Ao som do “Salve Moçambique, este país é nosso”, um grupo de enfermeiros do Hospital Central de Maputo (HCM), a maior unidade sanitária do país, decidiu paralisar as suas actividades e juntou-se em frente ao Banco de Socorros, exigindo o 13º salário.
“Não temos forças para trabalhar nos últimos dias. Nós também fazemos parte da função pública, então não podíamos ver nossos colegas paralisarem as suas actividades e nós continuarmos a trabalhar como se nada estivesse a acontecer”, afirmaram.
“O que mais nos aborreceu é o facto de o governo não ter tido a coragem de nos informar antes que não teríamos o 13° e esperou que alguém questionasse. Neste momento, muitos de nós já não temos dinheiro até para apanhar o transporte para ir ao trabalho e muito menos dinheiro para comprar material escolar para os nossos filhos. Os nossos salários têm um destino claro. Quando receber só terei dívidas por pagar”, referiu um dos grevistas.
Entretanto, ontem por volta das 12h30min, quando a nossa reportagem se aproximou do HCM, o atendimento já havia voltado à normalidade, mas com filas longas e quase todos os serviços sendo garantidos.
No Centro de Saúde da Machava II, no município da Matola, os utentes enfrentaram longas filas, mas os funcionários disseram que só voltariam a trabalhar se o governo respondesse às suas reivindicações. O Banco de Socorros foi o único sector que tentou garantir os serviços mínimos para que os utentes não fossem mandados de volta para casa.
O mesmo cenário repetia-se em vários outros centros de saúde da cidade e província de Maputo. Mas, mesmo assim os pacientes saíram das suas casas em busca de atendimento médico. Em coro, apelaram ao Ministério da Saúde para que honrasse o pagamento do 13º salário, de modo a que os profissionais de saúde pudessem cumprir o seu slogan: "Nosso maior valor é a vida".
Relatos da província da Zambézia indicam que o Hospital Distrital de Nicoadala também fechou as portas e os pacientes foram mandados de volta para suas residências. O mesmo ocorreu no Hospital Distrital de Mocuba, na mesma província, onde só funcionaram os serviços de urgência, farmácia e maternidade.
Quanto à Educação, a Associação Nacional dos Professores (ANAPRO) informou que alunos de algumas escolas da província de Maputo realizaram exames sem a presença de nenhum professor ou de um vigilante na sala de aula. Isso fez com que os alunos ficassem à vontade para usar os celulares e pedir ajuda aos colegas que estavam fora da sala.
Sem detalhar o nome das escolas, o presidente da associação, Isac Marrengule, afirmou que nos casos em que os professores controlaram os exames, os mesmos não pertenciam a essas escolas. Em várias escolas, os directores foram obrigados a reunir-se com os professores para sensibilizá-los a controlar o processo, para não prejudicar os alunos.
Alguns atenderam ao apelo, mas outros não. Desde ontem, vinte de Fevereiro, os funcionários públicos decidiram paralisar as actividades por tempo indeterminado, exigindo o pagamento do 13º salário e, por enquanto, o governo garante que está a envidar esforços para assegurar o seu pagamento. (M.A.)