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quarta-feira, 12 dezembro 2018 06:27

Psicologia Moçambicana ou Psicologia(s) da Diversidade?

Escrito por

Dulce Maria Passades Pereira
Moçambique pode ser pensado como sendo uma bela donzela ou um belo adolescente na fase da puberdade, com todas as suas mutações lógicas e (i)lógicas, conscientes e inconscientes, ou melhor, na fase da adolescência, diríamos que a donzela e o adolescente estão numa fase (i)rracional, com várias nuances e desempenhando vários papéis no seu quotidiano rumo a uma identidade que naturalmente não se quer linear e vertical, mas sim, complexa, curiosa, flexível, elástica, horizontal e diferente na sua diversidade.


A cronologia histórica pode ser percebida da seguinte forma: primitiva, antiguidade clássica, idade média, renascimento, humanismo, modernidade e as suas revoluções e a fase contemporânea, ou seja, a fase actual. Como pensar e indagar na nossa contemporaneidade? Ou a nossa fase contemporânea per si se quer unique e nos fará regredir para o renascimento, onde depois de um ‘longo’ sono, estamos a despertar cheios de energia para um presente que clama por acção, empatia e relação entre eu e outro, longe do nossismo, ou seja, se não pensas como eu estás contra mim e és meu inimigo, ou melhor, um renascimento possível onde a donzela e o adolescente contrariados, não deixam de ser elegantes e cordiais, pensam diferentes, mas no final querem o bem e o melhor Moçambique.

 

Psicologia Moçambicana o que seria?
A Psicologia actual pode ser vista como sendo a ciência do comportamento e dos processos mentais, mas, outrora ela foi pensada como sendo o estudo da alma, do espírito, da mente e da consciência. Qual destas nuances melhor se enquadra no contexto moçambicano? A nuance da psicologia de ‘faz de conta’, não diríamos fake, mas sim, ‘agimos’ na nuance da psicologia do comportamento e dos processos mentais, mas pensamos e vivemos na espiritualidade, cuidamos e acarinhamos os nossos espirítos, os nossos antepassados, cuidamos das almas. Enquanto uns têm médico de família, nós temos médicos tradicionais de família, temos os corpos com 111 ou 1111, temos os corpos embelezados pelas lâminas, mas as roupas nos modelos ocidentais feitas a capulana cobrem.


A psicologia moçambicana que deve espelhar os anseios diversificados da donzela e do adolescente, ela se faz a partir dos significados, das percepções, dos pensamentos, dos sentimentos, das espiritualidades, das culturalidades, das emoções, das tradições, dos mitos, dos tabus, das crenças, ou seja, o lugar da localidade (o local) na análise da donzela e do adolescente, o que significa ser moçambicana e ser moçambicano para os locais, e que significado tem os não locais sobre esta forma de ser, estar e fazer em Moçambique.

 

Como estruturar a psicologia moçambicana num contexto rico pelas diferenças e diversidades? Metodologicamente como a faríamos?
Para tal precisamos renascer culturalmente, espiritualmente e mentalmente.
Como operacionalizar a psicologia moçambiana, num contexto diverficado, simples e complexo, num contexto de várias línguas nacionais, de várias culturas, de várias etnias, de várias tribos, de gastronomia rica, da mucapata, da mucinka, do tufo, do mapiko, do yao, da marrabenta, das capulanas, das rainhas, das donas do vale do Zambeze, mas também dos ghules, o que seria psicologia aqui neste país da donzela e do adolescente!

1. No processo de renascimento cultural, espiritual e mental, precisamos participar de uma ‘cerimónia tradicional’ para nos despirmos dos nossos preconceitos, para termos uma open mind e não close mind;
2. Aceitar que o país é livre na sua elasticidade e dimensão mental, cultural e territorial;
3. Aceitar e perceber com base nos ethos local que o país é diferente e deve ser assim pensado e percebido de forma open;
4. Encontrar o belo nas tribos, no lugar de tranforma-lá num jargão;
5. As pessoas não são iguais, mas elas podem ser iguais na sua diversidade na peneira da moçambicanidade;
6. O pensar diferente num país livre e democrático é e deve ser normal;
7. A moçambicanidade não deve ser pensada e construída na fórmula top down, mas, na fórmula que não é mágica, down top, ou seja, os elementos para pensar o ethos Moçambique não são macros, não estão nos gabinetes, mas, são micro, estão no quotidiano, nas pequenas realidades, nos grupos pequenos, nas conversas informais, nos mitos, nas falas, nos sensos comuns.


Portanto, a psicologia moçambicana não é inside the box, mas sim, out of the box, ou seja, elástica e diversificada, pois, psicologicamente as pessoas são diferentes e por meio da comunicação, da socialização, da cultura, do comportamento, elas passam a criar um eu social, que não substitui eu local, real e pessoal.

 

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