No fim de Fevereiro, duas passageiras que procuraram os serviços da Yango relataram o perigo iminente de utilizar o táxi por aplicativo. Nos dois casos, os “supostos” motoristas estavam acompanhados por indivíduos de conduta duvidosa, o que não é habitual para este tipo de serviço.
Em conversa com a “Carta”, as passageiras relataram que foram obrigadas a cancelar as viagens com medo de que algo de mal pudesse acontecer. Diante disso, entraram em contacto com os operadores do aplicativo para denunciar o caso e buscar solução das suas inquietações.
Dias depois, uma das passageiras recebeu ameaças de um dos supostos motoristas solicitando um encontro com ele, o que não ocorreu. Ela então teve de reportar o incidente a outras instâncias.
Diante dessas inquietações, juntamente com relatos de outros passageiros e até mesmo de motoristas que se sentem injustiçados pela forma como têm operado desde o fim do ano passado, a nossa reportagem procurou ouvir a reacção da direcção da Yango.
No dia 20 de Fevereiro, entramos em contacto com o Director Regional da Yango, Mahommed Zameer Adam, solicitando uma entrevista para que ele pudesse esclarecer a polémica. Em resposta, ele recomendou-nos a encaminhar o pedido por email para o endereço: pryango.com. Percebendo a demora na resposta, enviamos uma nova mensagem no dia 24 de Fevereiro e, após isso, fomos orientados a continuar aguardando.
No dia 25 de Fevereiro, o assessor da Yango em Angola entrou em contacto com a “Carta” e pediu que reenviássemos um email para um novo endereço, com algumas questões. Seguindo a orientação, enviamos as perguntas básicas.
Eis algumas das questões enviadas: o que a Yango pode relatar sobre as denúncias de assédio sexual por parte dos motoristas, feitas pelas passageiras?
Qual a posição da Yango em relação aos casos de tentativas de sequestro de passageiros por motoristas?
Qual é a opinião da empresa sobre as actuais taxas praticadas pelo aplicativo, que têm gerado bastante contestação por parte dos motoristas?
Entretanto, não obtivemos nenhuma resposta até que decidimos publicar a reportagem no dia 3 de Março. Posteriormente, enviamos a matéria para o Director da Yango na esperança de que ele se sensibilizasse e nos concedesse a entrevista solicitada. No mesmo dia, ele reagiu enviando um texto no qual falava sobre o assunto, mencionando uma entrevista que concedeu a outro jornal. Ele escreveu a seguinte mensagem:
“Como jornalista, deveria apurar melhor os factos e não se limitar às histórias das redes sociais. Tem algum caso concreto ou apenas se baseou nas histórias que aparecem nas redes sociais? Pelo que vejo no artigo, você apenas copiou o que foi relatado nas redes sociais”.