Um grupo de terroristas escalou na manhã desta quarta-feira (10) a aldeia Cagembe, Posto Administrativo de Bilibiza, distrito de Quissanga, em Cabo Delgado e juntou-se à população na sua maioria muçulmana na celebração do Eid-Ul-Fitre, que marca o fim de 30 dias de jejum durante o mês do Ramadão.
Fontes residentes em Pemba que mantiveram contactos telefónicos com familiares em Cagembe disseram que os terroristas permaneceram na aldeia até ao meio-dia, sem causar actos de violência contra a população.
"Não temos muitos detalhes, mas é verdade que rezaram com a população", disse uma fonte, acrescentando que o mesmo grupo passou na terça-feira da aldeia Namaluco, ainda no distrito de Quissanga.
Outras fontes informaram à "Carta" que, na aldeia Namaluco, os terroristas feriram uma pessoa após tentativa de fuga quando o grupo escalou o seu campo de produção. A vítima foi atendida no Centro de Saúde de Macomia-sede e mais tarde transferida à cidade de Pemba.
"Sim confirmo. A vítima foi atingida com bala e está no hospital, mas não muito grave", relatou Saide Chafim, residente do bairro Napulubo, na vila de Macomia.
Macomia é uma das zonas que acolheu muitas famílias de Namaluco, quando decidiram abandonar a região devido aos ataques terroristas. Ainda na aldeia Namaluco, relatos indicam que pelo menos cinco jovens foram raptados pelos terroristas, supostamente para ajudar a carregar alguns dos seus pertences. (Carta)
Médico de profissão, ex-Primeiro-Ministro no segundo mandato do antigo presidente Armando Guebuza, Alberto Vaquina, quebra o silêncio e diz que o Governo anterior teria tido uma reacção atempada em relação ao recente naufrágio de Nampula, no qual morreram cerca de cem pessoas.
A tragédia ocorreu no último fim-de-semana ao largo da Ilha de Moçambique e Alberto Vaquina faz uma comparação entre o Governo do Presidente Guebuza e o actual, liderado por Filipe Nyusi, que está quase à porta de saída da Ponta Vermelha.
Vaquina, por coincidência natural de Nampula, reagia ao comunicado emitido tardiamente pela Presidência da República sobre o naufrágio na Ilha de Moçambique, contendo erros em relação ao número de mortos e o trajecto tomado pela população que naufragou.
Numa conversa exclusiva ao CIPCAST, um programa do Centro de Integridade Pública (CIP), liderado pelo Jornalista Raul Massingue, o antigo Primeiro-Ministro declarou: o que tenho a dizer é que o processo de coordenação na tomada de decisões é muito importante. E é por isso que é mais fácil dar alguma autonomia a quem está no terreno como é o caso do chefe da Localidade, do chefe do Posto Administrativo, do Administrador, do Governador, do Secretário do Estado e mesmo membros da Frelimo, que poderiam rapidamente, ligando para Lunga, saber o que aconteceu e dizer, olha, aqui aconteceu uma tragédia e ainda não temos os números, mas oportunamente havemos de comunicar-vos.
“A Frelimo já fez melhor do que isso e existem experiências, não precisamos de importar experiências nem de passados duvidosos, nem experiência dos outros, antes de esgotarmos a nossa própria experiência”.
Vaquina foi mais assertivo: “Nós somos a Frelimo e a mesma vem de uma grande experiência de governação que tem que servir de inspiração para que nós os mais novos, os que agora assumem os destinos do país, saibamos como lidar com as matérias mais sensíveis”.
Acompanhe a seguir os excertos da conversa em que Vaquina, apontado nos bastidores como candidato presidencial, comenta sobre os dois governos, o do anterior presidente Armando Guebuza e o actual de Filipe Nyusi, assim como a forma como os assuntos do povo são tratados pelos dirigentes.
Raul Massingue (RM): Doutor Vaquina está a fazer críticas abertas aos seus colegas do partido Frelimo. Como membro do partido, como pode ser recebida essa crítica?
Alberto Vaquina (AV): Raul não entendeu aquilo que eu disse. Eu disse que as nossas estruturas locais do partido, provavelmente, não tiveram as instruções para agir. O problema é estar à espera de instruções.
RA: Quem devia dar instruções?
AV: Não precisavam de instruções. O partido está na célula. Quem sabe como a Frelimo está organizada, a Frelimo está ao nível da base, bastava um telefonema para dizer: vejam o que se passou, nós queremos fazer uma reacção preliminar, que essas informações chegariam. É preciso dar poder a quem está lá, em vez de perder tempo a ver quem governa mais, quem enriquece mais. O que nos interessa é tomar conta do povo moçambicano.
RM: De certa forma, está a falar sobre o modelo de centralização, a questão do poder local que não tem o poder que devia ter?
AV: Não foi isso que eu disse. Eu disse que o poder local tem que ter os instrumentos que lhe permitam tomar as decisões, e quem dá esses instrumentos é o Governo da República, o Conselho de Ministros, no caso daquilo que se diz a gestão do Estado. No que diz respeito à gestão do partido, é o Secretário-Geral da Frelimo e o próprio Presidente da República que poderiam ter dado essas instruções ao nível mais baixo. Não no momento em que as coisas aconteceram, na forma como as estruturas do nosso partido estão a trabalhar no dia-a-dia, porque se no dia-a-dia não estamos devidamente organizados, no dia em que precisarmos da nossa organização para salvarmos vidas, ou para nós próprios, estaremos numa situação complexa que pode pôr em perigo a nossa vida, e nessa altura seremos obrigados a improvisar.
RM: Dr. Vaquina está a dizer que há uma instrução que deveria ter sido dada e não foi dada?
AV: O que eu estou a dizer é que, na organização normal na tua família, as pessoas sabem que quando acontece qualquer coisa, o fulano é que irá avisar o beltrano, porque as famílias funcionam normalmente.
RM: E neste momento não está a funcionar normalmente?
AV: Olha para os resultados e diz-me se funcionam. Porque Raul também é moçambicano e tem olhos para ver. Porque tem que ser o Vaquina a dizer aquilo que é óbvio para todos ou porque teria que ser o CIP a dizer aquilo que é óbvio para todos. A questão é que, do meu ponto de vista, as coisas não estão a ser feitas de modo que se possa sugerir que há uma organização prévia que está habituada a lidar com situações difíceis.
RM: Foi nomeado Primeiro-Ministro no segundo mandato do Presidente Guebuza. Encontra diferenças entre o anterior Governo em que foi Primeiro-Ministro e este?
AV: No tempo em que fui Primeiro-Ministro, eu sabia que havia entre os membros do Governo um entrosamento tal que, em muito pouco tempo, éramos capazes de obter as informações desejadas. Não estamos a dizer que éramos perfeitos, mas o que estamos a dizer é que este país está habituado a melhor organização, e se está habituado a isso, é tempo de dizermos que nós não merecemos este tipo de desorganização.
RM: Em outras palavras, o Dr. Vaquina está a dizer que no anterior governo havia mais organização e neste não?
AV: Estou a dizer para olhar para os resultados. Da forma como as coisas acontecem, sou levado a acreditar que há muitos aspectos da nossa vida pública, como cidadãos, como comunidades, que poderiam ser geridos da melhor forma, com muito mais cautela e não de forma atabalhoada, e nem de forma a colocar as pessoas de forma periférica em relação aos seus direitos e deveres.
RM: Acha que o país progrediu ou não desde que saiu do Governo em 2015, como Primeiro-Ministro?
AV: Vendo os planos económicos e sociais que havia na altura e analisando os actuais, é fácil concluir que nós deixamos o dólar valendo cerca de 30 Mts. Nós deixamos os combustíveis a serem subsidiados pelo Governo, de modo que o peso dos choques externos não incida sobre o pobre cidadão, que já em si é vulnerável a essas políticas que têm vindo a ser adoptadas, que espezinham a sua vontade de criação e não dão vontade a que a economia possa desabrochar e ser uma economia verdadeiramente robusta, através da qual se possa encontrar meios, tendo em conta as várias necessidades que existem para podermos aliviar o sofrimento das pessoas mais empobrecidas.
RM: Em suma, o Dr. Vaquina está a dizer que o país estava melhor no tempo do seu Governo que agora?
AV: Em suma, estou a dizer que qualquer leitor que saiba interpretar números pode pegar nos anteriores e nos actuais para verificar se no meu Governo havia mais produção do que no actual, ou se no actual haverá mais produção. Isso não precisa de nenhum cientista e nem perito de estatística, é só uma comparação de números, que qualquer cidadão pode fazer. E nas páginas do Governo existem vários planos económicos e sociais e o cidadão tem o direito de visitar e ler e fazer comparações com o que se produzia e o que se produz agora.
RM: Falou que no Governo em que foi Primeiro-Ministro havia mais coordenação. A descoordenação que alega existir agora é uma questão de liderança ou sabotagem, como é que explica?
AV: De uma forma geral, sempre que há um problema, temos de perguntar de onde vem o problema, e se há um problema que acontece apenas no local e não acontece nos outros locais, podemos dizer que a culpa é de quem lá está. Mas se os problemas acontecem mais ou menos de forma sistemática em todo o lado, é preciso ver o que essas entidades têm em comum. Têm em comum a fonte de onde vem o seu poder. Portanto, devem estar a beber da mesma fonte que pode estar inclinada.
RM: Em outras palavras, o Dr. Vaquina está a dizer que é um problema de liderança?
AV: Eu não vou ser directo por uma questão de respeito pessoal pela sua inteligência. Eu prefiro que veja os dados e compare. Eu não posso estar a fazer tudo para entregar a um adulto, quando este pode ter sua própria opinião. (Marta Afonso)
Filipe Nyusi, garantiu ontem que o Governo está empenhado em evitar que se repita a tragédia de domingo, ao largo de Nampula, no norte, em que morreram 98 pessoas no naufrágio de um barco de pesca.
“Nós perdemos naquele barco que saiu daqui e ia para a Ilha [de Moçambique] 98 pessoas (…) O problema aqui, daquilo que percebemos, é que viajaram num barco de pescar”, começou por dizer, ao dirigir-se à população do Posto Administrativo de Lunga, província de Nampula, para onde viajou hoje.
“Não podemos evitar o que aconteceu. Mas estamos convosco e estaremos convosco”, insistiu o chefe de Estado.
Filipe Nyusi acrescentou que “viajaram muitas pessoas” naquele barco, com capacidade para apenas “15 ou 20”, mas prometeu medidas no futuro.
“O que vamos fazer é procurar formas para evitar que estes problemas possam surgir mais amanhã”, disse ainda o Presidente da República.
O acidente matou 98 pessoas, incluindo 55 crianças, 34 mulheres e nove homens, havendo registo de 16 sobreviventes entre os cerca de 130 que seguiam a bordo.
De acordo com as autoridades marítimas moçambicanas, a embarcação de pesca não estava autorizada a transportar passageiros nem tinha condições para o efeito e as pessoas que transportava fugiam a um surto de cólera no continente, com destino à Ilha de Moçambique, tendo o naufrágio acontecido a cerca de 100 metros da costa.
O dono e um responsável pela embarcação, que partiu no domingo de Lunga, distrito de Mossuril, com destino à Ilha de Moçambique, estão detidos, disse à Lusa a porta-voz da polícia na província de Nampula, Rosa Chaúque.
O Provedor de Justiça de Moçambique, Isaque Chande, também apelou hoje ao Governo para melhorar as condições de transporte no país, por via marítima, face ao naufrágio em Nampula.
“Encorajamos, deste modo, o Ministério dos Transportes e Comunicações para, através dos seus canais de comunicação, reforçar a fiscalização e adotar medidas para o melhoramento das condições nas quais os nossos compatriotas são transportados por via marítima, em particular, para que se evitem tragédias similares no futuro”, lê-se numa mensagem de condolências do Provedor de Justiça, assumindo-se “consternado” com o naufrágio em Nampula.
Na sequência da tragédia, o Conselho de Ministros de Moçambique decidiu decretar luto nacional de três dias, a partir das 00:00 do dia 10 de abril até às 24 horas do dia 12 de abril.
O Conselho de Ministros decidiu ainda criar uma comissão de inquérito para aprofundar as circunstâncias, causas e responsabilidades em relação ao acidente e submeter recomendações ao Governo, disse o porta-voz do executivo, Filimão Suaze, em conferência de imprensa no final da reunião.
Em relação à desinformação sobre a cólera que levou a uma fuga das pessoas vítimas do naufrágio, o porta-voz do Governo defendeu a “intensificação” das campanhas de educação e sensibilização das comunidades sobre as causas e tratamento da doença.
As Nações Unidas anunciaram o envio de uma equipa para apoiar as autoridades moçambicanas e prestar ajuda aos sobreviventes.(Lusa)
A população montou barricadas, troncos, sucatas e pedras desde a noite de segunda-feira (08) até às primeiras horas desta terça-feira (09) na estrada circular, entre a segunda e terceira rotundas, no bairro de Matlemele, na província de Maputo.
A intervenção popular também condicionou a circulação normal de veículos na estrada circular, entre a segunda e terceira rotundas no bairro de Matlemele, província de Maputo. A população bloqueou a estrada e arremessou pedras para os automobilistas que tentavam fazer-se à estrada à força, o que levou muitos automobilistas a recuar enquanto outros procuravam por vias alternativas.
Os moradores das proximidades da “circular” alegam que bloquearam a estrada como forma de pressionar a concessionária, Rede Viária de Moçambique (REVIMO), a colocar valas de escoamento das águas pluviais que se concentram nas suas residências.
Eduardo Munguambe disse à “Carta” que as várias tentativas de diálogo com a REVIMO ainda não surtiram efeito.
“Desde que esta estrada foi construída só nos veio trazer problemas. Ela tem uma elevação acima do normal e acabou deixando nossas casas em baixo e, quando chove, as águas atingem as nossas casas e bloqueiam as vias de acesso às nossas residências”, disse.
Marla Matongue, outra moradora do bairro de Matlemele, disse que a solução passa pela colocação de valas de drenagem.
“Não estamos a pedir muito. Queremos apenas que oiçam o nosso grito de socorro. A água que vem da circular impede-nos de sairmos de casa e os nossos filhos acabam perdendo aulas por dificuldades de acesso às escolas. Exigimos drenagens e isso não custa muito para REVIMO porque todos os dias faz dinheiro com as portagens que colocaram nas estradas”.
A circulação dos veículos só foi retomada ontem depois de algumas horas, mas os manifestantes continuaram no local por muito tempo.
Lembre que esta não é a primeira vez que a população bloqueia a circular de Maputo. Pouco depois das chuvas intensas que caíram nos últimos dias do mês de Março, os residentes das proximidades da primeira rotunda, para quem vem do Zimpeto, também bloquearam a estrada circular naquela área, exigindo uma vala para drenar as águas das chuvas, mas até aqui, nada foi feito. (M.A)
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) diz ainda enfrentar dificuldades para ter combustível para abastecer as viaturas, de modo a prestar assistência técnica às brigadas de recenseamento eleitoral, que decorre no país desde o passado dia 15 de Março e que termina no próximo dia 28 de Abril. A informação foi avançada esta terça-feira, em Maputo, pelo porta-voz do órgão, Paulo Cuinica, em conferência de imprensa de actualização dos dados do recenseamento eleitoral.
Segundo Cuinica, em causa está a falta de dinheiro e as dívidas contraídas pelos órgãos eleitorais durante as eleições autárquicas de 2023, “ganhas” pela Frelimo em 60 municípios, de um total de 65 existentes no país. Tal facto, diz a fonte, está também a afectar o fornecimento de bens e serviços; e o pagamento dos subsídios dos membros dos órgãos eleitorais, dos agentes eleitorais (agentes de educação cívica e brigadistas) e agentes de protecção das brigadas.
Sem revelar o défice que, actualmente, é enfrentado pelos órgãos eleitorais, Cuinica revelou que o Ministério da Economia e Finanças, entidade responsável por fazer os desembolsos, “já veio cá [na CNE] dizer que não há dinheiro”. Portanto, “há dificuldades que estamos a enfrentar, mas estamos a avançar, à medida que estas dificuldades vão sendo ultrapassadas”, garantiu Cuinica, aos jornalistas.
Lembre-se que, em Fevereiro último, os órgãos eleitorais anunciaram estarem a enfrentar um défice de 13.4 mil milhões de Meticais, de um total de 19.9 mil milhões de Meticais necessários para organizar as eleições gerais de 9 de Outubro próximo.
Para além de problemas financeiros, o recenseamento eleitoral está a ser afectado pelas chuvas e pela insegurança na província de Cabo Delgado. As chuvas que caiem na região sul levaram ao encerramento de cinco postos e uma brigada de recenseamento eleitoral na Cidade de Maputo; oito brigadas no Município da Matola; e uma brigada no distrito da Manhiça (província de Maputo).
Igualmente, há registo de 21 postos de recenseamento que ainda não abriram as portas desde o início do processo. Dois postos estão na província de Gaza (distritos de Chibuto e Massingir), sendo afectados pelo conflito homem/animal. Os restantes postos de recenseamento estão na província de Cabo Delgado, concretamente no distrito de Quissanga, onde há dificuldades de transitabilidade nas vias de acesso, conjugadas com a situação de insegurança.
Na província de Inhambane, “o acesso a alguns postos de recenseamento eleitoral, nos distritos de Mabote, Panda, Funhalouro, Inhassoro e Govuro, é feito de forma precária e sob imensos cuidados”, relata a fonte, garantindo que o registo de paralisações e solicitações de assistência baixou drasticamente a partir da primeira semana.
Apesar destes relatos, o porta-voz da CNE defende que, até ao momento, não se equaciona a possibilidade de se prorrogar o recenseamento eleitoral, sendo que tal decisão dependerá da evolução do processo.
De acordo com a CNE, decorridos 24 dias de recenseamento, foram inscritos 4.379.750 eleitores, correspondendo a 58,44% dos eleitores previstos em todo o país. Juntando os dados de 2024 com os de 2023, os órgãos eleitorais já recensearam 12.642.248 de eleitores, correspondentes a 78% do universo total previsto (16.217.816). No estrangeiro, onde o processo iniciou no passado dia 30 de Março, já foram registados 71.614 eleitores (26% do total).
“Esta evolução do número de recenseados corresponde ao esperado, havendo, ainda, que levar em conta a habitual aceleração com o decorrer do prazo”, defende Cuinica, garantindo que o número não corresponde à realidade, visto que há brigadas que, por dificuldade de comunicação, ainda não forneceram os seus dados.
Refira-se que, para a realização do recenseamento eleitoral, os órgãos eleitorais aprovaram 6.330 brigadas de recenseamento eleitoral, sendo 6.033 no território nacional e 297 no estrangeiro. Igualmente, aprovaram 9.165 postos de recenseamento eleitoral, sendo 8.774 para o território nacional e os restantes 391 para o estrangeiro. (Carta)
A retirada do contingente das Forças de Defesa do Botswana (BDF) da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em Moçambique (SAMIM), na semana passada, foi a primeira saída do país contribuinte de tropas (TCC) antes do encerramento da missão em Julho, três anos após o seu destacamento para Cabo Delgado.
O contingente do BDF, segundo o Oficial de Operações de Informação Pública da SAMIM, Capitão Tshepiso Mantjane, estava operacional em Cabo Delgado desde Outubro do ano passado e, juntamente com outros TCCs, fazia parte de operações ofensivas para neutralizar terroristas, bem como participar em projectos de rápido impacto. Estas são iniciativas para melhorar a vida dos residentes locais que regressam à casa depois de terem sido deslocados por acções terroristas.
O Chefe em exercício da SAMIM Shikongo Shikongo e o Comandante da Força da SAMIM, Major General Patrick Dube, destacaram o “compromisso, resiliência e determinação” do contingente do Botswana num desfile de despedida realizado no passado dia cinco de Abril.
Outros países que contribuem com tropas (TCC) para a missão multifacetada da SADC em Moçambique são Angola, Botswana, República Democrática do Congo (RDC), Lesotho, Malawi, África do Sul, Tanzânia e Zâmbia.
O mandato da SAMIM inclui o apoio a Moçambique no combate ao terrorismo e aos actos de extremismo violento em Cabo Delgado. Outros pontos do mandato são o fortalecimento e manutenção da paz e segurança, a restauração da lei e da ordem nas áreas afectadas de Cabo Delgado e o apoio a Moçambique, em colaboração com agências humanitárias, na prestação de ajuda humanitária aos moçambicanos afectados por actividades terroristas, incluindo pessoas deslocadas internamente (PDI).
A Ministra dos Negócios Estrangeiros, Verónica Macamo, foi até à data a única pessoa a fornecer uma razão para o encerramento da SAMIM. No fim de Março, ela teria dito que a SAMIM partiria em Julho devido à falta de fundos.
“A SAMIM está a enfrentar alguns problemas financeiros. Também temos que cuidar das nossas próprias tropas e teríamos dificuldade em pagar pela SAMIM”, disse ela à imprensa local na capital da Zâmbia, Lusaka. “Nossos países não estão a conseguir arrecadar o dinheiro necessário”.
Macamo falava após uma reunião entre o Presidente Filipe Nyusi e o seu homólogo zambiano, Hakainde Hichilema, actual presidente do órgão de Cooperação em Política, Defesa e Segurança da SADC. Macamo disse à imprensa que, dadas as suas limitações orçamentais, o bloco regional da África Austral optou por priorizar a sua missão na RDC (SAMIDRC) à frente da SAMIM.
O Ruanda, entretanto, planeia enviar mais tropas para Moçambique. O Brigadeiro General Patrick Karuretwa, chefe de cooperação internacional nas Forças de Defesa do Ruanda (RDF), disse a jornalistas em Kigali que soldados ruandeses adicionais ajudariam a preencher a lacuna deixada pela saída da SAMIM, informou o News24.
Embora a violência em Cabo Delgado tenha diminuído, registaram-se picos recentes este ano, com ataques no sul da província causando o deslocamento de milhares de pessoas. Desde 2017, o conflito deslocou internamente um milhão de pessoas e resultou em 5 000 mortos. (Defenceweb)