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Crime

terça-feira, 11 fevereiro 2020 05:33

Insurgentes realizaram mais uma incursão em Quissanga

Vinte e quatro horas antes de o Presidente da República visitar a província de Cabo Delgado, os insurgentes voltaram a escalar o distrito de Quissanga, concretamente a aldeia 19 de Outubro, também conhecida como “cruzamento da ADPP”.

 

A incursão, que teve lugar por volta das 18:00 horas do último domingo, baseou-se num ataque àquela aldeia e a uma posição das Forças de Defesa e Segurança (FDS), que tinha sido instalada naquela zona, após o ataque ocorrido em Bilibiza (as duas aldeias são próximas). Até ao fecho desta edição não havia confirmação de óbitos, apenas de danos materiais.

 

À “Carta”, as fontes relataram que os insurgentes não fizeram o pior porque, depois do ataque a Bilibiza, os residentes da aldeia “19 de Outubro” abandonaram suas residências, tendo-se refugiado na aldeia Mitambo, no distrito de Meluco. Entretanto, tanto os hóspedes, assim como os anfitriões fugiram para o mato.

 

Na manhã desta segunda-feira, apenas três transportes semi-colectivos de passageiros partiram, no meio de incertezas, de Macomia até à ponte sobre o rio Montepuez, devido ao medo dos atacantes.

 

Referir que, nos ataques do dia 29 de Janeiro, os insurgentes queimaram a sede do Posto Administrativo de Bilibiza, aldeias 25 de Setembro e Bem-Vindo. Na sequência desses actos, morreram quatro pessoas, sendo uma idosa (carbonizada) e três adultos (decapitados) nas machambas.

 

Foram ainda queimadas cinco escolas (três primárias e dois centros de formação – Instituto Agrário e Formação de Professores-ADPP), o edifício da Secretaria do Posto Administrativo, um centro de saúde, 30 estabelecimentos comerciais (barracas e bancas), uma viatura da Polícia da República de Moçambique e mais de 800 casas.

 

Já no Posto Administrativo de Mahate, os insurgentes queimaram dois centros de saúde (o de Cagembe e de Mahate), quatro escolas primárias e alguns estabelecimentos comerciais e várias casas. (Carta)

segunda-feira, 10 fevereiro 2020 07:10

“Operação tira camisa” está de volta?

A cidade e província de Maputo vivem, nos últimos dias, momentos de agitação incomum. Em causa estão informações postas circular (nas redes sociais), dando conta da ocorrência do recrutamento compulsivo de cidadãos, sem distinção de sexo e idade, com fito de serem incorporados nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), numa clara reedição da “Operação tira Camisa”.

 

Na passada sexta-feira, alguns bairros das cidades de Maputo e Matola estavam em polvorosa. Populares munidos de objectos contundentes (paus, pedras e garrafas) barricaram a Estrada Nacional Número Um (EN1) em protesto ao suposto recrutamento compulsivo de jovens. O bairro do Zimpeto, concretamente na entrada do Mercado do Grossista e no Terminal Interurbano também no mesmo bairro, foi o epicentro da fúria popular.

 

“Carta de Moçambique” testemunhou os tumultos. Entoando palavras de ordem e visivelmente revoltados, os populares arremessaram objectos contundentes contra as viaturas que passavam por aquela importante rodovia. E os jovens que não faziam parte do grupo contestatário corriam em debandada, alegadamente fugindo dos supostos recrutadores. A situação só voltou à normalidade graças à intervenção dos agentes (fardados e à paisana) da Polícia da República de Moçambique (PRM). Para repor a ordem, a Polícia teve inclusive de recorrer ao uso da força (disparou para o ar para dispersar os manifestantes). Os tumultos aconteceram no intervalo entre as 10 às 11:00horas.

 

Na entrada do Mercado Grossista do Zimpeto, um autocarro semi-coletivo de passeiros ficou parcialmente destruído, em virtude de ter sido atingido pelos objectos que eram arremessados, em rajada, pelos manifestantes.

 

No entanto, salta à vista o facto da nossa reportagem, que esteve no Mercado Grossista do Zimpeto antes dos tumultos começarem bem como depois do seu término, não ter vislumbrado os “recrutadores”. Nem os recrutadores e muito menos as viaturas de marca Mahindra, que normalmente são usadas pelas FDS.

 

Os vários indivíduos interpelados pelo nosso jornal não conseguiram, no mínimo, traçar o perfil dos recrutadores. Aliás, não conseguimos interpelar um indivíduo que tenha visto os recrutadores e muito menos apresentar as características bem como o modus operandi. Tudo quanto disseram ao nosso jornal é que estavam a “recrutar os jovens” e que o mesmo estava a ser feito por indivíduos com a farda das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

 

Nos vários vídeos (na sua maioria amadores), populares aparecem a fugir dos supostos indivíduos que têm estado a levar a cabo o recrutamento compulsivo. Nos vídeos, que circularam na manhã de sexta-feira, os autores aparecem a afirmar que tais acções aconteceram também no bairro Magoanine C, vulgo Matendene.

 

Nas mensagens (texto e áudio) que circulam nas redes sociais (Facebook e Whatsapp), a lista dos bairros vítimas dos supostos recrutadores é enorme. Só para citar: bairros Patrice Lumumba, T.3, Zona Verdade, Ndlhavela, vila da Manhiça e Marracuene. A ideia subjacente do suposto recrutamento compulsivo é o reforço do efectivo das FDS que está a combater os insurgentes na província de Cabo Delgado.

 

Aliás, até ao fecho desta edição, “Carta” ainda não tinha identificado sequer uma família que tenha visto um ente-querido seu a ser recrutado compulsivamente para o serviço militar obrigatório.

 

Jaime Bessa Neto fala de “desinformação”

 

Horas depois dos tumultos ocorridos no bairro do Zimpeto, as autoridades moçambicanas quebraram o silêncio em torno do assunto. Na pessoa do ministro da Defesa Nacional, Jaime Bessa Neto, o executivo negou redondamente estar a recrutar compulsivamente jovens na cidade e província de Maputo, bem como noutros cantos do país.

 

Jaime Neto disse que se está perante uma onda de desinformação que não tem outro objectivo, senão criar agitação no seio da sociedade. Anotou, de seguida, que de momento não há qualquer necessidade de fazer recrutamento compulsivo, pois, havia efectivo capaz de garantir a ordem e tranquilidade públicas.

 

“Não está a acontecer nenhum recrutamento. Na verdade, esta informação está a acontecer num momento em que está a decorrer o recenseamento militar que é uma actividade normal e que vai até o mês de Fevereiro. Essas informações que estão a circular são completamente falsas e são para provocar agitação”, disse Jaime Neto.

 

Depois da reacção do Ministro da Defesa Nacional, ainda na tarde da passada sexta-feira, a Polícia da República Moçambique veio também a público prestar esclarecimentos à volta do assunto. Orlando Mudumane, porta-voz da PRM, para além de repudiar as manifestações, disse que não estava em marcha qualquer plano de recrutamento compulsivo de jovens para o seu posterior alistamento nas FDS.

 

Mudumane disse que, neste momento, diligências estão a ser encetadas com o objectivo de neutralizar os indivíduos que têm estado a difundir as mensagens e criar agitação na cidade e província de Maputo.

 

Em conexão com os tumultos ocorridos na manhã de sexta-feira, no bairro do Zimpeto, Mudumane disse que havia indivíduos retidos para “identificação policial”. Num outro desenvolvimento, o porta-voz da PRM disse que, desde que as informações sobre os supostos recrutamentos começaram a circular, não receberam qualquer queixa de um pai, dando conta do desaparecimento de um parente seu. (Carta)

Depois do caos vivido nas primeiras horas da passada sexta-feira, o maior partido da oposição, a Renamo, veio a público, já no final do dia, abordar o assunto do “recrutamento compulsivo de jovens” na cidade e província de Maputo.

 

À imprensa, Venâncio Modlane, assessor político do Presidente do partido, Ossufo Momade, disse que o Executivo devia, e com devida urgência, prestar esclarecimentos profundos em torno das informações sobre o alegado recrutamento compulsivo dos jovens para o posterior alistamento nas Forças de Defesa e Segurança (FDS).

 

Tal como disse Mondlane, aparecer publicamente a dizer que as informações que têm estado a circular são “falsas” não era, à partida, o bastante. Esclarecimentos detalhados, para o caso em apreço, disse Mondlane, são imprescindíveis.

 

Para além de considerar as informações apresentadas pelos ministérios do Interior e da Defesa “vazias de conteúdo”, a Renamo anotou que não espelham outra coisa senão a falta de coordenação institucional.

 

“Os comunicados dos ministérios do Interior e da Defesa foram muito superficiais e não respondem aos anseios da população em geral”, disse Venâncio Mondlane.

 

O pronunciamento do maior partido da oposição surgiu na sequência da confusão registada durante a manhã da passada sexta-feira, nalguns bairros da cidade e província de Maputo. O bairro do Zimpeto, concretamente no Mercado Grossista, foi palco de uma manifestação e que só veio cessar com a intervenção da Polícia da República de Moçambique.

 

As informações, sob o alegado recrutamento compulsivo de jovens para o seu posterior alistamento nas FDS, já vêm circulando há dias nas redes sociais. Na essência, destacam que o fenómeno (recrutamento) tem estado a ter lugar nalguns bairros da cidade e província de Maputo e que o mesmo está a ser levado a cabo pelas FDS. (Carta)

segunda-feira, 10 fevereiro 2020 06:23

Os novos deslocados de guerra

Os ataques que ocorrem na província de Cabo Delgado, desde Outubro de 2017, já afectaram 39.875 famílias, estimadas em 156.428 pessoas, que residiam nos distritos alvos dos terroristas. Esta informação consta num documento intitulado “Informe sobre o impacto da acção dos malfeitores nas zonas norte e centro da província”, divulgado pelo Governo provincial de Cabo Delgado, na semana finda.

 

No conjunto, os ataques já afectaram 25 mil crianças, 81.343 (52%) mulheres e destruído 76 escolas, correspondente a 16.760 alunos e 285 professores (que foram redistribuídos por outras regiões). Acrescentando, o Governo Provincial de Cabo Delgado informou que 14 mil famílias de camponeses abandonaram os seus campos de cultivo, assim como 1.981 pescadores dos distritos de Muidumbe e Ibo tiveram de fugir por temer os insurgentes. Também foram vandalizados os Centros de saúde de Nkonga (Nangade), Namaluco (Quissanga), Quiterajo (Macomia) e Maganja (Palma).

 

Segundo consta no Informe do Executivo liderado por Valige Tauabo, os distritos mais afectados são: Macomia (29%), Quissanga (25%), Mocímboa da Praia (19%) e Palma (13%). Ainda surgem na lista os distritos de Nangade, Muidumbe e Mueda.

 

Com as incursões dos insurgentes, em Cabo Delgado, as populações procuram refugiar-se nos distritos de Pemba, Ancuabe, Balama, Chiúre, Ibo, Mecúfi, Meluco, Metuge, Montepuez e Namuno, onde a acção dos insurgentes ainda não chegou. Os outros saem para a vizinha Tanzânia ou para as províncias circunvizinhas.

 

Embora fontes locais tenham relatado, entre 2018 a 2019, decapitações em Ancuabe, Mecúfi, Meluco e nas redondezas de Balama, sete distritos é que vivem constantemente actos macabros dos insurgentes, havendo aldeias que se tornaram autênticas “zonas fantasmas”.

 

Um dado importante é que o informe do Governo provincial não apresenta o número de pessoas que perderam a vida, porém, recentemente, o Bispo de Pemba, Dom Luiz Fernando Lisboa, disse, em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, que os ataques já provocaram 500 mortes e que as Forças de Defesa e Segurança (FDS) não estão a ser capazes de conter a violência, tendo um dos ataques decorrido em finais de Janeiro e princípio de Fevereiro em aldeias situadas a 120 km de Pemba.

 

Para o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Andrej Mahecic, os ataques já criaram pelo menos 100.000 deslocados internos e as pessoas têm vindo a fugir de decapitações, sequestros em massa e aldeias queimadas. ACNUR diz que os ataques, em Cabo Delgado, já atingiram nove, dos 17 distritos da província. No comunicado a que “Carta” teve acesso, a organização contabilizou 28 ataques desde o início do ano.

 

No entanto, a ACNUR diz que vai ajudar a coordenar todas as actividades de protecção, através de uma parceria com o Governo moçambicano, tendo-se comprometido em apoiar com dois milhões de USD para 15 mil deslocados internos, numa primeira fase.

 

Um facto realçado no informe do Governo provincial é que 52 mil pessoas afectadas já receberam assistência, apoio psicossocial, produtos alimentares, vestuário e materiais para reconstrução das casas queimadas pelos insurgentes, sendo os distritos de Mocímboa da Praia e Ilha do Ibo recebido apoios em 100%.

 

Os ataques naquela região do país já levaram o governo a solicitar os serviços do grupo paramilitar russo – Wagner – entretanto, o grupo viria a sofrer baixas, que ditaram divergências com as FDS, levando o mesmo a ficar apenas em questões de formação e “mentoria”. Entretanto, nem Maputo e muito menos Moscovo confirmaram a presença de mercenários russos, em Cabo Delgado.

 

Os insurgentes têm, nos últimos meses, usado uma estratégia de propaganda, alegadamente coordenada pelo Estado Islâmico (EI), em que vídeos, fotos e comunicados, reivindicando vitórias, se têm tornado virais nas redes sociais como Twitter, WhatsApp, Telegram e Facebook.

 

Os ataques em Cabo Delgado vêm ganhando proporções preocupantes e desafiantes, levando o Presidente da República, Filipe Nyusi, a acusar, mas sem mencionar nomes, existência de financiadores internos e externos dos actos macabros que há dois anos vêm tirando sono, a vida e um futuro de um povo que teve “o azar de nascer numa das terras mais ricas de Moçambique, África e do mundo”. (O.O.)

E porque é de comunicados lacónicos que se faz a gestão da situação de instabilidade militar de que está abraços o país desde Outubro 2017, esta quarta-feira, veio mais um. “As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa”, assim reagiu a Polícia da República de Moçambique (PRM), quando debruçava-se sobre a ponto de situação nas províncias de Cabo Delgado, Sofala e Manica.

 

Na nota, a PRM assegura, no quadro da “prontidão combativa”, que se tem desdobrado em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas com um e único objectivo no horizonte: “Prevenir” e “combater” toda e quaisquer investidas dos indivíduos que estão a semear luto, dor, terror e a destruir de infra-estruturas (públicas e privadas) no norte de Cabo Delgado, bem como em Sofala e Manica.

 

“As Forças de Defesa e Segurança estão em prontidão combativa, desdobrando-se em várias frentes operativas, em patrulhas ostensivas, visado prevenir e combater quaisquer incursões de malfeitores nalguns distritos do norte de Cabo Delgado e os ataques armados perpetrado por Homens da Renamo, nalguns focos das províncias de Sofala e Manica”, diz, esta quarta-feira, a nota de imprensa do Comando Geral da PRM.

 

No entanto, apesar do discurso audacioso, os “malfeitores”, no terreno, tendem a mostrar cada vez mais o controlo do “teatro operativo” e, consequentemente, atribuindo um certificado de manifesta incapacidade às Forças de Defesa e Segurança (FDS) no que a resposta à altura diz respeito.

 

Esta terça-feira, por exemplo, homens armados emboscaram e assassinaram a tiro um condutor de uma viatura de caixa aberta na região de amatongas, distrito de Gondola, na província de Manica.

 

O ataque ocorreu a escassos metros do local, onde está instalada uma posição das FDS. Sobre a autoria do ataque armado, que ocorreu na Entrada Nacional Número Seis (EN6), no trajecto Gondola-Inchope, as autoridades imputam aos homens armados da Renamo, o maior partido da oposição do xadrez político nacional.

 

Ainda na terça-feira, os insurgentes atacaram as comunidades Nrahra, Mussomero, Namadai, Namiruma e Mahate, no distrito de Quissanga, situado a cerca de 100 quilómetros da cidade de Pemba, onde impiedosamente decapitaram sete cidadãos. Para além decapitar, o bando atacante, munido de armas brancas e fogo, queimou inúmeras palhotas e ainda o Centro de Saúde de Mahate.

 

Na semana passada, os indivíduos, ao que tudo indica inspirados no radicalismo islâmico extremo e até aqui sem rosto, visaram, igualmente, o distrito de Quissanga, e, uma vez mais, mataram, feriram, pilharam e destruíram diversas infra-estruturas. Os postos administrativos de Bilibiza e Mahate foram o rosto da macabra investida dos insurgentes.

 

O Bispo de Pema, Dom Luís Fenando Lisboa, citado pela Fundação AIS (Ajuda à Igreja que Sofre), estima que os ataques armados em Cabo Delgado já fizeram mais de 500 mortos.

 

O Prelado descreve a situação no terreno como sendo de uma verdadeira “tragedia” e que, além dos inúmeros mortos, há também número considerado de deslocados.

 

Os ataques armados a alvos civis e militares naquela parcela do país têm lugar desde Outubro de 2017. (I.B.)

Foto: Jornal IKWELI

Foi à margem da celebração do dia dos Heróis Moçambicanos que membros da Associação dos Combatentes da Luta Armada de Libertação Nacional (ACLLN), na Cidade de Nampula, acusaram o Presidente da República e do Partido Frelimo, Filipe Nyusi, de estar a enviar jovens ou miúdos para linhas de combate mortíferas, no lugar de entrega-lhes armas para combaterem os insurgentes que, desde Outubro de 2017, vêm aterrorizando a Província de Cabo Delgado.

 

Em entrevista concedida ao Jornal Ikweli esta segunda-feira, baseado em Nampula, Jacinto Kavandane, membro da ACLLN em Nampula e que na ocasião se encontrava rodeado por outros integrantes da associação, disse: “nós antigos combatentes estamos preparados para combater nesta guerra, é só Nyusi chamar os antigos combatentes para essa guerra”.

 

Indo mais, o entrevistado afirmou: “ele fala com a população, mas para os antigos combatentes não diz nada”. Kavandane disse que os antigos combatentes estão a pedir armas e pistolas para irem combater os insurgentes. “Eu não sou médico para ter medo de morrer, quero ir combater esses que matam pessoas nas aldeias, não podem proibir as armas”, afirmou Kavandane.

 

Acrescentando, Jacinto Kavandane rebateu a afirmação segundo a qual “os antigos combatentes não têm força porque estão doentes, referindo: “mas existem aqueles um pouco novos e com muita força, deviam escolher esses e entrega-lhes as armas. Nós vamos combater, não devemos assistir os insurgentes a decapitarem pessoas desta maneira”, rebateu o membro da ACLLN.

 

Portanto, já em Maputo, durante o discurso oficial do dia 3 de Fevereiro, Dia dos Heróis Nacionais, Filipe Nyusi lamentou o facto de se estar a registar ataques armados na zona centro e norte do país, tendo na ocasião reiterado: “sem medir esforços, as Forças de Defesa e Segurança (FDS) continuam a trabalhar para devolver a tranquilidade aos moçambicanos. Continuaremos a perseguir em todo o país aqueles que matam os moçambicanos”, disse. Nyusi exortou ainda, durante o discurso, a população a cooperar com as FDS.

 

Estes posicionamentos surgem dias depois de serem divulgadas fotos dos insurgentes na posse de um blindado e armamento das FDS em Cabo Delgado, curiosamente depois do ataque ocorrido na semana finda em Bilibiza, Distrito de Quissanga, a pouco mais de 50 km da Cidade de Pemba, capital da Província de Cabo Delgado.

 

O ataque em Bilibiza foi um dos mais destruidores desde que a onda dos ataques começou há dois anos, levando várias pessoas a fugirem para Pemba por medo de mais uma “acção bárbara” dos insurectos que já mataram mais de 350 pessoas segundo dados oficiais avançados no ano passado e mais de 60.000 deslocados conforme as Nações Unidas, nos Distritos de Macomia, Nangade, Palma, Mocímboa da Praia, Quissanga e Muidumbe. (Carta)

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