As reservas obrigatórias dos bancos moçambicanos voltaram a crescer em setembro, atingindo o histórico acumulado de 268.392 milhões de meticais (4.031 milhões de euros), aumentando 13% no último ano, segundo dados oficiais compilados hoje pela Lusa.
De acordo com dados de relatórios estatísticos do Banco de Moçambique, o volume destas reservas tem vindo a bater recordes mensais consecutivos praticamente no último ano e meio. Em setembro de 2023, essas reservas obrigatórias ascendiam a 237.092 milhões de meticais (3.561 milhões de euros).
As reservas obrigatórias dos bancos comerciais no banco central estavam fixadas pelo Banco de Moçambique no coeficiente de 10,5% em moeda nacional e 11% em moeda estrangeira no início de janeiro de 2023.
Mas nos primeiros seis meses de 2023 o banco central aumentou por duas vezes o coeficiente, para “absorver a liquidez excessiva no sistema bancário, com potencial de gerar uma pressão inflacionária”.
O último desses aumentos aconteceu em junho do ano passado, chegando então a 39% dos depósitos em moeda nacional e 39,5% no caso de moeda estrangeira a ficarem em reserva bancária.
Desde o final de dezembro de 2022, quando ascendiam a 62.144 milhões de meticais (933 milhões de euros), o volume das reservas bancárias à guarda do banco central já aumentou mais de 332%.
O Banco de Moçambique decidiu em 30 de setembro manter inalterados, nestes valores máximos, pelo menos até 27 de novembro – data da próxima reunião do Comité de Política Monetária (CPMO) -, os coeficientes de reservas obrigatórias dos bancos comerciais, apesar dos apelos anteriores dos empresários e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O FMI defende a redução dos rácios de reservas, para impulsionar a economia, aconselhando alternativas para absorver excesso de liquidez e a remuneração das reservas.
"A redução dos elevados requisitos de reservas é essencial para aliviar as condições financeiras. Embora o sistema financeiro moçambicano apresente um excedente de liquidez estrutural, os aumentos significativos nas reservas obrigatórias em 2023 [de cerca da 10% para 40%] (…) podem ter sido maiores do que o necessário para absorver o excesso de liquidez", lê-se no relatório do FMI da quarta avaliação ao programa de Facilidade de Crédito Alargado, concluído em julho.
Os empresários moçambicanos apontaram em 25 de julho a falta de divisas no mercado, levando a atrasos nos pagamentos ao exterior, multas e quebras na faturação, e apelaram ao banco central para reduzir o coeficiente de reservas obrigatórias, até agora sem efeito.
"No geral, a falta de divisas no mercado tem constrangido o processo de pagamento das faturas com o exterior", sublinhou o vice-presidente da CTA, Zuneid Calumia. (Lusa)