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quinta-feira, 23 janeiro 2025 09:21

Fundo Soberano aguarda assinatura do contrato de gestão para sua operacionalização

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Continua inoperacional o “badalado” Fundo Soberano de Moçambique (FSM), entidade do Estado que terá a responsabilidade de gerir as receitas provenientes do gás natural da bacia do Rovuma, na província de Cabo Delgado.

 

Criado há um ano, através da Lei n.º 1/2024, de 9 de Janeiro, o Fundo Soberano continua em “banho-maria”, devido à falta de assinatura do Acordo de Gestão entre o Governo e o Banco de Moçambique, a entidade que vai gerir o “cofre das receitas do gás natural”.

 

Inicialmente, era expectativa do Governo operacionalizar o Fundo Soberano até finais de Abril de 2024, mas os termos de referência do Acordo de Gestão só foram concluídos em Dezembro passado, já na porta de saída do Governo de Filipe Jacinto Nyusi.

 

De acordo com o artigo 26 da Lei n.º 1/2024, de 09 de Janeiro, o Acordo de Gestão deve prever, entre outros aspectos, os sectores prioritários para a realização de investimentos do Fundo Soberano, conforme previsto na Política de Investimentos; os padrões de gestão de risco e controlos internos para a gestão do Fundo Soberano a serem observados pelo Banco de Moçambique; e as responsabilidades do Banco de Moçambique por danos e perdas decorrentes das operações do Fundo Soberano, em casos de negligência ou fraude na gestão da entidade.

 

O Acordo de Gestão do Fundo Soberano será celebrado pela Ministra das Finanças, em representação do Governo, com o Governador do Banco de Moçambique. O mesmo deverá ser publicitado, tal como os relatórios de gestão da entidade. A Política de Investimento, um instrumento orientador sobre como deverá ser investido o dinheiro do Fundo Soberano, foi aprovada em Dezembro último pelo Governo, porém, ainda não é público.

 

Até ao momento, apenas o Comité de Supervisão (eleito pela Assembleia da República), um órgão independente do Fundo Soberano com competência para controlar e acompanhar as matérias referentes às receitas da entidade, está devidamente instalado: os membros já tomaram posse.

 

Por sua vez, o Conselho Consultivo de Investimento, um órgão que tem a missão de avaliar as oportunidades de investimentos do Fundo em diferentes classes de activos, tem a sua equipa já constituída, mas ainda não tomou posse.

 

São membros do Conselho Consultivo de Investimento, Omar Mithá (antigo PCA da ENH), Enilde Sarmento (Directora Nacional de Políticas Económicas e Desenvolvimento), Hercílio Simão (Chefe de Mercado de Capitais, Gestão e Pesquisa de Activos do BNI), Egildo Massuanganhe (do Access Bank Mozambique SA), Ibraimo Hassane Mussagy (Economista e Professor Associado da Universidade Católica de Moçambique) Irene Luzidia Maurício (funcionária reformada do Banco de Moçambique) e Mukhtar Abdul Carimo (antigo Administrador do BCI). O órgão será dirigido por Omar Mithá.

 

Refira-se que o gás da bacia do Rovuma produziu, até Setembro de 2024, 134.61 milhões de USD desde 2022, o equivalente a 8,516.77 milhões de Meticais, de acordo com os dados do Governo, publicados no Balanço do Plano Económico e Social e Orçamento de Estado referente aos primeiros três trimestres do ano passado. No primeiro ano da exploração do gás do Rovuma, o Governo cobrou 800 mil USD e, em 2023, facturou 73.37 milhões de USD. O valor está depositado na Conta Transitória, domiciliada no Banco de Moçambique.

 

De acordo com o n.º 4 do artigo 8 da Lei do Fundo Soberano, do valor já arrecadado, 40% vai para o Fundo Soberano e 60% para o Orçamento de Estado. Este modelo de partilha vai vigorar durante 15 anos, sendo que ao décimo sexto ano, o valor será dividido pela metade entre o Orçamento de Estado e o Fundo Soberano. (Carta)

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