Director: Marcelo Mosse

Maputo -

Actualizado de Segunda a Sexta

quinta-feira, 30 junho 2022 06:34

Banco Mundial diz que crescente dívida interna requer uma estratégia de gestão urgente

A dívida interna tem crescido rapidamente, particularmente desde 2016, relata o Banco Mundial no mais recente Relatório sobre “Actualidade Económica de Moçambique”. Como consequência, a instituição revela que o facto está a sufocar o financiamento da economia nacional.  

 

O Banco Mundial começa por contextualizar que, na sequência da crise da dívida de 2016, os cortes no apoio orçamental dos doadores e o acesso limitado ao financiamento externo levaram as autoridades a recorrer ao endividamento no mercado interno.

 

“O stock da dívida interna aumentou de 12% para 22% do PIB [Produto Interno Bruto] entre 2016 e 2021. Para além das pressões sobre as despesas causadas por choques recorrentes, tal foi motivado pela necessidade de refinanciar as obrigações vencidas, apoiar as empresas públicas com um desempenho abaixo do esperado, e resolver os pagamentos em atraso aos fornecedores nacionais”, relata o documento.

 

Divulgado na última quinta-feira (23), o Relatório aponta que o stock da dívida interna tem registado mudanças consideráveis na sua estrutura, com a dívida do Banco Central a ganhar terreno. Antes de 2016, lembra a instituição, o Governo tinha minimizado o recurso ao financiamento do Banco Central, em parte devido a preocupações inflacionárias.

 

Mas, ultimamente, aquela instituição financeira mundial notou que o financiamento do Banco Central se tornou um dos mecanismos de financiamento dominantes desde 2016, constituindo cerca de 30% do total do stock da dívida interna. Houve também um aumento na utilização de Bilhetes do Tesouro (BT) para financiamento orçamental, resultando numa acumulação anual do stock de BT e em reembolsos que não foram efectuados dentro do mesmo ano fiscal.

 

Por consequência, o Banco Mundial afirma que a maior contratação dos BT tem aumentado as pressões sobre os mercados financeiros domésticos, pois, sendo os bancos comerciais os principais compradores dos BT, o aumento do endividamento do Governo aumenta a pressão sobre a procura de crédito interno, já caracterizada por taxas de juro elevadas (também em comparação com os países pares).

 

“Além disso, sendo o risco de BT próximo de zero, o apetite já baixo do mercado financeiro para emprestar às PME é ainda mais desencorajado. Para além disso, o financiamento directo do Banco Central reduz o espaço para a flexibilização da política monetária”, conclui o relatório do Banco Mundial. (Carta)

Sir Motors

Ler 1139 vezes