Quando passam quase dois meses, desde o surgimento do coronavírus, na cidade de Wuhan, na República Popular da China, o continente africano começa a ficar em alerta máximo. Na última sexta-feira, o Ministério da Saúde Egípcio confirmou o primeiro caso da epidemia, em África, tendo sido detectada num cidadão estrangeiro, mas sem revelar a sua nacionalidade.
Entretanto, a fonte garantiu que os resultados das 17 pessoas com que o indivíduo manteve contactos deram negativo, mas permanecem em quarentena domiciliar para monitoria durante os 14 dias recomendados.
Porém, esta segunda-feira, foi a vez do vizinho Reino de Eswatini registar um caso suspeito, que ainda aguarda pela confirmação laboratorial. Lembre-se que, até esta segunda-feira, dados apontavam para a morte, pelo coronavírus, de 1.665 pessoas, num total de 68.500 infecções.
Já no nosso país, ainda não há registo de casos do coronavírus. De acordo com os dados do Ministério da Saúde (MISAU), até ao último domingo, 16 de Fevereiro, já tinham sido rastreados, em todo o país, 97.368 cidadãos, dos quais 468 provenientes da China, mas com os resultados a darem negativo.
Segundo o MISAU, o nosso país consta da lista dos países cuja prioridade é “número 2”, dos três níveis estabelecidos pela OMS para efeitos de preparação e resposta, no continente africano. Neste grupo, fazem parte também os países como Ruanda, Madagáscar, Guiné-Conacri, Zimbabwe, Senegal, Seychelles, Guiné Equatorial, Gabão e Mauritânia.
A “prioridade 1” vai para África do Sul, Maurícias, Etiópia, Quénia, Uganda, Gana, Nigéria, Zâmbia, Tanzânia, Argélia, Angola, Costa do Marfim e República Democrática do Congo; enquanto a terceira e última prioridade vai para os restantes países.
Refira-se que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que uma vacina contra o novo coronavírus, detectado na China, em finais de Dezembro de 2019, deve demorar cerca de um ano e meio a ser desenvolvida. “A primeira vacina poderá estar pronta em 18 meses. Agora temos de nos preparar para usar as armas que temos ao nosso alcance para lutar contra este vírus”, declarou o Director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, semana finda, numa conferência de imprensa, em Genebra, na Suíça. (Carta)
Orlando Massianda acena com dois pepinos agarrados à mão para uma coluna de viaturas que passa a alta velocidade. Quer para tentar vender a quem passa a produção tradicional da família, numa região rural que recuou para o cenário de zona de guerra, no centro de Moçambique.
“Essa situação repete-se há várias semanas: os carros já não param para comprar o pepino, porque passam escoltados”, disse Orlando à Lusa, enquanto regressa a casa com as suas três peneiras cheias de pepinos.
“Esses pepinos, produzimos fugindo dos tiros. Um dia capinávamos e noutro não, por causa dos ataques”, acrescenta o camponês de 36 anos, que lamenta agora a falta de clientes.
As forças de defesa e segurança reativaram há quase dois meses as colunas de escoltas obrigatórias na N1, a principal estrada de Moçambique, no troço Muda Serração – Muxungue, para repelir os ataques de homens armados nas províncias de Manica e Sofala.
O troço é alvo de emboscadas a autocarros e viaturas de carga desde agosto, violência que a Polícia atribui à autoproclamada Junta Militar da Renamo, um grupo de dissidentes do maior partido da oposição que mantém entrincheirado naquela zona um número desconhecido de guerrilheiros.
“Os carros passam a alta velocidade e ninguém quer arriscar a vida, parando para comprar pepinos ou carvão vegetal, que são a nossa fonte de sobrevivência”, reconhece Adriano Mafuca, camponês do povoado Chibuto 1, enquanto enfarda carvão vegetal num saco de rafia, que não sabe se terá um cliente.
Os “bazares de rua”, locais onde a população monta bancas nas bermas da principal estrada para vender produtos agrícolas da época ou bebidas tradicionais locais - à base de palmeiras e ervas silvestres -, agora viraram “lugares fantasma”.
Adriano Mafuca garante que nunca houve um ataque no “bazar de pepinos”.
Mas uma paragem de um motorista seria uma desobediência às ordens da escolta, cuja introdução pretende também cortar a logística do grupo de atacantes, que é abastecido através da principal estrada.
“Os negócios pioraram com a introdução das escoltas. Os carros passam duma única vez [escoltados nas quatro passagens diárias de ida e volta] e depois fica tudo em silêncio”, observa Maria Majude, uma camponesa de Chipue, uma aldeia esquálida pela fuga dos habitantes e comerciantes, junto a N1.
Pelo menos cinco posições policiais e acampamentos com viaturas de patrulha e motas existem agora no troço Muda Serração - Muxungue, tais como os de Chibuto 1 e Mutindiri 2, onde esta semana as colunas escoltadas pelas forças policiais foram metralhadas por duas vezes.
Para Paulo Cristóvão, um camionista que a Lusa encontrou numa fila que espera pela coluna e que faz a viagem no troço todas as segunda e terças-feiras, as escoltas reduziram a insegurança na rodovia, mas ainda não conseguiram conter os ataques de grupos armados na região.
“As escoltas travaram um pouco a insegurança, mas ainda ontem uma viatura foi atacada dentro da escolta, embora sem feridos”, disse à Lusa Paulo Cristóvão, que lamenta atrasos nas escoltas.
Os novos ataques na região já provocaram 22 mortos desde que se iniciaram a 6 de agosto, depois de anunciado um acordo de paz entre o Governo e a Renamo, contestado por guerrilheiros deste partido, que reclamam melhores condições de desarmamento.(Lusa)
Pelo menos seis cidadãos, de origem asiática, sendo cinco chineses e um coreano, estão neste momento em quarentena, desde a tarde da última sexta-feira, 14 de Fevereiro, na cidade de Nampula, capital da província com o mesmo nome. Os cidadãos foram rastreados e, imediatamente, isolados após terem desembarcado no Aeroporto Internacional de Nampula.
Dos testes preliminares, efectuados momentos depois do desembarque, não se constatou a possível contaminação de coronavírus, uma doença que, actualmente, já matou mais de 1.600 pessoas e contaminou milhares de cidadãos na China.
Esta informação foi revelada, no final da sexta-feira, por Mety Gondola, Secretário do Estado da província de Nampula, à margem de um encontro que manteve com os jornalistas e outros quadros do sector da comunicação social – das empresas públicas e privadas – baseados na terceira maior cidade do país.
Neste momento, os seis cidadãos asiáticos estão em quarentena nos seus locais de residência, à semelhança do primeiro caso registado no país, principalmente na cidade de Maputo, em que estiveram num dos hotéis da capital moçambicana.
Para Gondola, este período de quarentena tem por finalidade evitar possível contaminação da doença a nível da província e, posteriormente, propagação para o país. Ao contrário dos 14 dias, período mínimo estabelecido, estes, segundo o Secretário do Estado de Nampula, terão de ficar isolados dos outros cidadãos por um mês e com um acompanhamento dos profissionais do sector da saúde por questão de precaução.
Ainda assim, Gondola assegura que não há motivos de alarme e que uma equipa de médicos está a monitorar a situação a nível da província mais habitada de Moçambique, com mais de seis milhões de habitantes, para evitar a eclosão da doença.
Mesmo sem revelar se há ou não capacidade instalada para acomodar cidadãos em período de quarentena, na cidade e província de Nampula, com prováveis sintomas do coronavírus, Gondola disse que a província está em condições de receber cidadãos de diferentes cantos do mundo. (Carta)
A maior unidade sanitária do país, o Hospital Central de Maputo (HCM), encontra-se com défice de sangue. A informação foi partilhada pela unidade sanitária, na última sexta-feira (14 de Fevereiro), porém, sem avançar a quantidade do stock existente.
Segundo a Enfermeira Chefe do Banco de Sangue, do HCM, Maria Justina Manjate, as quantidades de sangue de todos os grupos sanguíneos, com maior destaque para o grupo “O”, não são suficientes para satisfazer a demanda, facto que já obrigou o cancelamento de cirurgias colectivas, as que podem aguardar por uma “ocasião propícia”, como forma de dar prioridade às cirurgias mais urgentes.
Manjate disse ainda que não é uma condição e nem obrigação doar sangue para se proceder uma transfusão de sangue ou beneficiar de uma intervenção cirúrgica e que nunca houve morte no HCM por conta da falta de sangue.
A fonte refere que a redução do stock de sangue está associada ao período de férias dos alunos nas escolas, instituições, as altas temperaturas e chuvas que se fazem sentir nos últimos dias um pouco por todo o país, inclusive na cidade e província de Maputo.
Segundo a fonte, uma vez que os alunos retomaram às aulas, há esperança que o stock seja reposto o mais breve possível, uma vez que poderão retomar com as campanhas de doação de sangue nestas instituições e há espectativas de respostas satisfatórias.
Entretanto, uma vez reposto o stock necessário, a situação poderá voltar à normalidade, daí que a directora do Banco de Sangue lança um apelo para que as pessoas doem sangue para viabilizar as actividades hospitalares que dependem daquele líquido vital.
Refere ainda que, para a satisfação na totalidade da demanda do HCM, precisa-se em média de três mil unidades de sangue mensal, contra os actuais dois mil. Porém, podem doar sangue homens com idades compreendidas entre 16 a 65 anos e mulheres com idades compreendidas entre 16 a 60 anos desde que estejam saudáveis. (Marta Afonso)
Foi através de um comunicado de imprensa, que a Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) reagiu à morte de 11 pessoas, entre os dias 04 e 05 de Fevereiro último, numa área de mineração concessionada à empresa mineradora Montepuez Ruby Mining (MRM), em Namanhumbir, distrito de Montepuez, província de Cabo Delgado.
Segundo a OAM, “estas ocorrências recorrentes causam indignação, pois, é de domínio público e das autoridades que o garimpo ilegal é ali praticado, mas não são tomadas preventivas adequadas”, recordando que, em 2019, 14 garimpeiros ilegais morreram soterrados, devido ao desabamento da mina, na mesma zona.
A OAM diz estar à espera que as autoridades governamentais e outras entidades relevantes realizem um trabalho, com vista à investigação dos cabecilhas e intermediários dos referidos sindicatos, para evitar a exploração das camadas vulneráveis e perda de vidas de inocentes.
Recorde-se que, no seu comunicado de imprensa, publicado a propósito da tragédia verificada naquela zona, a MRM afirmou que “os mineradores ilegais são normalmente controlados por sindicatos e intermediários que tiram vantagens da pobreza e desemprego, através de financiamento de jovens em transporte, comida e acomodação nas áreas concessionadas à empresa”.
A organização liderada por Flávio Menete revela que a Comissão de Direitos Humanos da agremiação criou uma equipa de trabalho que se deslocará ao local dos factos para apurar os contornos da situação.
Lembre-se que a tragédia de Namanhumbir ocorreu, primeiro, na manhã do dia 04 de Fevereiro, onde um cidadão perdeu a vida e outro contraiu ferimentos. Na noite do mesmo dia, mais dois cidadãos perderam a vida nas mesmas circunstâncias e, no dia 05, outro desabamento ceifou oito vidas e fez vários feridos. Das vítimas, 10 são da província de Nampula e uma proveniente da Guiné-Bissau. (Carta)
Membros e simpatizantes da Renamo, na província de Nampula, manifestaram, recentemente, a sua indignação pelo rumo que o partido está a tomar e acusaram a direcção do segundo maior partido político do país de os ter enganado e traído durante o período eleitoral e pós-eleitoral.
De acordo com os contestatários, que manifestaram a sua indignação perante o Secretário-Geral do partido, André Magibiri, durante um comício popular orientado por aquele político, tudo se deve ao facto de a direcção da Renamo, liderada pelo General Ossufo Momade, ter prometido não aceitar os resultados eleitorais de 15 de Outubro último, que os consideravam fraudulentos.
Outra promessa, segundo os simpatizantes da Renamo, em Nampula, tem a ver com a alegada melhoria das condições de vida e mais emprego dos mesmos, prometidas caso aquela formação política ascendesse ao poder, algo que não mais aconteceu.
Os manifestantes entendem que o partido nada fez e nem tem feito para reivindicar a alegada vitória, principalmente, na província de Nampula, onde julgam que a Renamo tenha vencido as eleições.
Na sua intervenção, o Secretário-Geral da Renamo, André Magibiri, disse que a fraude eleitoral já era previsível, desde o processo do recenseamento eleitoral, contudo, garantiu que não cabia a si dar uma resposta sobre a posição do partido, relativamente aos resultados das III Eleições das Assembleias Provinciais – em que os simpatizantes da Renamo acreditam ter eleito os governadores da sua formação política – mas, sim, a Ossufo Momade.
Lembre-se que a direcção da Renamo manifestara a 21 de Outubro de 2019, em Maputo, para avaliar o decurso das VI Eleições Gerais e III das Assembleias Provinciais, em que decidiu não aceitar os resultados, assim como desencadear uma onda de manifestações em todo o país, uma acção que não mais se materializou. A única acção pública testemunhada foi a tomada de posse dos seus 69 deputados na Assembleia da República, no dia 1e de Janeiro. (Carta)