O Comité de Política Monetária (CPMO) do Banco de Moçambique decidiu esta quarta-feira (31 de Janeiro) reduzir a taxa de juro de política monetária, taxa MIMO, de 17,25% para 16,50%. Numa conferência de imprensa, o Governador do Banco Central, Rogério Zandamela explicou que a decisão é sustentada pela consolidação das perspectivas de manutenção da inflação em um dígito, no médio prazo, num contexto em que a avaliação dos riscos e incertezas associados às projecções da inflação é mais favorável.
Zandamela anunciou estarem criadas as condições para o início de um ciclo de redução gradual da taxa MIMO, com vista à sua normalização, num período de 24 a 36 meses. Quer dizer que o Banco Central prevê uma queda do custo do dinheiro na banca comercial, nos próximos dois ou três anos, facto que irá aliviar as famílias e empresas com empréstimos, ou que pretendam contratar crédito.
Além da taxa MIMO, segundo o Governador do Banco Central, serão abrangidas também as taxas de Facilidade Permanente de Depósitos (FPD), fixada actualmente em 14.25% e a taxa de Facilidade Permanente de Cedência (FPC), fixada em 20.25%. Da redução gradual, Zandamela mostrou reservas quanto à redução das taxas de Reservas Obrigatórias, quer em moeda nacional, bem como em moeda estrangeira, alegadamente porque o sistema financeiro tem dinheiro suficiente para as necessidades da economia.
Todavia, o Governador do Banco Central sublinhou que “o ritmo e a magnitude da redução dos próximos ajustamentos [um dígito ou aproximadamente] irão depender das perspectivas da inflação, bem como da avaliação dos riscos e incertezas subjacentes às projecções do médio prazo”.
Zandamela explicou que a redução gradual prevista da principal taxa de deve-se à manutenção das perspectivas de inflação em um dígito no médio prazo, depois de em Dezembro de 2023, a inflação anual ter-se fixado em 5,3%, devido à redução dos preços de bens alimentares importados, com destaque para os produtos de mercearia.
“Para o médio prazo, consolidam-se as perspectivas de uma inflação em um dígito, reflectindo, sobretudo, a estabilidade do Metical, a previsão de queda dos preços das mercadorias no mercado internacional e o impacto das medidas tomadas pelo CPMO”, acrescentou, o Governador.
Ainda sobre a inflação, o Banco de Moçambique diz que a avaliação dos riscos e incertezas associados é mais favorável, por causa do esforço da consolidação fiscal, a menor severidade dos eventos climáticos extremos e o impacto menos gravoso dos conflitos geopolíticos sobre a cadeia logística e sobre os preços das mercadorias no mercado internacional.
Durante a conferência, Zandamela alertou que se mantém elevada a pressão sobre o endividamento público interno. Disse que, em finais de Janeiro último, o endividamento público interno, excluindo os contratos de mútuo e de locação e as responsabilidades em mora, situa-se em 320,6 mil milhões de Meticais, o que representa um aumento de 8,3 mil milhões em relação a Dezembro de 2023. (Evaristo Chilingue)