O Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) de Moçambique admitiu o envolvimento de funcionários da administração da justiça em sequestros que ocorrem no país, afetando principalmente empresários ou seus familiares.
“Preocupa-nos o envolvimento de pessoas do ciclo familiar, empresarial e de amizade, bem como de alguns funcionários dos órgãos da administração da justiça que colaboram na prática do crime de sequestro”, disse Nelson Rego, diretor geral do Sernic, citado pela Agência de Informação de Moçambique.
O diretor geral do Sernic reconheceu ainda a complexidade para o esclarecimento dos raptos, fazendo menção ao modo de operação dos raptores e aos “meios e métodos usados no processo de negociação do resgate”.
Além dos raptos, Nelson Rego apontou ainda o combate ao branqueamento de capitais, ao crime organizado, financiamento do terrorismo, como alguns dos desafios do Sernic, visando “tirar Moçambique da linha cinzenta”.
Maputo e outras cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser palco de uma onda de raptos desde 2020, visando principalmente empresários ou seus familiares.
Moçambique registou 13 raptos em 2022 e 33 detenções ligadas aos crimes, de acordo com os mais recentes dados avançados pelo Sernic.
A procuradora-geral da República, Beatriz Buchili, referiu em maio que “alguns” agentes da polícia, investigadores, advogados e magistrados são suspeitos de envolvimento nos raptos, acrescentando que os crimes têm vindo a aumentar e que nalguns casos há ramificações com a África do Sul.
A magistrada disse que há vítimas “constantemente chantageadas”, mesmo depois de libertadas, para pagarem quantias em dinheiro para garantir que não voltam a ser raptadas.(Lusa)