É mais um caso que abala uma das classes profissionais bastante reconhecidas na sociedade moçambicana: os engenheiros. Nos últimos dias, a denúncia de existência de falsos engenheiros nacionais e estrangeiros está a criar fortes debates em diferentes segmentos. No total já são 60 casos de indivíduos que, durante anos, se faziam passar por engenheiros e que exerciam as actividades ilicitamente, usando falsas qualificações.

Na última sexta-feira, o Bastonário da Ordem dos Engenheiros de Moçambique (OEM), Feliciano Dias, submeteu o processo na Procuradoria-Geral da República (PGR) para que as autoridades possam levar os falsários à barra da justiça. Numa lista em que fazem parte cidadãos nacionais e estrangeiros, os implicados, em número de 60, falsificavam declarações de inscrição na OEM, cédulas profissionais, certificados de habilitações literárias de licenciatura em engenharia e Bilhetes de Identidade.

Segundo revelou à imprensa Feliciano Dias, “há muitas pessoas que se auto-intitulam engenheiros, por isso, apelamos para que todos aqueles que sejam licenciados se inscrevam na Ordem para que trabalhem legalmente para acabar com casos de pessoas que estão a exercer falsamente a engenharia no país”.

Prosseguindo, Dias revelou que, para além dos 60 casos denunciados, dos quais 14 foram entregues às autoridades judiciais, “nós temos casos que ainda não submetemos porque estamos ainda a cruzar algumas informações com as instituições de ensino. À medida que formos recebendo as confirmações, vamos submetê-los à Procuradoria (…), nós temos alertado as instituições de ensino superior para que, directamente, façam as denúncias em relação a estes casos porque os certificados são das universidades.”

Refira-se que estão inscritas na OEM mais de 30 especialidades de engenharia, mas o ramo da construção civil é onde a “festança” da falsificação se faz sentir com maior gravidade. No geral, dados disponibilizados pela agremiação indicam que existem, em Moçambique, cerca de 20 mil engenheiros licenciados, mas apenas 5.500 estão inscritos na OEM. Dos filiados, apenas 35% é que pagam quotas, criando um défice de cerca de um milhão de USD nos cofres da organização. (O. Omar)