O empresário da indústria gráfica Donaldo Lázaro defende a descentralização da produção gráfica do Estado, com destaque para livros, prontuários e materiais de votação, como forma de dinamizar esta indústria a nível das províncias.
Proprietário da ProImagem, uma empresa gráfica baseada na cidade de Tete, capital da província com o mesmo nome, Lázaro conta à “Carta” como tem sido difícil manter a sua empresa em pé, devido à escassez de oportunidades de negócio.
“A minha empresa apenas sobrevive na base do carvão mineral e, neste momento, atingiu seu ponto de saturação”, diz o empresário, referindo-se aos negócios que faz com as mineradoras que extraem aquele minério no distrito de Moatize, província de Tete.
Segundo o empresário, a ProImagem existe há 13 anos, mas ganhou maior notoriedade depois de ter começado a trabalhar com a Vale-Moçambique, tendo sido responsável pela produção dos principais componentes da comunicação visual usados no interior das minas.
Sem a indústria do carvão, admite Lázaro, a sua empresa não teria conseguido altos voos, devido à escassez de oportunidades de negócio. Conta, por exemplo, que em Junho último, quando o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) quis produzir erratas dos manuais dos alunos, foi contactado para imprimir as brochuras do material que seria distribuído na província de Tete, mas estranhamente foi comunicado que o MINEDH ia imprimir todas as erratas na capital do país.
“A centralização de tudo em Maputo prejudica a indústria. Penso que se devia descentralizar os concursos de produção de livros”, sugere o empresário, tendo em mente o recente desejo manifestado pelo Presidente da República de passar a produzir os manuais escolares localmente e com recursos nacionais.
As propostas de Donaldo Lázaro, cuja empresa se dedica à produção de livros, banners, cartões-de-visita, entre outros materiais, incluem também a descentralização dos concursos da Comissão Nacional de Eleições (CNE) para a produção de material de votação, nomeadamente, cadernos eleitorais, boletins de voto e cabines de votação.
Segundo o empresário, os materiais de votação podiam ser produzidos nas províncias, sobretudo para as eleições autárquicas, pois, por um lado, há capacidade para a produção daquele material e, por outro, pode facilitar a sua distribuição.
A fonte entende ainda que o desenvolvimento do sector agrário pode também ajudar a alavancar a indústria gráfica nas províncias, com a produção de embalagens.
Refira-se que, para além da descentralização da produção gráfica do Estado para as províncias, o sector debate-se, em todo o país, também com a proliferação de empresas que se intitulam de indústrias gráficas, mas sem possuir instalações e muito menos licenças para operar.
Também constituem desafios deste sector, a nível nacional, a redução dos custos de importação dos equipamentos e da matéria-prima (papel e tinta), através da revisão da Pauta Aduaneira, que acabam encarecendo a produção gráfica a nível nacional. (Carta)