercado muitas empresas com facturas de importação não pagas há mais de nove meses e com os respectivos termos de compromissos em aberto. Apesar de o Banco de Moçambique ter reduzido as reservas obrigatórias em moeda nacional e externa, de 39% para 29%, a CTA afirma que os constrangimentos de liquidez em moeda estrangeira poderão afectar o processo de importação de equipamentos e acessórios das empresas afectadas pelas manifestações pós-eleitorais, atrasando, assim, a retoma das actividades produtivas pelas mesmas.

 

Para que o comércio externo volte a fluir, Patel defende que haja maior disponibilidade da moeda externa no país, mas, acima de tudo, diz que é preciso que haja estabilidade política. Para o efeito, defende o diálogo com o envolvimento de todas as forças vivas da sociedade. 

 

Sobre o impacto das medidas tomadas pelo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, no comércio externo entre Moçambique e o mundo, o nosso entrevistado disse ser ainda cedo para falar de impactos no seu sector. “Contudo, no sector da saúde, a suspensão do financiamento poderá ter efeitos negativos”, concluiu a fonte. (Evaristo Chilingue)

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