O Ministro da Defesa Nacional, Atanásio Mʼtumuke, confirmou à "Carta", esta terça-feira (25 de Junho), à margem das celebrações do 44º aniversário da independência nacional, que os insurgentes atacaram o Posto Administrativo de Diaca, no distrito de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado. O ataque ocorreu na madrugada da passada segunda-feira (24 de Junho), tendo resultado na morte de sete civis.
Sem avançar detalhes sobre o sucedido, Mʼtumuke preferiu centrar o seu discurso na reivindicação do grupo terrorista Estado Islâmico que, há dias, disse ter atacado uma posição das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, no distrito de Mocímboa da Praia.
Para o governante, a reivindicação do Estado Islâmico não passa de uma alegação apenas, pois, no seu entender, existem pessoas que querem desestabilizar o país, como foi durante a guerra dos 16 anos.
O governante reiterou ainda a necessidade de a população de Cabo Delgado denunciar os insurgentes que têm aterrorizado aquela província, desde 05 de Outubro de 2017. Garantiu também que as Forças de Defesa e Segurança vão continuar a defender a soberania nacional, no intuito de garantirem o desenvolvimento do país. (Omardine Omar)
O primeiro-ministro moçambicano, Carlos Agostinho do Rosario, disse a jornalistas em Nova Iorque que o governo está a elaborar uma matriz de projectos, por áreas e sectores, a ser realizada na reconstrução da cidade central. da Beira, que foi devastada pelo ciclone Idai em Março. Os primeiros desembolsos, das promessas de 1,2 mil milhões de dólares feitas na conferência de doadores realizada na cidade da Beira em 31 de Maio e 1 de Junho, são esperados em Julho e Agosto, daí a necessidade de assegurar uma matriz de projectos.
Rosario falava numa conferência de imprensa, marcando o fim de uma visita de trabalho a Nova York, onde participou da Quarta Sessão Temática Especial das Nações Unidas sobre Água e Desastres.
“Cabe a nós projetar a matriz do que fazer e como e quando fazê-lo durante a fase de reconstrução”, disse ele. “Sabemos que os aspectos técnicos e administrativos estão em andamento, o que garantirá que os primeiros desembolsos começarão a fluir em Julho e Agosto”. Na matriz de projetos, dois se destacam. Uma é a infra-estrutura fundamental, como estradas e pontes, ferrovias e linhas de transmissão de eletricidade. O outro é o alojamento. Em ambas as áreas, reparos de emergência foram realizados imediatamente após o ciclone, mas ainda há muito a ser feito.
“Queremos dividir o pacote que emergiu da conferência da Beira em vários projetos bem estruturados e direcionados que podemos vender aos nossos parceiros”, disse Rosario. “Há quem queira apoiar o setor de saúde, outros interessados no abastecimento de água, outros na habitação - daí a preparação de pacotes para instituições internacionais e até para personalidades”. As representações diplomáticas moçambicanas vão também desempenhar um papel importante, acrescentou, porque devem acompanhar os contactos feitos com parceiros individuais e institucionais que expressaram o desejo de trabalhar com Moçambique. (AIM)
Dados publicados, recentemente, pelo Banco de Moçambique (BM), na sua análise sobre a Balança de Pagamentos (BoP), referentes ao exercício económico de 2018, indicam que o Investimento Directo Estrangeiro (IDE), no ano passado, mostrou uma recuperação, ao sair dos 2,293.1 milhões de USD, registados, em 2017, correspondentes a 18 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) para 2,692.3 milhões de USD, em 2018, equivalente a 18 por cento do PIB, registados no ano de 2017.
De acordo com a BoP, o resultado demonstra uma reviravolta na tendência para queda que se registou de 2013 a 2017, justificado pelo fim de um ciclo por parte dos Grandes Projectos (GP), que esteve associado à entrada, em produção, das unidades fabris dos maiores investimentos realizados no período entre 2010 e 2013.
Como consequência, explica o documento, “o facto concorreu para a redução na demanda por novos recursos de investimentos e ainda à espera pela decisão final de investimentos por parte das empresas e/ou aprovação legal de projectos de investimento por parte do Governo”.
A BoP esclarece ainda que, do total de aumento registado, em 2018, 74.8 por cento foi realizado pelos GP, na ordem de 2,013.3 milhões de USD, e estes, mais uma vez, ocupam a posição de motor direccional do IDE, dado que as restantes empresas do País registaram um decréscimo de 51 por cento, para 679.0 milhões de USD, o equivalente a 25.2 por cento do total.
Em termos sectoriais, o relatório do BM demonstra que a indústria extractiva mantém a sua posição de maior receptor do IDE na economia, com 2,080.4 milhões de USD (77 por cento), dos quais 83 por cento absorvidos pelo sector de gás.
“Em seguida, tem-se a indústria transformadora (7 por cento) e a actividade imobiliária e prestação de serviços com 4 por cento”, acrescenta a fonte.
Para além dos referidos sectores, o BM realça, na BoP, que o investimento realizado no sector de educação, representa um possível novo foco do IDE, em Moçambique, não obstante, em termos de peso, ser menos de 1 por cento do total, situando-se em 12.9 milhões de USD.
No que tange à origem do IDE de 2018, o relatório do BM realça maiores influxos dos Países Baixos, do Japão e da Itália, todos com investimentos, maioritariamente, direccionados para a indústria extractiva.(Evaristo Chilingue)
As receitas de exportação de produtos agrícolas fixaram-se em 301.8 milhões de USD, em 2018, um decréscimo de 10.1 por cento face ano anterior, em que foram encaixados 335.7 milhões de USD, referem dados da Balança de Pagamentos (BoP), recentemente, publicada pelo Banco de Moçambique (BM).
De acordo com o documento, o decréscimo da receita total do sector pode ser explicado pela queda das receitas de exportações de castanha de caju e algodão em 68.8 por cento e 68.1 por cento, respectivamente.
Do lado do algodão, a BoP explica que a contracção na exportação foi resultado de incêndios em duas empresas de fomento, que afectaram parte da produção e, consequentemente, as quantidades exportadas.
“Em sentido contrário, destaca-se a exportação de tabaco, justificada pelo aumento do preço médio internacional em cerca de dois por cento”, observa o relatório.
No geral, em 2018, o país gerou receitas de exportações totais de 5,195.6 milhões de USD, equivalentes a 37.7 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), um crescimento de 10 por cento face aos 4,725.3 milhões de USD, registados no ano anterior.
Segundo o BM, no período em análise, a evolução das exportações foi, maioritariamente, influenciada pelo desempenho dos Grandes Projectos (GP), que foram responsáveis por um total de 75.3 por cento das receitas, num montante equivalente a 3,913.2 milhões de USD (28.4 por cento do PIB), aparecendo o carvão mineral (USD 1719.1 milhões) e o alumínio (USD 1234.2 milhões) na dianteira, como produtos de maior fonte de captação de receitas de exportação.
Contudo, “dados dos últimos oito anos indicam que, apesar de se registar um crescimento relativo das receitas das exportações tradicionais, em termos absolutos, o seu peso tem vindo a decrescer, sobretudo, a partir de 2015, com o peso a passar de cerca de 39 por cento, em 2013, por sinal o valor mais alto dos últimos oito anos, para 15.7 por cento, em 2018, situação resultante do forte dinamismo imposto pelos GP, traduzido num rápido aumento da receita de exportação deste grupo, sobretudo do carvão, quando comparado com as exportações dos sectores tradicionais”, lê-se na BoP.
Ainda no domínio das exportações, o documento salienta, porém, a evolução dos produtos da indústria extractiva (com destaque para o carvão mineral), que tiveram um peso de 46.6 por cento do total das exportações, contribuindo com USD 2,421.8 milhões, um crescimento de 3.2 por cento face ao ano de 2017, em que o sector contribuiu para a receita total em 2346.8 milhões de USD.
A BoP destaca também o crescimento das receitas dos produtos da indústria transformadora (com enfoque para o alumínio) que, no ano passado, se fixaram em 1,551.4 milhões de USD, um incremento de 26.5 por cento face aos 1,226.5 milhões de USD registados, em 2017.
De acordo com a fonte, das evoluções há ainda a destacar o crescimento de 66.1 por cento nas receitas de exportação do açúcar, para 88.2 milhões de USD, perante os 53 milhões de USD registados no ano anterior, como resultado do aumento da capacidade produtiva nacional, nomeadamente, por via da expansão de campos de cultivo de cana e investimentos nas unidades fabris.
“O destaque vai também para a evolução das receitas da exportação de energia eléctrica que, no ano passado, registaram uma melhoria de 6.8 por cento, tendo atingido o montante de 385.5 milhões de USD, justificada, fundamentalmente, pela aceleração do preço”, acrescenta a BoP.
Principais destinos das exportações
No que tange ao destino das exportações, no ano de 2018, a BoP destaca a Índia, com um peso no total das exportações de 27.6 por cento, seguido dos Países Baixos, da África do Sul, da China e da Itália, com 22.2 por cento, 17.2 por cento, 5.8 por cento e 1.4 por cento, respectivamente. (Evaristo Chilingue)
Depois de ter denunciado o recrudescimento do tribalismo, na sua formação política, a Frelimo, o ex-Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, voltou a defender a necessidade da união e auto-estima entre os moçambicanos, como condição sine qua non para um futuro melhor.
A tese foi defendida, esta terça-feira, à margem das comemorações dos 44 anos da independência nacional, quando questionado pelos jornalistas sobre o futuro do país, tendo em conta a actual situação política, social e económica do país.
Tal como estava previsto, o partido Renamo formalizou, esta quarta-feira, a candidatura de Ossufo Momade, presidente do partido, à Presidência da República, nas eleições de 15 de Outubro próximo. E como avançara “Carta”, na manhã de ontem, o novo timoneiro da “Perdiz” não se fez presente no Conselho Constitucional (CC) para, de perto, assistir à entrega da sua candidatura para a eleição presidencial, na qual, até aqui, vai disputar a corrida com Filipe Nyusi (Frelimo) e Daviz Simango (Movimento Democrático de Moçambique).
E porque a vinda de Ossufo Momade a Maputo para assistir ao processo de entrega do expediente, ao CC, era vista como de vital importância para dissipar todas as dúvidas que pairam à volta da “solidez” da sua liderança, a sua ausência, praticamente, dominou toda a cerimónia.
A Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição em Moçambique, anunciou ontem ter identificado "possíveis" centros de acantonamento para os membros do seu braço armado, como sinal de compromisso com o processo de paz.
"O grupo [da Renamo] encarregue do DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração] rodou por todas as províncias a fazer a identificação das bases da Renamo e a identificar os possíveis locas para o acantonamento", declarou o secretário-geral da Renamo, André Majibire.
A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) deverá conseguir o financiamento necessário para garantir a sua participação nos projectos de gás natural da bacia do Rovuma, escreveu a Economist Intelligence Unit (EIU). O projecto Área 1, liderado pelo grupo americano Anadarko Petroleum Corporation, exige que cada parceiro angarie os fundos necessários para garantir a sua participação, sendo que no caso da ENH, que detém 15% do consórcio, esse montante ascende a dois mil milhões de dólares.
A EIU afirma que a estatal não deverá ter dificuldade em angariar aquela soma de dinheiro, não obstante todos os problemas relacionados com as dívidas contraídas por empresas públicas com avais do Estado cujos juros nunca foram pagos nem o capital começou a ser amortizado. O mais recente relatório da EIU sobre Moçambique recorda que o projecto Área 1 é sólido em termos financeiros, envolve empresas estrangeiras credíveis, que o processo é transparente e que foi aprovado pelo parlamento do país, o que não aconteceu com a emissão de euro-obrigações e os dois empréstimos contraídos por três empresas públicas.
O início do processo de exploração dos depósitos de gás natural, cuja decisão final de investimento do bloco Área1 foi anunciado no passado dia 18 de Junho corrente, irá desempenhar um papel importante na evolução do Produto Interno Bruto do país, que a EIU prevê venha a crescer à taxa de 7,5% em 2023.
Este ano a economia de Moçambique deverá registar uma contracção de 2,2%, para voltar a terreno positivo em 2020, com uma taxa de 2,7% e de 5,6% nos anos de 2021 e 2022. A EIU recorda, no entanto, que o mercado mundial de gás natural regista neste momento uma oferta que excede a procura, se bem que a decisão final de investimento do bloco Área 1 tenha sido tomada depois de o consórcio ter conseguido contratos de longo para o fornecimento de 11,18 milhões de toneladas de gás natural por ano, nomeadamente nos mercados da Ásia. A contracção económica prevista para este ano deriva dos prejuízos de grande dimensão causados em infra-estruturas, edifícios, portos e campos agrícolas com a passagem dos ciclones Idai e Kenneth. (Macauhub)
"Concerto Étnico: Tradição e Transformação"- é resultado de uma residência artística de cerca de duas semanas, com artistas de Moçambique, África do Sul e eSwatini, TRKZ, Rhodália Silvestre, Nkhosenathi Koela, NBC, Edna Jaime, Thobile Makhoyane, Texito Langa, Madala Matusse e Orlanda da Conceição.
(28 de Junho, às 20:30Min no Centro Cultural Franco-Moçambicano)
As cicatrizes representam os combates. Tanto dos heróis, como dos covardes. Em cena, dois artistas (Actor e Bailarino) guiados pela poesia do escritor Mia Couto, narram dramaturgicamente a história de África e de Moçambique em particular numa perspectiva contemporânea. Uma visão completamente africanista do antes e pós-colonização, através da tradição oral e expressão corporal (dança) daqueles que sentiram na pele a discriminação e rejeição dos seus valores pessoais, morais e culturais perdidos na conjuntura do ocidentalismo. Esta peça procura dar voz aos que permanecem calados, como forma de içar a bandeira da liberdade de ser e estar numa África unida e livre de preconceitos.
(27 de Junho, às 18Hrs na Fundação Fernando Leite Couto)