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BCI
terça-feira, 21 janeiro 2020 07:10

Zona centro do país sob “alto risco de inundações”, alertam autoridades

As províncias de Sofala e Zambézia estão sob influências de baixas pressões. Desde o dia 19 do corrente mês, a cidade da Beira tem estado a registar chuvas intensas com cerca de 124 milímetros de precipitação, descargas atmosféricas, trovoadas severas, e registo de ventos com rajadas, segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (INAM).

 

De acordo com o representante do INAM, Acácio Tembe, em Manica também há registo de chuvas e as previsões mostram que as precipitações poderão continuar.

 

“Neste momento, o sistema está a movimentar-se para o norte e, a partir do final desta segunda-feira, vai começar a afectar a província da Zambézia, Tete, assim como a parte sul da província de Nampula, onde também estão previstas chuvas intensas acima de 100 milímetros de precipitação em 24 horas. Este sistema vai manter-se estacionário durante os próximos três dias, o que significa que até ao dia 22 do corrente mês, principalmente para a cidade de Quelimane e toda a província da Zambézia estarão sob fortes chuvas intensas’’.

 

Diante deste cenário, as projecções mostram que este sistema poderá fazer o movimento para o mar encostando-se à Ilha de Madagáscar. As projecções mostram também que este sistema poderá chegar à depressão tropical quando ele já tiver chegado a Madagáscar e poderá igualmente trazer muita chuva para aquele país. Entretanto, a partir dos dias 23 e 24, este sistema já não originará a queda de chuvas abundantes naquele país, mas, não se descarta a possibilidade dele fazer uma viragem e retornar a Moçambique, razão pela qual deve-se fazer a monitoria cerada para se ver as condições do mar, e para o que poderá acontecer depois deste movimento.

 

Face a esta situação, o Chefe do Departamento das Bacias Hidrográficas, Agostinho Vilanculos, referiu que as previsões hidrológicas que indicavam a probabilidade de ocorrência de cheias no regime moderado a alto, em alguns locais altos, sobretudo nas bacias dos rios Búzi, Púnguè e Licungo, e para as cidades da Beira e Quelimane. Importa referir que neste momento, já existem alguns bairros inundados na cidade da Beira.

 

“A chuva vai continuar na Beira e esta situação pode agravar-se cada vez mais. Portanto, apelamos para as populações residentes nos bairros propensos a inundações para que se retirem imediatamente, visto que na noite desta segunda-feira a situação poderá agravar-se”, referiu.

 

Bacia do Licungo acima dos níveis de alerta

 

As previsões mostram que, a partir da noite desta segunda-feira, a cidade de Quelimane poderá registar inundações urbanas de regime moderado a alto, o que poderá agravar a sua situação. Nestas áreas apela-se aos automobilistas para que evitem fazer-se às ruas, porque há previsão de cheias nos rios e a grande preocupação é para a bacia do Licungo.

 

Com base nesta situação, Vilanculos explicou que, neste momento, a bacia do Licungo encontra-se com os níveis altos e com volumes muito altos, e que qualquer quantidade de precipitação acima dos 100 milímetros poderá ser fatal, visto que o rio poderá incrementar rapidamente e começar a transbordar – o que se torna deveras preocupante visto que há dois dias consecutivos que está a chover muito. Isso é bastante para uma bacia que já vem recebendo precipitação desde o mês de Dezembro. É mais preocupante, sobretudo para os distritos de Namacurra e Maganja da Costa, para onde é lançado um apelo para que as populações saiam imediatamente desses locais.

 

A fonte disse ainda que se chama também a atenção aos automobilistas sobre o ponto na EN1 onde existe a ligação entre Mocuba e o posto administrativo de Mugeba, visto que se a bacia do Licungo transbordar poderá afectar aquela zona.

 

Com base nas previsões acima indicadas, o porta-voz do Centro Operativo de Emergência (CENOE), Paulo Tomás, referiu que, do trabalho que está a ser feito no terreno, já foram retiradas cerca de 20.000 pessoas e que parte destas se encontram alojadas nos centros de acolhimento previamente criados. Deste número, cerca de 2000 pessoas foram a estes centros e a outra parte, tendo em conta o trabalho prévio de sensibilização, foram fixar-se em locais seguros, enquanto outras, ainda, se encontram em casa dos familiares.

 

Desde que iniciou a época chuvosa há registo de haverem cerca de 12.000 famílias afectadas, o que corresponde a um universo de cerca de 58.000 pessoas. O número de pessoas retiradas das zonas de risco poderá sofrer um incremento uma vez que as equipas do INGC estão ainda no terreno a fazer o levantamento.

 

Assim sendo, tendo em conta as doenças de origem hídrica, o sector da saúde já activou os seus comités e iniciou com o processo de distribuição do cloro. Por sua vez, o sector da educação já iniciou com a distribuição do livro escolar em locais considerados críticos.

 

Por conta das chuvas que caíram entre sábado e domingo na província de Maputo, registou-se a morte de quatro pessoas (em Boane e na Matola), tendo subido de 12 para 16 o total de óbitos, na presente época chuvosa, nesta província. Das quatro pessoas que perderam a vida, duas morreram devido a descargas atmosféricas, uma por arrastamento das águas e outra por electrocução. A nível das províncias já existem brigadas para trabalharem com a monitoria e prontidão, face à presente época. (Marta Afonso)

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