As enchentes que se têm verificado no Hospital Central de Maputo-HCM, nos serviços de adultos e de pediatria, estão a interferir no seu funcionamento e muitos pacientes que para lá se dirigem não reúnem critérios de atendimento, disse esta quinta-feira (23) um responsável da maior unidade sanitária do país.
Segundo o Médico Chefe dos Serviços de Urgência de Adultos do HCM, Justino Madeira, por regra, o HCM, como uma unidade sanitária de referência nacional, só deve atender doentes que vêm transferidos de outras unidades sanitárias, mas, contrariamente a esta norma, são atendidos todos os doentes que dão entrada, o que acaba resultando em superlotação.
Madeira explica que a situação tende a agravar-se nesta época quente e chuvosa em que se registam muitos casos de doenças crónicas, diarreicas, respiratórias e complicações resultantes de diversos tipos de trauma.
Como exemplo, Madeira disse que, em épocas normais, os serviços de urgências de pediatria atendem em média 150 a 200 pacientes por dia, contra os 500 que se registam em momentos de pico.
Por outro lado, nas urgências de adultos, vulgarmente conhecidas por Banco de Socorros, são atendidos, em média, 300 doentes por dia, número que chega a ascender o dobro em momentos de muita procura.
Entretanto, segundo explicou o Médico Chefe dos Serviços de Urgência de Adultos, durante a triagem, os doentes são separados em três grupos distintos, sendo que, primeiro são atendidos os que apresentam risco iminente de vida, seguido por aqueles cuja condição clínica permite que aguardem por trinta minutos e finalmente são observados os restantes.
Assim sendo, Madeira diz que o facto de o doente chegar em primeiro não significa que será o primeiro a ser atendido, sublinhando que é normal o doente esperar longas horas, por não reunir o critério de urgência, sendo que, devido ao desconhecimento deste critério, muitos doentes têm se queixado.
Neste âmbito, Madeira apela à população a priorizar os serviços de saúde periféricos disponíveis nos centros de saúde, hospitais gerais e provinciais, por disporem de condições logísticas adequadas para atender a complicações de saúde de menor complexidade e por forma a reduzir a pressão sobre o HCM. (Marta Afonso)