“A implementação da Tabela Salarial Única mostra-se desastrosa”. Esta é a posição defendida esta segunda-feira pela Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, em reacção ao anúncio, semana finda, dos novos salários para os funcionários e agentes do Estado, no âmbito da introdução da nova política salarial da Administração Pública.
Segundo a Renamo, a Tabela Salarial Única (TSU) devia constituir uma oportunidade para a diminuição do fosso entre os mais pagos e menos remunerados, tal como sempre defende o Governo, mas “lá vão sete meses em que os funcionários e agentes do Estado ainda não conhecem o quantitativo real dos seus salários”.
Falando em conferência de imprensa, Saimone Macuiane, porta-voz da Renamo, apontou os médicos, professores, enfermeiros, militares e agentes da polícia como sendo as “classes [profissionais] mais desprezadas” pelo Governo, no tocante à política de atribuição de salários na função pública.
Macuiane disse ser “inaceitável e vergonhoso” que o Governo tenha criado a TSU sem ter feito qualquer estudo sobre o seu impacto orçamental e muito menos a sua viabilidade e possíveis consequências.
“Esperávamos que a TSU fosse valorizar estes e outros profissionais na Função Pública, mas pelo contrário veio a criar uma desorganização na tabela salarial da função pública, pelo que se torna urgente que o Governo regularize esta situação de modo que a harmonia e alegria se instalem no seio dos funcionários e agentes do Estado e, consequentemente, a realização das suas famílias”, considera a Renamo, que exige a demissão do Executivo.
Lembre-se que, na passada terça-feira, à saída da segunda sessão ordinária do Conselho de Ministros, o Governo anunciou novos salários-bases para o ingresso na função pública, seis meses depois de ter aprovado os primeiros quantitativos, facto que voltou a causar fúria no seio dos funcionários e agentes do Estado. (Carta)