A Bélgica anunciou há dias um novo programa de cooperação de cinco anos com Moçambique (2023 – 2028), avaliado em 25 milhões de Euros, que serão investidos para energias renováveis de modo a tornar a economia nacional mais amiga do clima.
Nesse contexto, a agência belga de desenvolvimento, Enabel, fornecerá energia a áreas remotas não conectadas à rede eléctrica com painéis solares e também está considerando soluções para abastecimento de água potável e irrigação baseadas em energia solar.
O anúncio foi feito pelo Ministro da Cooperação para o Desenvolvimento da Bélgica, Frank Vandenbroucke, por ocasião da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre no Egipto.
Além de energias renováveis, o novo programa de colaboração entre a Bélgica e Moçambique vai ajudar a população a preparar-se melhor para o impacto das alterações climáticas. Parte desse financiamento será reservado para apoiar o país em caso de desastres climáticos causados pelo aquecimento global.
“As mudanças climáticas não conhecem fronteiras. Também testemunhamos isso em casa na Bélgica durante as inundações de 2021. Se quisermos fornecer uma resposta forte às mudanças climáticas, devemos realizar uma transição ecológica e equitativa em todo o mundo. É por isso que o nosso país vai apoiar Moçambique para incentivar os investimentos em energia verde em vez de combustíveis fósseis. Moçambique é um dos países do mundo mais vulneráveis às alterações climáticas. É por isso que vamos intervir no terreno para ajudar a proteger as suas comunidades e o seu meio ambiente contra desastres naturais como ciclones e inundações cada vez mais violentos devido às mudanças climáticas”, disse o ministro Vandenbroucke, citado por uma nota disponível na conta de Twitter da Embaixada da Bélgica em Moçambique.
De acordo com a nota, Moçambique necessita daquele apoio, pois, está actualmente a suportar o peso das consequências das alterações climáticas, que segundo o Banco Mundial os danos médios anuais das enchentes ascendem a 440 milhões de USD, quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
“Em 2019, Moçambique foi atingido pelo ciclone Idai que ceifou 1.500 vidas, o segundo ciclone mais mortal no hemisfério sul. Dezenas de milhares de moradores ficaram desabrigados e fugiram. E Moçambique não é um caso isolado: em todo o mundo, o aquecimento global leva mais pessoas a fugir todos os anos do que a guerra”, refere a fonte.
A Bélgica justifica o seu apoio a Moçambique por ser um dos menos desenvolvidos do mundo (181º no Índice de Desenvolvimento Humano) e não tem recursos suficientes contra desastres cada vez mais devastadores. “É por isso que a Bélgica acompanhará Moçambique para determinar como criar infra-estruturas essenciais, como estradas e serviços de água e electricidade mais resistentes ao clima, para limitar os danos causados por desastres climáticos”, acrescenta a nota.
A nossa fonte assinala que um total de 550.000 pessoas serão beneficiadas com esta parceria, com maior enfoque para mulheres e jovens, que são frequentemente os mais afectados pelas alterações climáticas. Dos 25 milhões de Euros, a nossa fonte detalha que serão atribuídos 2.5 milhões de Euros especificamente à componente de perdas e danos. A nota refere ainda que, no espírito de cooperação governamental, a Bélgica angariou um montante adicional de um milhão de euros para financiar o abastecimento de água potável em Moçambique. (Evaristo Chilingue)