Duas semanas após a realização das VI Eleições Gerais e III das Assembleias Provinciais, a população do distrito de Morrumbala, na província da Zambézia, ainda vive incertezas e medo de reviver os tristes episódios de 2015, em que maior parte dela teve de abandonar suas residências e bens, devido à eclosão do conflito político-militar em algumas localidades, como a de Sabe, onde a nossa reportagem esteve nesta quinta-feira (31 de Outubro).
Em entrevista ao nosso Jornal, alguns cidadãos, que pediram anonimato, disseram-nos que viviam em constante medo e alerta, pois, os ataques que se vivem na zona centro do país lembram-lhes os ataques a propriedades públicas, privadas e cidadãos que circulavam ao longo da estrada que liga Morrumbala e outros distritos.
O medo, contam, deriva das constantes movimentações das Forças de Defesa e Segurança (FDS) naquele distrito, desde a realização das Eleições Gerais e das Assembleias Provinciais, no passado dia 15 de Outubro.
Conforme constatamos e nos afiançaram, a concentração de agentes das FDS na localidade de Sabe deve-se ao facto de a mesma estar a 18 Km da base da Renamo, naquele ponto do país, denominada "Raposo", onde a circulação é bastante restrita (é preciso autorização prévia dos homens residuais da Renamo para circular na referida região).
À “Carta”, um indivíduo que se identificou como responsável do sector da cultura naquela localidade, mas sem dizer o nome, desdramatizou a situação, afirmando que tudo estava tranquilo e que não havia ameaças naquele ponto do país. Garantiu ainda que mesmo o ambiente eleitoral decorreu de forma tranquila.
Entretanto, percepção diferente têm os habitantes daquela localidade, assim como da Vila-Sede, que dizem estar sempre em alerta, por temer o retorno ao conflito, uma vez que regressaram há sensivelmente três anos às suas habitações, tendo recomeçado as suas vidas.
Testemunhas oculares do último conflito político-militar, contam que grande parte dos residentes daquela região perdeu bens e dinheiro porque, a cada deslocação, os militares de ambas partes cobravam valores monetários e, caso alguém não tivesse, ficava naquele posto de fiscalização, seja das FDS, como das Forças Residuais da Renamo.
Tal como o “responsável” pela Cultura na Localidade de Sabe, o porta-voz do Comando Provincial da PRM, na Zambézia, Sidner Lonzo, garante não haver agitação relacionada com os resultados das Eleições de 15 de Outubro, em todos os distritos da província, e que todos os acontecimentos dos últimos dias, em alguns distritos, não estão relacionados com o escrutínio do último dia 15 de Outubro.
Em entrevista à Rádio Moçambique, Sidner Lonzo disse: "na província da Zambézia, em todos os quadrantes, em todos os povoados, a PRM está a garantir a segurança das pessoas e seus bens, e que não havia nenhuma insurgência relacionada com o descontentamento dos resultados eleitorais".
Conforme "Carta" constatou em Sabe, o ambiente é de total discrição, porque teme-se pelo pior, tendo em conta os últimos ataques em Sofala e Manica. (Omardine Omar, na Zambézia)